São
Paulo e Bahia realizaram um dos jogos da 29ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Em seu domínio, o Tricolor Paulista venceu o Baiano e conquistou a sua 15ª
vitória no Brasileirão. Para esta conquista os comandados de Muricy Ramalho
começaram no 4-2-3-1 e os de Gilson Kleina no mesmo esquema tático:
São
Paulo e Bahia no 4-2-3-1 no início do jogo
Durante todo o primeiro tempo, o 4-2-3-1 do São Paulo conseguiu propor o
jogo em cima do 4-2-3-1 do Bahia. O Tricolor Paulista marcou pressão desde a
saída de bola adversária, com troca rápida de ação de jogo, com constantes
trocas de posição entre Michel Bastos e Ganso e predominou o passe curto como
principal meio de ataque da equipe. Tanto que os comandados de Muricy Ramalho
realizaram 434 passes certos na partida.
Pelo
heatmap de Ganso, nota-se que ele atuou pelos os dois lados do campo e de que
constantemente houve a troca de posição entre ele e Michel Bastos (Fonte:
Footstats).
Porém
como uma das peças do quarteto titular da equipe estava ausente –Alexandre Pato-,
o sistema ofensivo tricolor ficou com novamente “faltando algo”. Com Michel Bastos entre os titulares, este e
Ganso começavam bem abertos a ação ofensiva, mas centralizavam rapidamente e
precipitadamente; Kaká saia do centro para buscar e armar o jogo; e, por fim,
Alan Kardec continuou a fazer a mesma função que fazia com Pato em campo: saiu freqüentemente
da referência do ataque e, deste modo, deixou a equipe sem profundidade. Veja
os locais onde o camisa 14 do São Paulo acertou os seus passes:
Alan
Kardec freqüentemente saiu da referência do ataque para ser opção de passe e,
deste modo, deixou o sistema ofensivo sem profundidade. Tanto que das oito
finalizações da equipe no primeiro tempo, cinco foram de fora da área; e das
três de dentro da área, uma delas foi a cabeçada de Rafael Tolói (Fonte:
whoscored).
Já o
Bahia se defendia no 4-4-1-1, compactado em curto espaço e com os wingers
balançando corretamente em ação defensiva. Porém apareceram duas falhas neste
sistema defensivo. Uma delas é que as peças individualmente apresentaram pouca
atitude, pois a marcação se apresentou frequentemente passiva em diversas
situações do jogo. E a outra é de que somente Marcos Aurélio marcava os dois
volantes do Tricolor Paulista. Deste modo, Denilson e Souza foram dois dos três
jogadores que mais acertaram passes na partida (71 e 49 respectivamente).
Somando estes dois aspectos falhos do sistema defensivo do Tricolor Baiano, o
São Paulo conseguiu sair para o jogo facilmente pela faixa central e tabelar em
campo ofensivo. Estava preocupante para o Bahia.
No
flagrante adiante, percebe-se vários aspectos táticos do sistema ofensivo do
São Paulo e do defensivo do Bahia:
Pelo
flagrante acima, percebe-se o São Paulo atacante sem amplitude e profundidade,
com Alan Kardec saindo da referência e o time atacando facilmente pela faixa
central do campo. Já pelo lado do Bahia, nota-se nove dos dez jogadores da
equipe próximos, formando o 4-4-1 do 4-4-1-1 do posicionamento defensivo do
time e com os wingers (Diego Macedo e Rafinha) balançando corretamente para o
lado da bola (Reprodução: Sportv/ PFC).
Nos
poucos contra-ataques obtidos na primeira etapa, o Bahia atacava com
alternância dos laterais, com os wingers iniciando abertos e entrando na
diagonal no momento correto, com Henrique como centroavante e, deste modo,
tendo um ataque sempre com amplitude e profundidade. Já o São Paulo, em
situação defensiva, se defendia no 4-4-1-1 ou no 4-4-2 compactado em bloco
médio e com as linhas dos setores do time próximas. Entretanto e diferentemente
dos meias abertos do quarteto titular, Michel Bastos poucas vezes balançava
corretamente para o lado da bola. No flagrante adiante, as percepções destas
situações de jogo das equipes ficaram mais fáceis de serem visíveis:
Pelo
flagrante acima, percebe-se os aspectos táticos anteriormente descritos. Nele,
nota-se o Bahia atacando com somente um dos laterais (Railan), com Henrique
empurrando a linha defensiva do São Paulo para trás e com Diego Macedo e Rafinha
realizando a diagonal simultaneamente. Já pelo lado do Tricolor Paulista,
percebe-se o time posicionado no 4-4 do seu 4-4-1-1 ou 4-4-2, com as duas
linhas próximas e com Michel Bastos não balançando defensivamente para o lado
da bola e, assim, deixando Marcos Aurélio completamente livre entre ele e Souza
(Reprodução: Sportv/ PFC).
