quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Gilmar Dal Pozzo tenta, mas Criciúma para no sistema defensivo do Atlético-PR

Criciúma e Atlético-PR realizaram um dos jogos da 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. Em seu domínio, o Tigre tentou, mas não conseguiu furar o bloqueio do Furacão. Já o time rubro-negro conseguiu o seu gol de vitória em um dos contra-ataques da partida. Para este feito, as duas equipes começaram no 4-2-3-1:

Atlético-PR e Criciúma no 4-2-3-1

Por precisar da vitória e por estar jogando no Heriberto Hulse, o Criciúma foi quem buscou propor o jogo desde o começo. O Tigre atacava com alternância dos laterais, com os seus meias de lados entrando freqüentemente na diagonais, com Cléber Santana não muito adequado a função de meia central e com os volantes não participando das ações ofensivas do time. Eles auxiliavam somente na saída de bola em campo defensivo, mas pouco contribuíam no campo de ataque. Deste modo, em ação ofensiva, o time de Gilmar Dal Pozzo ficava espaçado em campo e posicionado deste modo:

Em ação ofensiva pela esquerda, Bruno Lopes entra na diagonal e Lucca afasta um pouco da lateral para a ultrapassagem de Giovanni. Já o trio defensivo que ficou passa a formar um tripé defensivo com Serginho e Martinez à frente deles, já que Cléber Santana, constantemente, foi opção de retorno do ataque do Tigre. Uma vez que este jogador esteve pouco adaptado a função de meia central, o camisa 10 do Criciúma não deixava os seus volantes avançarem e, assim, deixando a equipe espaçada em ação ofensiva.

Uma vez que o Criciúma atacava espaçado e desorganizado por causa de Cléber Santana, o Atlético-PR buscou o jogo reativo durante a partida toda. Para tal, o Furacão se compactava no 4-4-2 em curto espaço, os seus meias abertos só marcavam os laterais adversários e o início da marcação era para trás do meio do campo. Porém, nos 90 minutos, saíram poucos contra-ataques. Muito devido ao posicionamento dos volantes do Criciúma “atrapalhados” por Cléber Santana.

Como o Atlético-PR se defendia no 4-4-2, ao retomar a bola, Bady e Cléo já tinham Martinez e Serginho muito próximos a eles. Deste modo, dificultando o início dos contra-ataques do Furacão. Se por um lado, a inadaptabilidade de Cléber Santana na meia central gerou a não participação dos seus volantes em ação ofensiva, pelo outro, esta precária atuação do camisa 10 nesta função gerou a dificuldade no início dos contra-ataques do seu adversário.

O cenário do primeiro tempo foi somente este: o Criciúma tentava atacar, mas esbarrava na dificuldade de Cléber Santana na meia central; e o Atlético-PR tentava contra-atacar, mas era bloqueado rapidamente pelos volantes do Tigre. Os comandados de Gilmar Dal Pozzo ficou com mais posse de bola (67,10%), teve mais passes certos (459 x 126), finalizou mais (15 x 8), mas foi pouco efetivo em seu sistema ofensivo. O heatmap desta equipe demonstra que o Criciúma ficou muito com a bola no terço central, mas pouco conseguiu chegar à meta de Weverton:

Pelo heatmap do Criciúma, percebe-se que o time ficou muito com a posse da bola no terço central, mas pouco chegou ao terço ofensivo. Méritos do sistema defensivo do Atlético-PR e, também, da inadaptabilidade de Cléber Santana na função de meia central (Fonte: Footstats).

Durante o primeiro tempo, Deivid frequentemente recuava para marcar Cléber Santana atrás de Paulinho Dias. Ao perceber esta situação, Claudinei Oliveira reposicionou a sua equipe, em ação defensiva, para o 4-1-4-1. Para isto, Bady foi quem passou a se alinhar a Paulinho Dias e Deivid pôde ficar entre a linha defensiva e a do meio-de-campo do Atlético.

Flagrante do 4-1-4-1 que o Atlético-PR passou a utilizar no segundo tempo. Pela imagem, percebe-se que Deivid realmente passou a posicionar entre as duas linhas de 4 e Bady foi quem passou a se alinha a Paulinho Dias (Reprodução: Sportv/ PFC).

Porém, ao reposicionar a sua equipe no 4-1-4-1, Claudinei Oliveira esqueceu que os meias de lado do Criciúma frequentemente entravam na diagonal. Agora com Deivid só marcando Cléber Santana e a linha de 4 do meio-de-campo um pouco mais afastada da linha defensiva rubro-negra, Lucca e Bruno Alves usufruíram constantemente do espaço nesta entrelinha. Principalmente, Lucca. Este jogador aproveitou muitas vezes este espaço e com a entrada de Paulo Baier, aos 15 do segundo tempo, o rendimento de Lucca aumentou ainda mais. Veja o mapa dos passes certos deste jogador e o flagrante do posicionamento ofensivo que o Tigre passou a utilizar com Paulo Baier:


Mapa de passes certos de Lucca (o sentido do mapa é da esquerda para a direita): neste mapa, nota-se a maior quantidade de passes certos deste jogador na meia esquerda do seu time. Exatamente o espaço onde o Atlético-PR deu quando passou a se posicionar defensivamente no 4-1-4-1 (Fonte: whoscored).

Com Paulo Baier, Deivid passou a acompanhar este meia aonde quer que ele fosse. Com a experiência de Baier, ele levava Deivid para longe do setor da bola e, assim, aumentava ainda mais o espaço na entrelinha que Lucca pudesse usufruir. No flagrante acima, percebe-se Lucca com a bola na meia esquerda na entrelinha defensiva rubro-negra e como Deivid foi para longe, o zagueiro Gustavo foi quem partiu para dar combate no meia do Tigre (Reprodução: Sportv/ PFC).

Com o gol de Cléo, aos 32 da segunda etapa, o Criciúma avançou ainda mais a sua equipe. Os espaços eram gerados, mas ineficiência ofensiva era a mesma do primeiro tempo. Nos últimos 45 minutos, o Tigre finalizou oito vezes e somente duas foi no alvo. Ao 38, Gilmar Dal Pozzo colocou o atacante Michael no lugar do lateral-direito Eduardo. Com esta substituição, o Criciúma passou a jogar no seguinte 3-3-4:

Criciúma no 3-3-4, a partir da entrada de Michael, aos 38 do segundo tempo. Destaque para o posicionamento defensivo dos três zagueiros, mas que ofensivamente, Rafael Pereira e Giovanni avançavam pelas laterais. Como Giovanni executa bem a função de lateral-esquerdo, este avançou com melhor eficiência do que Rafael Pereira pela direita. Como Rafael Pereira poucas vez ia para a linha de fundo ofensiva, Bruno Lopes era quem fazia estas jogadas por este lado.

Mesmo com mais peças avançando, o Criciúma seguiu com sua pouca eficiência ofensiva e não modificou o placar do jogo. 

Fim de partida: Atlético-PR no 4-3-3 e Criciúma no 3-3-4.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)