Criciúma e Atlético-PR realizaram um dos jogos
da 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. Em seu domínio, o Tigre tentou, mas não
conseguiu furar o bloqueio do Furacão. Já o time rubro-negro conseguiu o seu
gol de vitória em um dos contra-ataques da partida. Para este feito, as duas
equipes começaram no 4-2-3-1:
Atlético-PR e Criciúma no 4-2-3-1
Por precisar da vitória e por estar jogando no
Heriberto Hulse, o Criciúma foi quem buscou propor o jogo desde o começo. O
Tigre atacava com alternância dos laterais, com os seus meias de lados entrando
freqüentemente na diagonais, com Cléber Santana não muito adequado a função de
meia central e com os volantes não participando das ações ofensivas do time.
Eles auxiliavam somente na saída de bola em campo defensivo, mas pouco
contribuíam no campo de ataque. Deste modo, em ação ofensiva, o time de Gilmar
Dal Pozzo ficava espaçado em campo e posicionado deste modo:
Em ação ofensiva pela esquerda, Bruno Lopes entra
na diagonal e Lucca afasta um pouco da lateral para a ultrapassagem de
Giovanni. Já o trio defensivo que ficou passa a formar um tripé defensivo com
Serginho e Martinez à frente deles, já que Cléber Santana, constantemente, foi
opção de retorno do ataque do Tigre. Uma vez que este jogador esteve pouco
adaptado a função de meia central, o camisa 10 do Criciúma não deixava os seus
volantes avançarem e, assim, deixando a equipe espaçada em ação ofensiva.
Uma vez que o Criciúma atacava espaçado e
desorganizado por causa de Cléber Santana, o Atlético-PR buscou o jogo reativo
durante a partida toda. Para tal, o Furacão se compactava no 4-4-2 em curto
espaço, os seus meias abertos só marcavam os laterais adversários e o início da
marcação era para trás do meio do campo. Porém, nos 90 minutos, saíram poucos
contra-ataques. Muito devido ao posicionamento dos volantes do Criciúma “atrapalhados”
por Cléber Santana.
Como o Atlético-PR se defendia no 4-4-2, ao
retomar a bola, Bady e Cléo já tinham Martinez e Serginho muito próximos a
eles. Deste modo, dificultando o início dos contra-ataques do Furacão. Se por
um lado, a inadaptabilidade de Cléber Santana na meia central gerou a não
participação dos seus volantes em ação ofensiva, pelo outro, esta precária atuação
do camisa 10 nesta função gerou a dificuldade no início dos contra-ataques do
seu adversário.
O cenário do primeiro tempo foi somente este: o
Criciúma tentava atacar, mas esbarrava na dificuldade de Cléber Santana na meia
central; e o Atlético-PR tentava contra-atacar, mas era bloqueado rapidamente
pelos volantes do Tigre. Os comandados de Gilmar Dal Pozzo ficou com mais posse
de bola (67,10%), teve mais passes certos (459 x 126), finalizou mais (15 x 8),
mas foi pouco efetivo em seu sistema ofensivo. O heatmap desta equipe demonstra
que o Criciúma ficou muito com a bola no terço central, mas pouco conseguiu
chegar à meta de Weverton:
Pelo heatmap do Criciúma, percebe-se que o time
ficou muito com a posse da bola no terço central, mas pouco chegou ao terço
ofensivo. Méritos do sistema defensivo do Atlético-PR e, também, da inadaptabilidade
de Cléber Santana na função de meia central (Fonte: Footstats).
Durante o primeiro tempo, Deivid frequentemente
recuava para marcar Cléber Santana atrás de Paulinho Dias. Ao perceber esta
situação, Claudinei Oliveira reposicionou a sua equipe, em ação defensiva, para
o 4-1-4-1. Para isto, Bady foi quem passou a se alinhar a Paulinho Dias e
Deivid pôde ficar entre a linha defensiva e a do meio-de-campo do Atlético.
Flagrante do 4-1-4-1 que o Atlético-PR passou a
utilizar no segundo tempo. Pela imagem, percebe-se que Deivid realmente passou
a posicionar entre as duas linhas de 4 e Bady foi quem passou a se alinha a
Paulinho Dias (Reprodução: Sportv/ PFC).
Porém, ao reposicionar a sua equipe no 4-1-4-1,
Claudinei Oliveira esqueceu que os meias de lado do Criciúma frequentemente entravam
na diagonal. Agora com Deivid só marcando Cléber Santana e a linha de 4 do
meio-de-campo um pouco mais afastada da linha defensiva rubro-negra, Lucca e Bruno
Alves usufruíram constantemente do espaço nesta entrelinha. Principalmente,
Lucca. Este jogador aproveitou muitas vezes este espaço e com a entrada de
Paulo Baier, aos 15 do segundo tempo, o rendimento de Lucca aumentou ainda mais.
Veja o mapa dos passes certos deste jogador e o flagrante do posicionamento
ofensivo que o Tigre passou a utilizar com Paulo Baier:
Mapa de passes certos de Lucca (o sentido do
mapa é da esquerda para a direita): neste mapa, nota-se a maior quantidade de
passes certos deste jogador na meia esquerda do seu time. Exatamente o espaço
onde o Atlético-PR deu quando passou a se posicionar defensivamente no 4-1-4-1
(Fonte: whoscored).
Com Paulo Baier, Deivid passou a acompanhar
este meia aonde quer que ele fosse. Com a experiência de Baier, ele levava
Deivid para longe do setor da bola e, assim, aumentava ainda mais o espaço na
entrelinha que Lucca pudesse usufruir. No flagrante acima, percebe-se Lucca com
a bola na meia esquerda na entrelinha defensiva rubro-negra e como Deivid foi
para longe, o zagueiro Gustavo foi quem partiu para dar combate no meia do
Tigre (Reprodução: Sportv/ PFC).
Com o gol de Cléo, aos 32 da segunda etapa, o
Criciúma avançou ainda mais a sua equipe. Os espaços eram gerados, mas ineficiência
ofensiva era a mesma do primeiro tempo. Nos últimos 45 minutos, o Tigre
finalizou oito vezes e somente duas foi no alvo. Ao 38, Gilmar Dal Pozzo
colocou o atacante Michael no lugar do lateral-direito Eduardo. Com esta
substituição, o Criciúma passou a jogar no seguinte 3-3-4:
Criciúma no 3-3-4, a partir da entrada de
Michael, aos 38 do segundo tempo. Destaque para o posicionamento defensivo dos
três zagueiros, mas que ofensivamente, Rafael Pereira e Giovanni avançavam
pelas laterais. Como Giovanni executa bem a função de lateral-esquerdo, este
avançou com melhor eficiência do que Rafael Pereira pela direita. Como Rafael
Pereira poucas vez ia para a linha de fundo ofensiva, Bruno Lopes era quem
fazia estas jogadas por este lado.
Mesmo com mais peças avançando, o
Criciúma seguiu com sua pouca eficiência ofensiva e não modificou o placar do
jogo.
Fim de partida: Atlético-PR no 4-3-3 e Criciúma
no 3-3-4.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)