O Bahia de Gilson Kleina foi no 4-2-3-1 com dois laterais de origem atuando como pontas de pé trocado, com o lateral-esquerdo Guilherme Santos no extremo direito e o lateral-direito Diego Macedo no extremo esquerdo. Os pontas afunilavam para dar mais densidade e compactação ao ataque pelo meio, sempre com 3 ou 4 jogadores se apresentando como opção pelo meio quando a bola caía pelo flanco. Henrique dava profundidade e atraía ou "empurrava" os zagueiros pra trás, apesar de se deslocar nas diagonais curtas pra buscar, enquanto que Marcos Aurélio aprofundava ao centro pra topar com a linha defensiva adversária, mas também recuava na intermediária ofensiva para buscar jogo com os volantes na saída de bola e progredir ao centro. Sem a bola, duas linhas de quatro muito bem compactadas, que geralmente se posicionavam em bloco médio/baixo, por vezes tentando subir a pressão e negar espaços na saída de bola atleticana, contando com o bote alto de um dos volantes para pressionar o portador da bola.
Inicialmente, o Atlético-MG foi no 4-4-2 em linhas com Tardelli e Guilherme mais à frente, tendo Carlos e Luan mais abertos nos extremos. Tentava propor o jogo e avançar a marcação de forma agressiva nos minutos iniciais. Porém, com a lesão de Guilherme, Levir Culpi acionou Maicosuel no lugar deste e o time passou a se defender no 4-1-4-1, com Carlos voltando para compor a linha de 4 pelo flanco direito e deixando Diego Tardelli mais à frente, enquanto que Luan passou a jogar mais alinhado com os volantes. O posicionamento defensivo sem a posse de bola do CAM de Levir Culpi evoluiu bastante e isso ficou bastante notório nesse jogo. Compactação curta e negação de espaços sem a posse de bola, mas com a bola tendo intensidade e fluidez, com muitas movimentações e trocas de posicionamento entre os homens de frente, Tardelli tendo mais mobilidade, recuando pra buscar jogo, abrindo na ponta, procurando as diagonais, enquanto que Carlos ficava um pouco mais fixo para atrair os zagueiros do Bahia na área. Maicosuel também recuava bastante para ser a opção inicial de passe/saída pelo lado esquerdo do ataque, de modo a espetar o lateral Douglas Santos para bater diretamente com Railan. Intensidade e mobilidade que já são características do Galo desde a conquista da Libertadores 2013 com Cuca.
Nos flagrantes abaixo, observa-se alguns aspectos táticos apresentados pelas duas equipes nessa partida:
No primeiro flagrante, observa-se os 22 jogadores de linha ocupando um curto espaço do campo. Cena comum no futebol moderno e também é bom ver isso no futebol brasileiro. No segundo flagrante, observa-se as duas linhas de quatro do Bahia mais retraídas(na própria intermediária defensiva) sem a bola, mantendo a compactação curta entre os setores em bloco baixo. No terceiro e quarto flagrante, observa-se a compactação curta do Atlético-MG ainda no 4-4-2 em linhas, balanceando com perfeição em função da movimentação da bola para o lado atacado, apesar da presença de alguns espaços nos corredores entrelinhas das imagens. No último flagrante, observa-se a compactação defensiva curta do 4-1-4-1 atleticano com 9 homens atrás da linha da bola. Simplesmente impressionante a curta distância entre as linhas de defesa e meio, montando uma verdadeira muralha. Pelo lado do Bahia, observa-se a movimentação de Marcos Aurélio que recuou para buscar jogo com os volantes e progride com bola na intermediária. Guilherme Santos(que aparece como Diego Macedo na imagem) afunila e busca o posicionamento entre as linhas atleticanas juntamente com Henrique. Essa diagonal gera o corredor que poderia ser atacado por Railan, lateral bastante agudo e ofensivo, assim como o esquerdo Pará.

