quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Especial Atletiba: Sistema ofensivo- Coritiba

Depois dos dois últimos temas abordados para o clássico paranaense que está se aproximando, temas sobre as peças mais utilizadas e o sistema defensivo, hoje é dia de analisar o sistema ofensivo dos dois maiores clubes do Paraná. Primeiramente, assim como foi nas outras partes deste especial tático, é a vez do Coritiba.


Desde o retorno de Marquinhos Santos ao clube que o projetou, este técnico organizou um esquema tático do que priorizasse o seu camisa 10, o meia Alex. Este jogador passou a ter poucas funções defensivas e passou a atuar na referência do ataque coxa-branca. O esquema é o 4-3-3 da seguinte maneira:

O 4-3-3 do Coritiba dá liberdade defensiva para Alex, pois ele o único atacante sem ter a obrigação de retornar até o campo defensivo para compor o sistema defensivo da equipe.

Este Coritiba realiza três tipos de transição defesa-ataque: o contra-ataque, saída longa através do tiro-de-meta e saída através de passes curtos desde o seu campo defensivo. Estas três transições ofensivas são realizadas em ordem decrescentes de preferência que foram citadas. Já que esta equipe realiza muitos contra-ataques, sempre sai na bola longa com o seu goleiro nos tiros-de-meta e poucas vezes sai jogando desde o seu campo de defesa. 

O contragolpe coxa-branca inicia após a retomada de um dos jogadores do meio-de-campo. Como o time se posiciona no 4-1-4-1 em situação defensiva e como Alex fica um pouco longe da linha do meio do Coxa, após o desarme de um dos meio-campistas, o camisa 10 deste time alviverde se projeta para a entrelinha do meio-de-campo e da linha defensiva adversária. Após Alex (ou qualquer outro jogador que atue como falso 9 neste time) ter recebido a bola sem marcação por perto, os dois atacantes abertos se projetam na diagonal para explorar a saída do zagueiro que foi combater o falso 9 do Coritiba. 

Depois de retomar de bola de Robinho, Alex já se inicia a sua projeção para a entrelinha do meio-de-campo e da linha defensiva adversária. Com esta movimentação, o camisa 10 passa a ter tempo para dominar a bola quando recebê-la e atrai a marcação de um dos zagueiros adversário. Esta atração é importante para o próximo passo do contra-ataque coxa-branca (Reprodução: Bandeirantes).

Ainda no mesmo jogo, pelo flagrante acima nota-se perfeitamente o posicionamento entrelinhas de Alex em relação ao sistema defensivo adversário (Reprodução: Bandeirantes).

Nesta situação, Martinuccio –como falso 9 da equipe- recuou tanto que Robinho era quem iniciava o contra-ataque coxa-branca. No flagrante, percebe-se que há um zagueiro marcando Robinho enquanto que Dudu e Zé Love se projetam na diagonal para explorar o espaço deixado pela subida da marcação deste zagueiro do Flamengo (Reprodução: Rede Globo).

Agora em relação ao outro modo de transição defesa-ataque do Coritiba, ela é feita através da bola longa do tiro-de-meta de Vanderlei. Neste lançamento do goleiro, o falso 9 recua  e os dois atacantes centralizam. Como estes atacantes ficam alinhados e o falso 9 recua, o desenho tático da equipe passa a ser o 4-3-1-2. Mas vale notar que estas movimentações e mudança de esquema acontecem porque Vanderlei sempre cobra os tiros-de-meta na direção do falso 9, e após a resvalada de cabeça deste jogador, as chances aumentam para que o Coritiba recupere a bola. Já que em torno deste jogador haverá os dois meias e os dois atacantes da equipe.

Com a bola ainda no ar, percebe-se Martinuccio sendo o alvo do tiro-de-meta de Vanderlei, Zé Love e Dudu alinhados enquanto que Gil e Rosinei se aproximam do falso 9 que recuou da equipe. Deste modo, o desenho tático passa a ser o 4-3-1-2, mas com a devidas razões anteriormente explicadas (Reprodução: Rede Globo).

