Desde a chegada de Claudinei Oliveira, o Atlético-PR tem
variado o esquema tático e o modo de atuar de acordo com o mando de campo da
partida. Nos jogos na Arena da Baixada, o Furacão atua no 4-2-3-1 tentando
propor o jogo e já fora, os esquemas já variaram de 4-4-2 e 3-4-1-2, mas sempre
jogando de forma reativa. Mas vale aqui notar que independentemente do esquema
e da forma de jogar, o Atlético-PR mantém o mesmo padrão do sistema ofensivo.
Com todos os jogadores aptos para jogar, o 4-2-3-1 de
Claudinei Oliveira é utilizado desta maneira.
Assim como descrito no post sobre o sistema ofensivo do Coritiba,
o Atlético-PR também inicia a transição defesa-ataque através de três formas: a
bola longa através goleiro, a movimentação ofensiva para realizar um cruzamento
e o contra-ataque. Porém no caso do Furacão, a ordem de incidência é diferente
do que do Coxa. Pelo lado rubro-negro da partida, a bola longa do goleiro e os
cruzamentos são as principais vias de início de jogada ofensiva.
Nos tiros-de-meta, Weverton sempre realiza lançamento longo,
e estes sempre são em direção nos meias abertos ou no centroavante da equipe.
Para aumentar as chances de recuperação da bola, quando o goleiro rubro-negro
coloca a bola em uma das quinas da pequena área, todo o time balança para o
mesmo lado que a bola foi posicionada. Além desta movimentação em conjunto,
Marcos Guilherme e Dellatorre trocam de posição e os jogadores do quarteto de
frente mais próximo de quem recebeu a bola lançada se aproximam para aumentar
ainda mais as chances de recuperar a bola lançada por Weverton.
Na imagem acima, com a bola posicionada na quina da pequena
área pelo lado direito, todo o time balançou para o mesmo lado do campo. Deste
modo, as chances de recuperação da bola aumentam. Ao mesmo tempo em que esta
movimentação em conjunto acontece, Dellatorre e Marcos Guilherme trocam de
posição. No exemplo acima, com a bola indo em direção de Marcelo, Dellatorre e
Marcos Guilherme se aproxima do camisa 7 rubro-negro para que as chances de
rebote sejam aumentadas e, também, para que os dois possam ser opção de
resvalada do cabeceio de Marcelo.
Além
da bola longa vinda do goleiro, outra movimentação pelo lado em busca de
cruzamentos na área adversária. Esta movimentação ofensiva rubro-negra
apresenta alguns empecilhos, mas que no final, algumas vezes, o Atlético-PR
consegue fazer o que estava querendo. O início desta transição já começa com
alguns alentos. O primeiro é de que quando um lateral do Furacão começa a saída
de bola, o meia aberto daquele lado está muito aberto e atrás da linha do
meio-de-campo adversária. Deste modo, este meia aberto já fica no “sanduíche”
entre o lateral e outro jogador da outra equipe. Além disso, todos do quarteto
de frente do Atlético-PR espetam sem bola e, freqüentemente, esperam a bola
enfiada para eles.
O início da transição defesa-ataque do Atlético-PR é
prejudicado por ele mesmo. Pelos lados, os meias do lado se posicionam muito
abertos –assim percebe-se em Marcelo com Cleberson com a bola próximo a ele.
Com este posicionamento muito aberto, este meia impede com que Mario Sérgio
avançasse com e sem bola. Já que, bem provavelmente, haverá facilmente a troca
de marcação do time adversário e/ou deixará com inferioridade numérica no seu
setor. Ainda mesma imagem, nota-se todos do quarteto do Furacão esperando a
bola em projeção (Reprodução: Sportv/ PFC).
Mesmo
com a bola já no terço ofensivo, o Atlético-PR mantém o posicionamento do
quarteto de frente e com um deles bem aberto pelo lado da bola. No momento
deste flagrante e assim como virou uma constante nas partidas do Furacão, os
cruzamentos na área adversária são oriundos da intermediária ofensiva. Já que o
mesmo Atlético-PR se atrapalha não deixando o seu lateral chegar à linha de
fundo e, assim, facilitando a marcação do sistema defensivo adversário
(Reprodução: Sportv/ PFC).
Ainda na saída de bola, mas pelo centro do campo, a
dificuldade é aumentada. Sem nenhum dos jogadores do quarteto de frente
recuando um pouco para auxiliar a saída de bola e com todos eles esperando a
bola em profundidade, a criação de espaço sem jogador do Atlético-PR na transição
ofensiva é constante –assim como na imagem anterior (Reprodução: Sportv/ PFC).
Já o contra-ataque rubro-negro tem sido cada vez mais
escasso mesmo com time tendo muitos jogadores de frente com muita velocidade.
Esta escassez pode ter influencia dos times adversários, pois estes viram que
no primeiro turno o Atlético-PR contra-atacou muito, mas tem também influencia
do próprio time. Uma vez que o Furacão tem jogado com longo espaçamento em
campo –pois o quarteto ofensivo avança muito sem bola-, a continuidade do
contra-ataque é muito prejudicada. Deste modo, criando longos espaços entre os
próprios jogadores e somada a marcação adversária, os contragolpes rubro-negros
têm diminuído a cada jogo.
A retomada de bola do Atlético-PR no terço central do campo
geralmente acontece e normalmente acontece através de Deivid. Este quando
recupera e acerta o passe, toca para o jogador do Furacão mais próximo –no
exemplo é Hernani. Até aqui está tudo ocorrendo bem para o contra-ataque
rubro-negro, porém o problema vem logo em seguida.
Com a bola recuperada, todos do quarteto de frente do
Atlético-PR avançam muito sem a bola. Mas muito. Deste modo, Hernani passou a
ficar sem opção de passe curto e fácil e, como geralmente acontece, o time
adversário pressiona com todos do setor da bola e recupera a bola. Desta
maneira, gerando o “contra-ataque do contra-ataque” no Furacão.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)