No
intervalo, nenhum dos técnicos realizou substituição, porém as suas equipes se
modificaram. O Bahia voltou corrigindo as falhas do primeiro tempo. Em ação defensiva,
Rafael Miranda passou a se adiantar e se alinhar a Marcos Aurélio, formando
assim um 4-1-4-1 e neutralizando melhor os dois volantes do São Paulo. Já pelo
lado ofensivo e como o time estava em desvantagem, o Tricolor Baiano passou a
atacar com os dois laterais simultaneamente, valorizar a posse da bola e,
assim, finalizou mais do que na primeira etapa. Já que o Bahia finalizou seis
vezes no segundo tempo e quatro no primeiro. Agora o Tricolor Paulista jogou a
segunda etapa com menos intensidade do que a primeira. O São Paulo passou a
marcar em bloco médio, com pouca intensidade defensiva, com lenta troca de ação
de jogo, mas a curta compactação e o 4-4-1-1 defensivo se mantiveram.
Com
estas mudanças táticas, os comandados de Gilson Kleina passaram a chegar mais
vezes no gol de Rogério Ceni através de lançamentos do terço central para o
ofensivo. Pois o São Paulo apresentava pouca intensidade defensiva e permitiu
este modo de ataque para os baianos. Tanto que o Bahia realizou 48 lançamentos
e 18 foram feito corretamente. E ainda, mesmo com as entradas de William Barbio
e Emanuel Biancuchi, a organização ofensiva se manteve.
No
segundo tempo e mesmo com duas substituições feitas, o Bahia manteve os dois
laterais atacando simultaneamente, com os meias abertos entrando na diagonal no
momento correto e com profundidade sendo realizada por Henrique (Reprodução:
Sportv/ PFC).
Ao
perceber que o Bahia estava avançando melhor em campo, Muricy Ramalho colocou,
aos 17, Luis Fabiano no lugar de Alan Kardec. Com esta substituição, o sistema
ofensivo do São Paulo ganhou a profundidade pedida pelos três meias e o passou
a finalizar de dentro da área. Tanto que das oito finalizações do segundo tempo
da equipe, cinco foram de dentro da área de Marcelo Lomba, sendo duas delas
corretamente no gol. O sistema ofensivo do Tricolor Paulista estava pedido este
tipo de jogador.
Já o
Bahia avançou ainda mais as suas linhas do time. Neste momento, a equipe deixou
a se organizar em curta compactação, os dois laterais continuaram a avançar
simultaneamente, mas os comandados de Gilson Kleina passaram a errar muitos dos
seus 34 passes errados na partida. Como o Tricolor Paulista estava mais bem
organizado ofensivamente e o Baiano pior na transição ataque-defesa, o segundo
gol do São Paulo saiu em um contra-ataque sucedido por Ganso, aos 33.
Em
um dos contra-ataques feitos pelo São Paulo, o time tinha Luis Fabiano
empurrando a dupla de zagueiros do Bahia e, deixando assim, somente Fahel e
Rafael Miranda para marcar o trio de meias do Tricolor Paulista –já que os dois
laterais avançaram simultaneamente e não tiveram tempo para retornar
defensivamente (Reprodução: Sportv/ PFC).
Após
o segundo gol do São Paulo, o Bahia conseguiu realizar o seu gol, aos 42, com
Fahel e assim como a entrada de Boschilia no lugar de Michel Bastos, pouco
alterou o andamento da partida.
Fim
de partida: São Paulo e Bahia no mesmo 4-2-3-1 que iniciaram o jogo.
Por
Caio Gondo (@CaioGondo)