domingo, 19 de outubro de 2014

No duelo dos tricolores, o paulista venceu o baiano no Morumbi

São Paulo e Bahia realizaram um dos jogos da 29ª rodada do Campeonato Brasileiro. Em seu domínio, o Tricolor Paulista venceu o Baiano e conquistou a sua 15ª vitória no Brasileirão. Para esta conquista os comandados de Muricy Ramalho começaram no 4-2-3-1 e os de Gilson Kleina no mesmo esquema tático:

São Paulo e Bahia no 4-2-3-1 no início do jogo

     Durante todo o primeiro tempo, o 4-2-3-1 do São Paulo conseguiu propor o jogo em cima do 4-2-3-1 do Bahia. O Tricolor Paulista marcou pressão desde a saída de bola adversária, com troca rápida de ação de jogo, com constantes trocas de posição entre Michel Bastos e Ganso e predominou o passe curto como principal meio de ataque da equipe. Tanto que os comandados de Muricy Ramalho realizaram 434 passes certos na partida. 

Pelo heatmap de Ganso, nota-se que ele atuou pelos os dois lados do campo e de que constantemente houve a troca de posição entre ele e Michel Bastos (Fonte: Footstats).

Porém como uma das peças do quarteto titular da equipe estava ausente –Alexandre Pato-, o sistema ofensivo tricolor ficou com novamente “faltando algo”.  Com Michel Bastos entre os titulares, este e Ganso começavam bem abertos a ação ofensiva, mas centralizavam rapidamente e precipitadamente; Kaká saia do centro para buscar e armar o jogo; e, por fim, Alan Kardec continuou a fazer a mesma função que fazia com Pato em campo: saiu freqüentemente da referência do ataque e, deste modo, deixou a equipe sem profundidade. Veja os locais onde o camisa 14 do São Paulo acertou os seus passes:

Alan Kardec freqüentemente saiu da referência do ataque para ser opção de passe e, deste modo, deixou o sistema ofensivo sem profundidade. Tanto que das oito finalizações da equipe no primeiro tempo, cinco foram de fora da área; e das três de dentro da área, uma delas foi a cabeçada de Rafael Tolói (Fonte: whoscored).

Já o Bahia se defendia no 4-4-1-1, compactado em curto espaço e com os wingers balançando corretamente em ação defensiva. Porém apareceram duas falhas neste sistema defensivo. Uma delas é que as peças individualmente apresentaram pouca atitude, pois a marcação se apresentou frequentemente passiva em diversas situações do jogo. E a outra é de que somente Marcos Aurélio marcava os dois volantes do Tricolor Paulista. Deste modo, Denilson e Souza foram dois dos três jogadores que mais acertaram passes na partida (71 e 49 respectivamente). Somando estes dois aspectos falhos do sistema defensivo do Tricolor Baiano, o São Paulo conseguiu sair para o jogo facilmente pela faixa central e tabelar em campo ofensivo. Estava preocupante para o Bahia.

No flagrante adiante, percebe-se vários aspectos táticos do sistema ofensivo do São Paulo e do defensivo do Bahia:

Pelo flagrante acima, percebe-se o São Paulo atacante sem amplitude e profundidade, com Alan Kardec saindo da referência e o time atacando facilmente pela faixa central do campo. Já pelo lado do Bahia, nota-se nove dos dez jogadores da equipe próximos, formando o 4-4-1 do 4-4-1-1 do posicionamento defensivo do time e com os wingers (Diego Macedo e Rafinha) balançando corretamente para o lado da bola (Reprodução: Sportv/ PFC).

