A vitória do
Atlético no Santiago Bernabéu teve a cara do time formado por ‘Cholo’ Simeone,
apesar de o argentino não ter dirigido a sua equipe à beira do gramado por
conta de uma suspensão. Muita marcação, dedicação e eficiência tática. Esses
fatores constituíram o triunfo Colchonero em cima de um Real Madrid que até fez
um bom primeiro tempo, mas ainda tem dificuldades para se encontrar após a
chegada de novas estrelas.
À moda Simeone, Atlético
abre o placar no início do jogo
As duas equipes começaram o jogo no mesmo esquema tático,
com e sem a bola: o 4-4-2 habitual. Mas a ideia de jogo de Madrid e Atlético
era totalmente diferente. A equipe de Carlo Ancelotti assumiu a posse de bola,
tentando acuar o Atlético, que como de costume, esperou o adversário e se
fechou no campo de defesa.
O Real Madrid demorou para criar as chances e deu espaço
para o jogo do Atlético aparecer.
Os Colchoneros não deixaram o rival jogar, sufocando o time Merengue na sua
ótima compactação defensiva e abriram o placar com um gol de bola parada; Tiago completando escanteio cobrado por Koke. Foi o quinto gol sofrido pelo
Real em La Liga e o quarto que saiu de bola aérea, evidenciando um problema
para Ancelotti resolver durante as próximas semanas.
Movimentação de
Cristiano Ronaldo causa desequilíbrio no sistema Colchonero
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Com liberdade, Cristiano Ronaldo jogou mais pelo lado direito, algo incomum para o melhor do mundo que tem como base o lado esquerdo para o seu jogo (Reprodução/Squawka) |
O Real Madrid melhorou na partida quando aumentou a intensidade
de movimentação na frente, com James Rodriguez que começou a flutuar entre o
centro e o lado esquerdo do campo e principalmente com Bale e Cristiano
Ronaldo. O melhor do mundo teve muita liberdade pra se movimentar, saiu do lado esquerdo, sua posição base e foi para o
lado direito, jogando mais próximo de Bale e causando transtorno ao lado
esquerdo da defesa do Atlético. A alta movimentação do ataque de Ancelotti deu
certo, Ronaldo atacou pela direita e sofreu pênalti em falta cometida pelo
lateral esquerdo Guilherme Siqueira. O camisa 7 converteu a cobrança e
empatou o placar.
A equipe do Atlético sofria com a falta de eficácia e
objetividade de seu meio-campo. A linha de quatro formada por Koke, Tiago, Gabi
e Raúl Garcia não fazia uma boa partida e não conseguia municiar os atacantes
Jimenez e Mandzukic. Os erros na equipe Colchonera causaram um
domínio das ações por parte do Madrid, que conseguiu boas jogadas em tramas
ofensivas e só não virou o jogo por conta de ótimas defesas do goleiro Moyá.
Arda Turan adiciona
talento à organização do Atlético
No início da segunda etapa, James, Bale e Cristiano Ronaldo não conseguiram repetir a intensidade na movimentação, causando uma queda de produção muito acentuada no time do Real Madrid. Modric e Kroos também não estavam em uma boa noite, errando passes que não costumam errar.
Com a queda no ritmo do rival, o Atleti se tranquilizou no
jogo e aproveitou para dar mais lucidez ao meio de campo. O volante Gabi deu
lugar a Arda Turan, que entrou aberto pela esquerda, com Koke no meio ao lado
de Tiago. Ancelotti respondeu as mudanças de Burgos com Isco no lugar de Bale e
Chicharito fazendo a estreia no lugar de Benzema.
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Arda Turan pela direita, Koke no meio e Griezmann na frente, as mudanças que deram a vitória ao Atlético de Madrid (Reprodução Sky Sports) |
Mas foi o trabalho na casa-mata dos Colchoneros que surtiu
efeito. Pela direita, o lateral Juanfran fez boa jogada e cruzou para a área;
Raul Garcia fez um belo corta luz e a bola sobrou para Arda Turan, que
finalizou com perfeição para marcar o segundo gol do Atlético de Madrid. O
camisa 10 entrou bem no jogo, deixando o time mais incisivo nas ações ofensivas e dando mais técnica ao contra-ataque. Marcando bem e compacto como sempre, o
Atlético contou com seu jogador mais talentoso e técnico para vencer o duelo.
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Atlético varia taticamente, Raul Garcia vira atacante, mas faz pressão no homem da bola no campo de defesa (Reprodução Sky Sports) |
Germán Burgos, o “substituto” de Simeone, colocou Mário
Suárez no lugar do atacante Mandzukic para dar mais vitalidade a marcação no
meio de campo. A alteração revelou mais uma variação tática do bom trabalho da comissão técnica do time do Vicente Calderón. Koke voltou para o lado esquerdo e Arda foi para a direita, com Mario formando a dupla central com Tiago. Raul
Garcia passou a atuar no ataque com Griezmann, aumentando o combate. Sim, nesse
Atlético de Simeone, até os atacantes participam bastante da marcação.
Mandzukic, Jimenez, depois Griezmann e Raul Garcia, realizaram importante
trabalho tático, marcando os criativos meias do Real. O jogo do Atlético é
de muita transpiração, dedicação e disciplina tática e todos esses fatores
ajudaram a garantir uma vitória histórica no derby, em pleno Santiago Bernabeu.
Destaques individuais
Moya: no pior
momento do Atlético no jogo, suportou o bombardeio Merengue com defesas
decisivas para o resultado final.
Tiago: esteve bem
posicionado e melhorou a marcação no lado esquerdo no segundo tempo, auxiliando
Guilherme Siqueira no confronto contra Bale, James e Ronaldo. Além de marcar o
gol que abriu o caminho para a vitória no primeiro tempo.
Arda: entrou bem,
deixando o ataque do Atlético incisivo e decidiu o jogo, com um belo gol que
sacramentou a vitória Colchonera no Bernabeu.
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Arda Turan foi a essência do Atlético de Madrid no jogo: eficiência. (Reprodução Squawka) |
Cirúrgico como a equipe em que atua. Arda Turan deu talento
e efetividade ao Atlético, chutando duas vezes à meta de Cassillas e marcando o gol da vitória
no clássico.
Por: @caiohenrique_af