segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Com inteligência e sabedoria, Vitória bate o Sport na Ilha do Retiro!

Disposições táticas das duas equipes

O Sport somou mais uma derrota no Campeonato Brasileiro e deixou o grupo dos 10 primeiros colocados pela primeira vez. Desta vez, foi derrotado pelo seu algoz da Copa Sul-Americana, o Vitória, dentro da Ilha do Retiro por 2 a 1. 

O Leão da Ilha entrou no habitual 4-2-3-1, só que usando Diego Souza novamente na referência. O camisa 87 mais uma vez não conseguiu dar a mobilidade necessária no setor ofensivo. O gol do contra de Rithely aos 49 segundos de jogo acabou quebrando/alterando toda a estratégia e planejamento de Eduardo Baptista para a partida. O Sport demonstrou dificuldades na transição entre os setores, com muitos erros de passes e saída de bola, além da recomposição/transição defensiva lenta, demorando a fechar-se totalmente atrás da linha da bola e balancear para o lado atacado com suas duas linhas de quatro, postadas em bloco baixo, dentro da própria intermediária, dando espaços para a progressão adversária e sem agressividade/indução ao erro na marcação. 

Ofensivamente, Ibson circulava e balanceava do centro pra esquerda, podendo inverter com Ananias e formar um pequeno triângulo no setor com o último citado e Renê. Enquanto que Patric fechava por dentro quando a bola caía no lado oposto e ia no facão em diagonal pra área para atrair o lateral do lado oposto ao da bola que fechava na cobertura por dentro. Diego Souza ficava mais fixo entre os zagueiros pra bola aérea, o que de certo modo limitava sua participação, já que saindo mais da área e carregando marcadores para fora do setor original, certamente teria mais utilidade, pois abriria espaços pras infiltrações de Patric em diagonal nos espaços vazios. Porém, tirando Patric, o setor ofensivo do Sport não tinha um jogador atacador de espaços da última linha adversária. Abaixo, duas movimentações do time pernambucano nas duas situações mais perigosas da equipe no primeiro tempo(em uma delas, o gol de Diego Souza): 

Ibson balanceou ofensivamente pra esquerda, formando uma sociedade triangular com Renê e Ananias, que infiltrou nas costas do lateral como opção de passe em profundidade para o portador da bola(Ibson). Nesse instante, Diego Souza atrai o lateral-esquerdo adversário na área e tenta a diagonal curta no espaço entre ele e um dos zagueiros. Patric deixa o lado direito e fecha por dentro pra gerar o corredor pra Vitor, que no lance, já estava sendo acompanhado individualmente por Vinicius. 

No lance do gol leonino, o lateral-esquerdo Juan foi subir pressão ao centro na intermediária, distante da linha defensiva baiana. Patric apresentou-se no espaço vazio e recebeu o passe com liberdade, balançando a defesa do Vitória. Ibson fez o movimento fechando pra dentro da área pra atrair o zagueiro e Diego Souza traçou a diagonal pra segunda trave para completar. 


Dentro da sua proposta de jogo, o Vitória trabalhou com inteligência em suas ações. Jogo reativo, buscando a saída em velocidade no contragolpe 4-4-2 em linhas compacto sem a bola, bloco baixo, negando espaços da linha de meio-campo pra trás, marcação ativa dentro do próprio campo, com Marcinho voltando à direita pra fechar o primeiro combate no setor, deixando Edno e Dinei mais à frente. Os wingers do Vitória fixavam-se individualmente nos laterais do Sport e defensivamente apenas o acompanhavam e dentro do setor, enquanto que os dois volantes basculavam para o lado da bola. Com a bola, Marcinho centralizava pra armar o jogo, cadenciar, ajudar na circulação da bola e trabalhar a posse com as linhas de passe próximas, enquanto que Vinicius buscava o drible pra cima de Vitor e explorar as costas do mesmo. Edno e Dinei também eram usados para prender/reter posse de bola em campo ofensivo, deslocando-se para os lados do campo para receber passe vertical em profundidade, fazendo o trabalho de costas pra marcação no pivô(na maioria das vezes eram mais rápidos no deslocamento e chegavam na frente dos zagueiros da equipe pernambucana) e ganhando boa parte dos lançamentos vindo dos zagueiros e do goleiro Gatito Fernández nas ligações diretas. Reter a bola no ataque também era uma forma de neutralizar o jogo, aproveitar o nervosismo adversário e ao mesmo tempo jogá-lo para longe do campo defensivo baiano. Abaixo, um pouco do posicionamento/movimentação do ataque do Vitória na situação de jogo que originou o gol de Dinei:

Vinicius fecha em diagonal pra área, topando com Henrique Mattos na primeira trave, enquanto que Juan ataca o corredor esquerdo e chega no fundo pra cruzar. Edno fica no centro da área encaixado por Durval e Dinei tenta pular às costas de Renê na segunda trave, no espaço entre ele e Durval. 


Na segunda etapa, o Vitória recuou ainda mais suas linhas, porém, perdeu a efetividade nos contragolpes. E o Sport tentou melhorar sua dinâmica recuando Patric pra lateral-direita e colocando Felipe Azevedo mais avançado pela direita. Também tirou Diego Souza para a entrada de Neto Baiano(substituição muito criticada pela torcida) e tentou melhorar a criatividade e chegada à frente com Zé Mário alinhando-se à Rithely no lugar de Wendel no meio-campo. Porém, o time leonino esbarrou na própria falta de criatividade e eficiência nas fases finais de conclusão. Talvez, recuar Diego Souza para a meia-central do 4-2-3-1 e dar mais liberdade de flutuação do mesmo a partir do entrelinhas tivesse sido uma boa alternativa. Merecido triunfo do Vitória, que jogou com inteligência estratégica para construir e assegurar o resultado. 



*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)