Assim como aconteceu na partida contra o Flamengo, contra o São Paulo, o falso 9 recuou –no caso era Alex que realizava esta função em campo-, os dois atacantes centralizaram e o desenho tático alterou para o 4-3-1-2 (Reprodução: Bandeirantes).

Já o último modo de transição ofensiva do Coritiba é através de passes curtos desde o seu campo defensivo. Este tipo de transição é iniciada pelos zagueiros e proliferada através dos meias da equipe. Pois uma vez que o Coxa sai para o jogo através de um dos lados do campo, somente o lateral mais próximo começa a sua projeção (avanço alternado dos laterais). Quando um meia recebe a bola, as opções de passes curtos são Alex –que  já vai estar na entrelinha adversária- e o atacante daquele lado –que se aproximou para tabelar. Enquanto estes jogadores se aproximam como opção de passe, o atacante oposto começa a sua projeção na diagonal em direção à área adversária e o lateral do lado do ataque avança para usufruir do espaço que o seu atacante fez ao atrair a marcação do lateral adversário.


Como normalmente é pelo Leandro Almeida que o Coritiba sai do campo defensivo através de passes curtos, o exemplo será a partir dele. Na imagem acima, percebe-se o encaixe individual por setor da equipe adversária montado (marcações representadas pelos traços azuis). Com a bola no pé de Leandro Almeida, Robinho –que é o meia mais próximo dele- se projeta no espaço vazio. Através desta movimentação, este meia conseguirá dominar e girar o corpo com a bola para ver de frente as opções de passes que irão aparecer para ele.

Com Robinho com a bola, Alex e Zé Love aparecem como opção de passe curto. Através das movimentações destes jogadores, Carlinhos inicia a sua trajetória nas costas do lateral que está marcando Zé Love e Joel inicia a sua trajetória para explorar as costas do zagueiro que está marcando Alex. Pelos traços azuis, percebe-se que o encaixe de marcação continua e por causa disso que essas movimentações da transição defesa-ataque do Coritiba funcionam. 

No flagrante acima, a representação em campo de toda explicação da movimentação da saída de bola curta do Coritiba (Reprodução: Sportv/ PFC).

Com a bola em campo ofensivo, o Coritiba procura explorar os lados do campo a fim de resultar em um cruzamento na área adversária. Já que, normalmente, a movimentação para explorar as costas do adversário que mais funciona a do lateral do Coxa. Agora a bola no lado do campo nos pés de um dos laterais, o atacante oposto continua a sua trajetória em direção à área adversária e quem se junta a ele é o falso 9. Deste modo, o lateral do time passa a ter, pelo menos, duas opções de cruzamento. Ao mesmo tempo em que isso tudo acontece, os dois meias da equipe passam a ficar como opção de retorno. Pois caso o lateral não consiga espaço para cruzar a bola, a equipe tenha condições para manter a posse de bola em campo ofensivo.

No flagrante, percebe-se que Norberto conseguiu chegar à linha de fundo e cruzar para a área adversária que já tem Alex e Zé Love como opções de cruzamento. Ainda na mesma imagem, nota-se Rosinei (um dos meias da equipe na partida) como opção de retorno e longe da linha do meio-de-campo adversária (Reprodução: Bandeirantes).

Já neste flagrante, os dois atacantes e mais o falso 9 tiveram tempo para entrarem na área adversária para serem opções de cruzamento para o lateral do time. Ainda na mesma imagem, percebe-se os dois meias da equipe se aproximando do ataque para que o mais próximo seja  opção de retorno e o do lado oposto seja iniciador da virada de jogo através de passes curtos da equipe (Reprodução: Sportv/ PFC).

Agora neste flagrante, nota-se a importância destes meias como opção de retorno para o time. Uma vez que a movimentação ofensiva de Carlinhos não foi bem executada, Robinho e Rosinei estão livres como opção de passe. Robinho como opção de retorno para Zé Love e Rosinei como iniciador para a virada de jogo através de passe curto. Já que quando o meia do lado oposto do início da jogada recebe a bola, o lateral daquele lado já começa a sua trajetória ofensiva para receber o passe em profundidade e recomeçar a jogada ofensiva do Coritiba (Reprodução: Bandeirantes).

Por Caio Gondo (@CaioGondo)