Depois de vencer o Vitória e quebrar sequência
ruim, o Cruzeiro recebeu o Palmeiras no Mineirão para manter ou ampliar a
distância com relação aos supostos perseguidores. O Verdão foi derrotado pelo
Santos no fim de semana, freando a boa fase do time sob o comando de Dorival
Júnior e visitou Belo Horizonte sem muitas pretensões, mas buscando somar pelo
menos um ponto.
As aspirações alviverdes puderam ser observadas na
escalação e na forma como o time se postou em campo contra o líder do
campeonato. Sem Valdívia, cumprindo suspensão após decisão do STJD, e Marcelo
Oliveira, impedido por questões contratuais de enfrentar o Cruzeiro, o
meio-campo palmeirense foi modificado com relação a nomes e posicionamento
dentro de campo. O 4-3-1-2/4-2-3-1 das últimas rodadas foi substituído,
inicialmente, por um 4-1-4-1, que tinha Renato como primeiro volante, Mazinho e
Bernardo abertos e Wesley e Victor Luís completando uma segunda linha de quatro
no meio, e com as responsabilidades de executar a transição ofensiva e chegar ao
ataque para auxiliar os três homens mais avançados.
O Cruzeiro, que voltou a ter Ricardo Goulart no
banco após período lesionado, manteve o 4-2-3-1 que venceu o Vitória, com Everton
Ribeiro centralizado no meio-campo e Marquinhos e Alisson como wingers. No sistema, o time mineiro
consegue uma maior compactação sem a bola, já que Marquinhos e Alisson guardam
mais posição pelos lados e, consequentemente, executam a transição defensiva de
modo mais veloz, diferente de Everton Ribeiro que, quando joga aberto pela
direita, circula bastante pelo último terço do campo e não se compromete muito
com a composição da segunda linha de quatro na fase defensiva.
Palmeiras iniciou o confronto entre os Palestras em um
4-1-4-1 bastante reativo
Mazinho ganhou a vaga de Cristaldo e era quem se
aproximava mais de Henrique nos ataques palmeirenses, com Bernardo
centralizando um pouco mais para auxiliar na armação pelo meio-campo, formando,
com a bola, algo próximo do losango dos últimos jogos. Quando o Palmeiras se
defendia, Renato se posicionava no entrelinhas e executava encaixe individual
em Everton Ribeiro, tentando anular o camisa 17 para limitar a criatividade do
Cruzeiro com a bola nos pés. A proposta alviverde era bastante reativa, já que
o Palmeiras, sem seu principal jogador de meio-campo, sentia uma limitação gigante
na criação e ficava ainda mais distante tecnicamente do adversário da noite, o
líder inconteste do Brasileirão. Compreendendo a diferença dos times, Dorival
buscou jogar por uma bola, como tantos gostam de chamar a proposta de jogo
reativo dentro do futebol brasileiro.
Meio-campo palmeirense, com Renato no entrelinhas e a
segunda linha de quatro à frente. No frame, Mazinho ocupa o centro ao lado de
Victor Luís e Wesley fecha o extremo direito. Em geral, o posicionamento era ao
contrário (Reprodução: Premiere)
A primeira etapa foi o que pode se chamar de ataque
contra defesa, com o Cruzeiro tomando a iniciativa como lhe é usual e o
Palmeiras se defendendo de maneira bastante satisfatória, consciente da sua
posição técnica com relação à equipe celeste. Quando tinha a bola, o time
paulista sentia dificuldades pela fase técnica ruim de Wesley (errou 5 de 31
passes em 65 minutos em campo), tão importante para a organização do time com a
ausência de Valdívia. Victor Luís também não apareceu tão bem como em outros
jogos e, apesar de atuação correta, pouco chegava ao lado esquerdo para
trabalhar com Juninho, como tanto se caracterizou depois de passar a atuar no
meio-campo.
O Cruzeiro concentrava a bola e tentava acionar os
extremos com Alisson e Egídio pela esquerda e Marquinhos e Mayke pela direita.
