Pelo lado tático, Coritiba e Sport protagonizaram um jogo entre duas equipes que se mostraram atualizadas e modernas taticamente. O Leão da Ilha levou a melhor e venceu por 1 a 0. No flagrante abaixo, pode-se observar que a compactação e ocupação de espaço do campo das duas equipes esteve bem dentro da tônica do futebol moderno.
Observa-se 21 dos 22 jogadores de linha ocupando espaço reduzido do campo. Jogar em espaço curto é essencial no futebol atual e isso já foi mostrado com vários exemplos em análises aqui da Prancheta Tática e inclusive mais recentemente, com flagrantes táticos do jogo entre Borussia Monchengladbach e Villarreal pela UEFA Europa League. Essa era uma "cena" comum de se ver no jogo entre Sport e Coritiba. Em vários momentos, também observava-se as linhas de ambos os times bastante estreitas e com balanceamento perfeito, voltando-se muitas vezes com todos os seus jogadores para o lado da bola e os 22 jogadores de linha num curto espaço do campo.
Defensivamente, o Sport compactava-se em cerca de 20 metros do campo, com suas linhas basculando em função da movimentação da bola, fazendo encaixes curtos dentro do setor e alternando de bloco médio para bloco baixo. Inicialmente, acaba deixando espaços ao centro no entrelinhas, às costas dos volantes, de modo que o Coritiba muitas vezes encontrava espaços para a progressão quando encaixava o passe vertical entre as duas linhas de quatro rubro-negras, que tinha Ibson e Danilo fechando os lados, deixando Diego Souza e Neto Baiano mais à frente.
Tentava propor o jogo, porém, tinha dificuldade para criar espaços, encaixar o passe entre as compactas linhas paranaenses, que fechavam e ocupavam muito bem os espaços do campo na intermediária ofensiva leonina. O Sport tentava atacar preferencialmente pelos flancos para tentar furar o bloqueio adversário, que congestionava bastante o meio-campo no 4-1-4-1. Diego Souza balanceava ofensivamente mais para o lado direito(Eduardo Baptista falou na entrevista publicada aqui na Prancheta Tática que Diego gosta mais de balancear do meio para a esquerda) por vezes formando uma sociedade triangular com Ibson e Patric no setor e também recuava mais para buscar jogo na intermediária, diferentemente da pretensão revelada pelo técnico Eduardo Baptista em entrevista já publicada no nosso site. Wendel costumava aparecer ultrapassando na diagonal centro-esquerda para buscar a jogada no fundo do campo e opcionando o passe em profundidade nas costas do lateral. Também chegou bem nas vezes em que usou as viradas de jogo da esquerda para direita com Patric atacando o corredor quando as linhas paranaenses balanceavam para o lado esquerdo(muitas vezes com Diego Souza topando com o lateral-direito do Coxa quando a bola caía no lado oposto e abrindo o corredor pra possíveis ultrapassagens de Patric). O Coritiba jogava reativamente e apostava bastante na velocidade dos contragolpes com os pontas procurando os pontas buscando as jogadas em diagonal e nas costas dos laterais e no veloz Joel, que traçava bem as diagonais curtas e arrancava verticalmente. Em um dos rápidos contra-ataques do Coritiba, Elber por muito pouco não marcou.
Coritiba adiantou a marcação, roubou alto na intermediária ofensiva, Robinho progrediu com liberdade e deu o passe de ruptura para Elber atacar no facão em diagonal às costas da defesa, chegando no espaço entre Durval e Renê.
Na segunda etapa, Diego Souza passou a atuar com movimentação mais avançada, muitas vezes se alinhando com Neto Baiano ao centro e topando com um zagueiro, enquanto que Ananias e Danilo espetavam e igualavam o 4x4 com a linha defensiva. Continuava balanceando mais para o lado direito e oferecendo linha de passe curta ao portador da bola no setor.
No primeiro flagrante, Sport ataca com a dobradinha entre Patric e Ananias pela direita. Diego Souza e Neto Baiano fecham na área topando com os dois zagueiros e Danilo(ponta do lado oposto) fecha em diagonal também para área, aparecendo na segunda trave e topando com o lateral-direito Norberto que fechava na cobertura por dentro. No segundo flagrante, Ananias não ocupa a direita e fica projetado para o rebote na área, enquanto que novamente Diego Souza fecha na área como opção pro cruzamento e Neto Baiano posiciona-se entre um dos zagueiros e o lateral oposto ao do cruzamento. Diferentemente de Danilo, que tinha a característica de entrar na área quando a bola estava no flanco contrário, Felipe Azevedo fechava mais pelo meio nessas situações. No lance acima, também fica projetado para rebote, próximo à meia-lua.
Em rápido contragolpe, o Sport saiu na frente com bela assistência de Diego Souza para Felipe Azevedo marcar.
Diego Souza recebe na intermediária e dá a enfiada de ruptura para Felipe Azevedo traçar a diagonal curta, infiltrando no espaço entre o zagueiro e o lateral-direito.