Nos poucos contra-ataques obtidos na primeira etapa, o Bahia atacava com alternância dos laterais, com os wingers iniciando abertos e entrando na diagonal no momento correto, com Henrique como centroavante e, deste modo, tendo um ataque sempre com amplitude e profundidade. Já o São Paulo, em situação defensiva, se defendia no 4-4-1-1 ou no 4-4-2 compactado em bloco médio e com as linhas dos setores do time próximas. Entretanto e diferentemente dos meias abertos do quarteto titular, Michel Bastos poucas vezes balançava corretamente para o lado da bola. No flagrante adiante, as percepções destas situações de jogo das equipes ficaram mais fáceis de serem visíveis:

Pelo flagrante acima, percebe-se os aspectos táticos anteriormente descritos. Nele, nota-se o Bahia atacando com somente um dos laterais (Railan), com Henrique empurrando a linha defensiva do São Paulo para trás e com Diego Macedo e Rafinha realizando a diagonal simultaneamente. Já pelo lado do Tricolor Paulista, percebe-se o time posicionado no 4-4 do seu 4-4-1-1 ou 4-4-2, com as duas linhas próximas e com Michel Bastos não balançando defensivamente para o lado da bola e, assim, deixando Marcos Aurélio completamente livre entre ele e Souza (Reprodução: Sportv/ PFC).

No intervalo, nenhum dos técnicos realizou substituição, porém as suas equipes se modificaram. O Bahia voltou corrigindo as falhas do primeiro tempo. Em ação defensiva, Rafael Miranda passou a se adiantar e se alinhar a Marcos Aurélio, formando assim um 4-1-4-1 e neutralizando melhor os dois volantes do São Paulo. Já pelo lado ofensivo e como o time estava em desvantagem, o Tricolor Baiano passou a atacar com os dois laterais simultaneamente, valorizar a posse da bola e, assim, finalizou mais do que na primeira etapa. Já que o Bahia finalizou seis vezes no segundo tempo e quatro no primeiro. Agora o Tricolor Paulista jogou a segunda etapa com menos intensidade do que a primeira. O São Paulo passou a marcar em bloco médio, com pouca intensidade defensiva, com lenta troca de ação de jogo, mas a curta compactação e o 4-4-1-1 defensivo se mantiveram.

Com estas mudanças táticas, os comandados de Gilson Kleina passaram a chegar mais vezes no gol de Rogério Ceni através de lançamentos do terço central para o ofensivo. Pois o São Paulo apresentava pouca intensidade defensiva e permitiu este modo de ataque para os baianos. Tanto que o Bahia realizou 48 lançamentos e 18 foram feito corretamente. E ainda, mesmo com as entradas de William Barbio e Emanuel Biancuchi, a organização ofensiva se manteve.

No segundo tempo e mesmo com duas substituições feitas, o Bahia manteve os dois laterais atacando simultaneamente, com os meias abertos entrando na diagonal no momento correto e com profundidade sendo realizada por Henrique (Reprodução: Sportv/ PFC).

Ao perceber que o Bahia estava avançando melhor em campo, Muricy Ramalho colocou, aos 17, Luis Fabiano no lugar de Alan Kardec. Com esta substituição, o sistema ofensivo do São Paulo ganhou a profundidade pedida pelos três meias e o passou a finalizar de dentro da área. Tanto que das oito finalizações do segundo tempo da equipe, cinco foram de dentro da área de Marcelo Lomba, sendo duas delas corretamente no gol. O sistema ofensivo do Tricolor Paulista estava pedido este tipo de jogador.

Já o Bahia avançou ainda mais as suas linhas do time. Neste momento, a equipe deixou a se organizar em curta compactação, os dois laterais continuaram a avançar simultaneamente, mas os comandados de Gilson Kleina passaram a errar muitos dos seus 34 passes errados na partida. Como o Tricolor Paulista estava mais bem organizado ofensivamente e o Baiano pior na transição ataque-defesa, o segundo gol do São Paulo saiu em um contra-ataque sucedido por Ganso, aos 33.

Em um dos contra-ataques feitos pelo São Paulo, o time tinha Luis Fabiano empurrando a dupla de zagueiros do Bahia e, deixando assim, somente Fahel e Rafael Miranda para marcar o trio de meias do Tricolor Paulista –já que os dois laterais avançaram simultaneamente e não tiveram tempo para retornar defensivamente (Reprodução: Sportv/ PFC).

Após o segundo gol do São Paulo, o Bahia conseguiu realizar o seu gol, aos 42, com Fahel e assim como a entrada de Boschilia no lugar de Michel Bastos, pouco alterou o andamento da partida.

Fim de partida: São Paulo e Bahia no mesmo 4-2-3-1 que iniciaram o jogo.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)