Após a lesão de Alisson ainda na etapa inicial, Marcelo Oliveira promoveu a
volta de Ricardo Goulart, o que fez Everton Ribeiro voltar a trabalhar pelo
flanco direito. Com Goulart e Marcelo Moreno à frente, o Cruzeiro abusa da
jogada aérea, situação que já deu vários pontos ao atual campeão brasileiro,
mas que deixa o futebol do time um pouco menos agradável e dinâmico. Contra o
Palmeiras, foram 26 cruzamentos na área, número bastante alto, especialmente para um time que troca tantos passes.
Para a segunda parte, o Palmeiras sentiu que
poderia equilibrar um pouco mais o jogo e buscar o ataque e, mesmo com as ações
ainda dominadas pelo Cruzeiro, conseguiu levar um pouco mais
de perigo no contragolpe, sobretudo após a saída de Wesley para a entrada de
Bruninho, que guardava posição ao lado de Renato no meio-campo e liberava um
pouco mais Victor Luís e os laterais para atacar. No segundo tempo, o Palmeiras não fechava
mais o 4-1-4-1 sem a bola e se defendia com os três volantes ou com a volta eventual
de Mazinho ou Bernardo para fechar uma segunda linha de quatro pelos extremos.
Losango alviverde do segundo tempo dava mais espaço ao
Cruzeiro, mas também fazia o Palmeiras assustar um pouco mais o time da casa
(Reprodução: Premiere)
O Cruzeiro continuou atacando e exigindo de
Fernando Prass, o principal nome palmeirense na partida. Marcelo Oliveira ainda
colocou Dagoberto e Willian, sacando do time Marquinhos e o volante Henrique,
fazendo, pois, o Cruzeiro trabalhar em uma espécie de 4-1-4-1, com os
recém-promovidos ao jogo pelas pontas, Goulart encostando em Moreno, Everton
Ribeiro trabalhando no meio-campo e Lucas Silva guardando um pouco mais de
posição para proteger a defesa e iniciar a transição ofensiva.
Dorival Júnior, por sua vez, mandou a campo Mouche
e Felipe Menezes nos lugares de Bernardo e Mazinho, buscando renovar o fôlego
no ataque, e, também, uma maior aproximação a Henrique e um melhor último passe
para aproveitar os contra-ataques.
Cruzeiro busca o ataque incessantemente em algo
próximo de um 4-1-4-1 e o Palmeiras volta ao losango de meio-campo para tentar
encaixar um contragolpe decisivo
Foi em um contra-ataque que o Palmeiras conseguiu
abrir o placar já no final do jogo. Após bola afastada pela defesa, Felipe
Menezes dominou, progrediu e encontrou Henrique pelo lado esquerdo. Com a
defesa cruzeirense exposta, o centroavante avançou e deu passe perfeito para
Mouche – que já havia acertado a trave de Fábio em outro contragolpe –
completar e tirar o zero do placar.
Com a desvantagem, o Cruzeiro partiu para o abafa
e, cinco minutos após o revés, conseguiu o empate após chute de fora da área de
Willian que Fernando Prass não segurou e Dagoberto aproveitou o rebote. Até os
47 minutos do segundo tempo, o Palmeiras vinha executando sua proposta com
excelência: segurar o ímpeto do líder e resolver o jogo no contra-ataque.
Fernando Prass poderia ter feito melhor no gol de Dagoberto, mas o goleiro
alviverde salvou o time paulista da derrota em vários momentos da partida e não pode ser
responsabilizado por um empate que, se for analisado friamente, foi um
resultado primoroso para um Palmeiras ainda mais frágil do que o normal, já que
não tinha Marcelo Oliveira e Valdívia, dois dos jogadores mais importantes do time,
sem contar com o zagueiro Lúcio, também desfalque. No final, foi o Palestra mineiro quem empatou nos acréscimos, mas é o paulista quem sai mais satisfeito com o resultado.
Finalizada a rodada #30, o Cruzeiro mantém os sete pontos
com relação ao segundo colocado, já que o São Paulo empatou com a Chapecoense e
o Internacional foi derrotado pelo Flamengo. O Palmeiras, na sua briga contra
um novo rebaixamento, soma um ponto importante fora de casa e continua com a
vantagem de quatro pontos para o primeiro time do Z-4, agora, o Vitória.