No flagrante abaixo, destaque para outra boa movimentação de Felipe Azevedo:
Como o Coritiba não contava com a recomposição de Anderson Aquino e Dudu(seus extremos do 4-2-4 utilizado por Marquinhos Santos após o gol leonino), os dois volantes tiveram que balancear defensivamente para o lado da bola no lance. Diego Souza consegue virar o jogo para a meia-esquerda e encontra Felipe Azevedo, que chega pelo meio atacando o espaço paralelo aos volantes no entre-linhas(espaço cujo qual poderia ser ocupado pelo winger oposto do Coritiba na basculação defensiva), recebendo de frente para a linha defensiva e com espaço para finalizar de fora da área. O camisa 11 arriscou, porém, Vanderlei defendeu sem grandes problemas.
Agora
em relação ao Coritiba, o time de Marquinhos Santos atuou no 4-3-3. Em ação
ofensiva, os laterais avançavam alternadamente, um dos atacantes abertos
aproximava dos meias da equipe (Robinho e Rosinei) enquanto que o outro entrava
na diagonal e Joel sempre dava opção de profundidade ao ataque. Com as imagens
adiante, o sistema ofensivo coxa-branca ficará mais claro de visualização:
O
4-3-3 do Coritiba contra o Sport.
Com um dos atacantes
abertos se aproximando de Robinho e Rosinei –no caso do flagrante foi Élber
quem fez este movimento-, Élber trouxe a marcação do
lateral adversário mais próximo e, assim, abriu um enorme corredor para que
Carlinhos tivesse todo espaço livre para se projetar à frente e cruzar para
Dudu, que pela imagem já iniciou o seu trajeto na diagonal,e Joel (Reprodução:
Sportv/ PFC).
Já
em relação ao sistema defensivo do Coritiba, ele iniciava com a lenta troca de
ação de jogo de seus jogadores, pois estes procuravam se posicionar na
intermediária defensiva do Sport para que assim pudessem iniciar a marcação
coxa-branca. Com o posicionamento defensivo formado, os atacantes de Marquinhos
Santos recuavam marcando os laterais adversários, Joel balançava de acordo com
o lado da bola e o trio meio-campista marcava por zona, mas, invariavelmente,
encaixava a marcação em Diego Souza, Wendell e Rithely. Com estas maneiras de
marcar, o posicionamento defensivo do time paranaense variou entre 4-1-4-1 e
4-5-1:
Marquinhos
Santos, desde que reassumiu o Coritiba, tem feito os seus atacantes recuarem
marcando os laterais adversários. De tanto que eles recuam, os dois atacantes
se alinham aos meias e, deste modo, o Coxa fica posicionado no 4-1-4-1 conforme
o flagrante acima do jogo contra o São Paulo –na partida contra o Sport e assim
como todas as outras desde que voltou ao comando deste time paranaense,
Marquinhos Santos montou o sistema defensivo da mesma maneira (Reprodução:
Bandeirantes).
Ao
mesmo tempo em que os atacantes retornam marcando os laterais, quando Helder se
alinha aos seus meias, o Coritiba fica posicionado defensivamente no 4-5-1. No
flagrante acima, nota-se Helder alinhado a Rosinei e Robinho; Dudu e Élber
marcando os laterais adversários e, assim, posicionando o Coxa no 4-5-1. Vale
notar que, assim como este último flagrante, o sistema defensivo desta equipe
paranaense sempre manteve em curta compactação (Reprodução: Sportv/ PFC).
Flagrante
do Coritiba iniciando a marcação na intermediária ofensiva. Ao ter o time
posicionado organizadamente em situação defensiva, o Coxa passa a adiantar em
bloco a sua equipe e balançando para o lado da bola –conforme percebe-se pela
proximidade das linhas do meio-de-campo e do ataque e também pelo balanço
defensivo para o lado da bola de Dudu. Desta maneira, o time se mantém
compactado e aumenta a chance de superioridade numérica defensiva no setor da
bola (Reprodução: Sportv/ PFC).
Com
o gol sofrido, aos 29 do segundo tempo, o Coritiba mudou a sua postura em
campo. A marcação passou a ser pressão desde a saída de bola, a compactação
passou a ser uma pouco mais longa, o esquema tático passou a ser o 4-2-4 e o
sistema ofensivo passou a ter mais intensidade e volume. Porém, como o Coxa
ainda não está acostumado a atuar desta maneira intensa, o Sport conseguiu
neutralizar o sistema ofensivo paranaense e terminou com a vitória.
No
4-2-4, Anderson Aquino e Dudu passaram a se movimentar constantemente em ação
ofensiva junto com Joel e Keirrison. Entretanto, sem o entrosamento ofensivo e
sem com contar com a recomposição de Dudu e nem de Anderson Aquino pelos lados
do campo, Norberto e Carlinhos passaram a atacar somente em situação
confortável.
*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz) e Caio Gondo(@CaioGondo)