terça-feira, 23 de setembro de 2014

O invicto Newell's Old Boys arranca um empate contra o irregular Racing em Avellaneda

A fanática torcida do Racing parece destinada a vagar continuamente entre o céu e o inferno. Como de praxe, La Acade foi do êxtase a agonia em apenas sete rodadas, sintetizado pela ilusória vitória diante do San Lorenzo na segunda rodada - flamante campeão da América - que proporcionou acariciar a liderança do Torneio Transición até a derradeira depressão pós-derrota frente ao Independiente. Depois do revés no derbi de Avellaneda, o Racing encarrilhou dissabores - perdeu para o Lanús e foi derrotado parcialmente por 1 a 0 contra o Boca até o jogo ser adiado por causa da forte chuva que se abateu em La Bombonera - além da eliminação na Copa Argentina frente ao Argentinos Juniors.

Apesar da bronca e da chacota, a Guardia Imperial lotou os setores populares do Cilindro de Avellaneda para dar seu apoio incondicional no duro confronto contra o Newell's Old Boys. Com aquela louvável arrogância de atuar como se estivesse no Coloso del Parque, os leprosos começaram o jogo rodando a bola de pé em pé, com a cadência requerida para ditar o ritmo de jogo.


É sabido, que desde os tempos de Tata Martino, o Newell's atua no 4-3-3. Nesta noite não foi diferente, e assim, vimos Maxi Rodriguez com bastante mobilidade, saindo da ponta esquerda em diagonal para trocar de posição constantemente com Nacho Scocco. O centroavante, de passagem fugaz pelo Inter, também flutuava aos borbotões, confundindo a frágil defesa racinguista.

Os primeiros 30 minutos foram de total domínio leproso. Com posse de bola e ideias claras, o conjunto rojinegro alcançava um alto índice de posse de bola, para delírio de Gustavo Raggio, o comandante do Newell's nessa temporada. O gol não demoraria em chegar. Eis que, Maxi Rodriguez dando um toque de primeira, com a classe peculiar de seu futebol, iludiu Gaston Diaz - que substituía o lesionado Ivan Pillud na lateral direita - deixando Scocco mano a mano contra o zagueiro Luciano Lollo; um corte seco e a destreza ímpar foram suficientes para poder fuzilar o arqueiro Saja. 

Com amor próprio, e o grito enlouquecido de sua torcida - apesar da bronca com o técnico Diego Cocca - o Racing adiantou suas duas linhas de 4 em busca do empate, ganhando os rebotes e sufocando o Newell's. Ezequiel Videla e Luciano Aued, que formam a nova dupla de volantes do Racing, foram os patrões no meio campo, vencendo os duelos contra Lucas Bernardi e Martín Tonso para contagiar os seus companheiros.

Pelo lado direito, Marcos Acuña levava vantagem contra Milton Casco, que retornava de lesão. Foi por este setor que o Racing encontrou o caminho do empate; o jovem centroavante, Gustavo Bou, que assumia o posto do lesionado Diego Milito, fez um bonito gol após passe de Aued. Dali em diante, o jogo passava a domínio albiceleste, que cortava o circuito de passes do Newell's com muita pressão no campo rival. Ricardo Centurion e Marcos Acuña bloqueavam a subida dos laterais, Marco Caceres e Milton Casco; Hauche e Bou, os atacantes academicos, combatiam o primeiro passe rojinegro, forçando Leandro Fernandez, Victor Lopez e Diego Mateo ao inusual bicão - uma ofensa para o estilo de jogo proposto pelo Newell1s.


Os primeiros 15 minutos da etapa final seguiram com o domínio surpreendente do Racing. O número de arremates não nos deixa mentir: foram 18 do Racing contra apenas 6 do Newell's. Gabriel "el demonio" Hauche acertou a trave, após jogada individual. Bou, Acuña e Centurión, usando o mesmo artificio, fizeram de Oscar Ustari - arqueiro campeão olímpico de 2008 e cria do Independiente - o personagem do jogo. Raggio ainda conseguiria equiparar o cotejo com os ingressos dos jovens Isnaldo e Faravelli. Com as mudanças, Maxi Rodriguez foi atuar como falso 9.

O final do jogo voltava ser parelho, com o Newell's, enfim, conseguindo fugir do ímpeto racinguista, tocando a bola, cozinhando o jogo, e criando algumas chances. A saída de Luciano Aued, o homem que melhor passava no meio campo do Racing, foi fundamental para a queda de rendimento do conjunto local. Diego Cocca decidiu manter o esquema 4-2-2-2, colocando Francisco Cerro na faixa central, ao lado de Videla. No ataque, o jovem Castro passou a formar a dupla de ataque com "el demonio" Hauche. No final, o empate seria assinado pelos treinadores.

O Newell's segue em terceiro lugar, invicto e a 3 pontos do líder River - que tem um jogo a menos - ao passo que o Racing chegou aos 10 pontos - com um jogo a menos - deixando uma imagem mais positiva para o restante do Torneio Transición, assim como um singelo respiro para o contestado Diego Cocca.

*Por Felipe Bigliazzi Dominguez(@FelipeBigliazzi)