domingo, 19 de outubro de 2014

Em jogo de pouca ambição, Grêmio e Goiás não saem do zero

Foi mais um jogo tecnicamente muito limitado no Campeonato Brasileiro. Tendo em campo duas das equipes com melhor defesa na competição, a do Grêmio (17 gols sofridos) e a do Goiás (28), a partida já tinha tudo para ser um pouco mais truncada do que o normal. O que se viu foi pior: a total falta de ambição das duas equipes fez do jogo um evento chato para os poucos torcedores presentes no Serra Dourada. O resultado não poderia ser outro: mais um 0 a 0.

1º tempo: Equipes acuadas, arriscando pouco

Felipão colocou a sua equipe no já tradicional 4-1-4-1, com Wallace na primeira função, Ramiro e Felipe Bastos jogando um pouco mais adiantados. Fernandinho - que cobria a ausência de Dudu - era o meia aberto pelo lado esquerdo, com Luan no lado oposto e Lucas Coelho centralizado. Detalhe para a movimentação do 9 gremista, que, vendo que a bola não chegaria nele, voltava para ajudar os companheiros na tarefa de armação das jogadas. O Goiás iniciou a partida num 4-2-3-1, com marcação em bloco baixo, esperando a equipe adversária. Assim sendo, era o Tricolor Gaúcho quem deveria ter a iniciativa da partida na primeira etapa, o que na prática não aconteceu.

O Goiás alinhou Amaral e Deivid em uma linha em frente a linha de quatro de defesa, tendo mais à frente Tiago Mendes aberto pelo lado direito, Esquerdinha centralizado e Ramon no lado esquerdo. Ramon e Tiago acompanhavam a projeção dos laterais gremistas com afinco, dificultando a progressão da equipe adversária. O problema do Grêmio era justamente não ter a ambição para atacar com todo o seu time, sempre deixando pelo menos quatro jogadores atrás da linha de meio. Assim sendo, o Grêmio atacava com, no máximo, 6 jogadores, sempre batendo com pelo menos 8 jogadores no campo defensivo do adversário.

Quando o Goiás tinha a bola, Esquerdinha - de atuação apática - ficava muito restrito à faixa central do gramado, facilitando o trabalho da marcação Tricolor. Quem mais se movimentava era Tiago Mendes, que por vezes partia da direita para o centro para ajudar na tarefa de armação e na lenta saída de bola da equipe Goiana. A falta de apoio dos laterais, entretanto, fazia com que o Goiás não encontrasse espaços no campo do adversário.

Heatmap Thiago Mendes: predomínio no lado direito, escapadas pelo centro

O único lateral que apoiava no Grêmio era Zé Roberto, que fazia a válvula de escape constantemente no lado esquerdo. Nas vezes em que isso acontecia, Fernandinho ficava no mano-a-mano com o inexperiente Felipe Macedo, lateral do Goiás. O problema é que, mesmo provocando o cartão amarelo no adversário, Fernandinho praticamente não ganhou na individualidade do seu marcador, fazendo com que o Grêmio não criasse chances mesmo tendo um bom espaço para explorar no campo adversário.

A primeira chance do Grêmio só aconteceu aos 18 minutos da primeira etapa, mas Lucas Coelho já estava impedido quando recebeu a bola. No total, o time Gaúcho finalizou apenas duas vezes contra o gol do adversário em toda a partida. Já o Goiás foi finalizar pela primeira vez só aos 38 da etapa inicial.

1º tempo: muita marcação, pouco futebol

2º tempo: Goiás avança, mas jogo não melhora

O Goiás se deu conta de que poderia tentar uma vitória sobre o Tricolor gaúcho e passou a mandar no jogo na segunda etapa. Drumsky inverteu Thiago Mendes e Esquerdinha para que Esquerdinha pudesse armar o jogo se deslocando da direita para o centro. Além disso, esse jogador passou a proporcionar menos saídas a Zé Roberto, que por vezes era obrigado a ficar para não deixar espaços às suas costas. O Goiás melhorou e passou a criar, mas apesar de ter a posse de bola (52% ao final da partida) e o maior número de conclusões (9, sendo 4 no gol do adversário), não conseguiu transpor o forte sistema de marcação gremista.

Felipão poderia ter invertido Fernandinho com Luan para que Luan - o seu jogador mais vertical - passasse a jogar em cima do amarelado Felipe Macedo, mas não o fez. O Goiás ditou o ritmo da partida até os 30 minutos, quando o fôlego da equipe acabou. O Grêmio voltou a ter a posse de bola, mas ficou trocando passes no campo defensivo até o final da partida - mesmo tendo 7 minutos de acréscimo. O 0 a 0 foi o resultado mais justo para duas equipes que mostraram claramente não querer os três pontos.