Nos escanteios defensivos, o Atlético-MG marcava individualmente no "bolo" da área, enquanto que dois jogadores marcavam a zona na primeira trave. Já o Bahia, marcava por zona na área com cerca de 7 jogadores, apesar de que na imagem, só aparecem 6 deles.
Tardelli atrai o lateral, liberando o corredor direito para Marcos Rocha. Guilherme busca o lançamento longo de ruptura. Carlos prende o zagueiro Lucas Fonseca e gera o espaço para o facão em diagonal de Luan. Railan não consegue acompanhar a movimentação e o camisa 27 chega livre no espaço às costas de Lucas Fonseca. Por pouco não marcou.
No lance do gol do Atlético-MG, Tardelli abriu pra trabalhar jogada no flanco esquerdo do ataque do Galo. Na área, Carlos faz a diagonal curta e atrai o zagueiro do lado oposto ao do cruzamento. Luan infiltra de trás e ataca o espaço às costas de Pará, que fecha no movimento de cobertura por dentro dos zagueiros e tenta a interceptação do cruzamento, já que não tinha uma referência física de marcação. Não consegue interceptar, Luan aparece no vazio, cabeceia e marca.
Railan ataca pelo corredor direito, Henrique busca a diagonal para se movimentar no espaço entre os dois zagueiros na área, Diego Macedo(que aparece como Guilherme Santos na imagem) fecha em diagonal atraindo o lateral oposto da cobertura por dentro, enquanto que Marcos Aurélio e Guilherme Santos(que aparece como Diego Macedo na imagem) ficam projetados pra rebote na entrada da área. Observa-se os 4 componentes do quarteto ofensivo com posicionamento mais afunilado e próximos entre si.
No primeiro flagrante, Marcos Aurélio aprofunda ao centro e iguala o 2x2 com os zagueiros atleticanos. Guilherme Santos atrai Douglas Santos e Railan fica projetado para dar amplitude pelo flanco direito e possivelmente atacar o imenso corredor que há à sua frente opcionando esticada em profundidade. No flanco oposto, Diego Macedo se posiciona inteligentemente bem aberto, para proporcionar amplitude, sem fechar mais por dentro para chamar a atenção do lateral e abrir corredor como fez Guilherme Santos. Ele aproveitou o lançamento de Bruno Paulista(volante que iniciava boa parte das jogadas na intermediária e mostrou qualidade de passe) e infiltrou em diagonal nas costas do lateral, recebendo em boas condições para dar continuidade à jogada. No segundo flagrante, Diego Macedo tem a bola um pouco mais por dentro, atraindo Douglas Santos, enquanto que Pará se projeta paralelamente no corredor para ser opção de passe em profundidade direcionado à linha de fundo. Marcos Aurélio e Henrique chegam pelo meio, enquanto que Guilherme Santos atrai o lateral oposto "pra dentro" e gera o espaço para Railan entrar no facão pra área como opção pra jogada.
No flagrante acima, Uelliton recua um pouco mais ao centro para receber entre os dois zagueiros, que abrem, fazendo uma circunstancial "saída de 3 lavolpiana", de modo a espetar Railan e Pará no campo ofensivo. Marcos Aurélio recua ao centro para procurar jogo e busca a ocupação do espaço deixado por Uelliton, que afundou na linha defensiva, na situação em questão.
Lance do gol do Bahia. Henrique atrai o zagueiro Jemerson e William Barbio(que entrou no lugar de Pará, recuando Guilherme Santos para compor a lateral-esquerda na linha de 4 do sistema defensivo) fechou em diagonal pro meio, levando consigo a marcação de Marcos Rocha. Com isso, abriu-se o espaço vazio a ser atacado pelo facão do lateral-esquerdo Guilherme Santos, que chegou em velocidade e Carlos não conseguiu acompanhá-lo até o final. O camisa 88 recebeu o lançamento diagonal de Uelliton e bateu na saída do goleiro Victor.
*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)