Depois dos dois últimos temas abordados para o clássico
paranaense que está se aproximando, temas sobre as peças mais utilizadas e o
sistema defensivo, hoje é dia de analisar o sistema ofensivo dos dois maiores
clubes do Paraná. Primeiramente, assim como foi nas outras partes deste
especial tático, é a vez do Coritiba.
Desde o retorno de Marquinhos Santos ao clube que o
projetou, este técnico organizou um esquema tático do que priorizasse o seu
camisa 10, o meia Alex. Este jogador passou a ter poucas funções defensivas e
passou a atuar na referência do ataque coxa-branca. O esquema é o 4-3-3 da
seguinte maneira:
O 4-3-3 do Coritiba dá liberdade defensiva para Alex, pois
ele o único atacante sem ter a obrigação de retornar até o campo defensivo para
compor o sistema defensivo da equipe.
Este Coritiba realiza três tipos de transição defesa-ataque:
o contra-ataque, saída longa através do tiro-de-meta e saída através de passes
curtos desde o seu campo defensivo. Estas três transições ofensivas são
realizadas em ordem decrescentes de preferência que foram citadas. Já que esta
equipe realiza muitos contra-ataques, sempre sai na bola longa com o seu
goleiro nos tiros-de-meta e poucas vezes sai jogando desde o seu campo de
defesa.
O contragolpe coxa-branca inicia após a retomada de um dos
jogadores do meio-de-campo. Como o time se posiciona no 4-1-4-1 em situação
defensiva e como Alex fica um pouco longe da linha do meio do Coxa, após o
desarme de um dos meio-campistas, o camisa 10 deste time alviverde se projeta
para a entrelinha do meio-de-campo e da linha defensiva adversária. Após Alex
(ou qualquer outro jogador que atue como falso 9 neste time) ter recebido a
bola sem marcação por perto, os dois atacantes abertos se projetam na diagonal
para explorar a saída do zagueiro que foi combater o falso 9 do Coritiba.
Depois de retomar de bola de Robinho, Alex já se inicia a
sua projeção para a entrelinha do meio-de-campo e da linha defensiva
adversária. Com esta movimentação, o camisa 10 passa a ter tempo para dominar a
bola quando recebê-la e atrai a marcação de um dos zagueiros adversário. Esta
atração é importante para o próximo passo do contra-ataque coxa-branca
(Reprodução: Bandeirantes).
Ainda no mesmo jogo, pelo flagrante acima nota-se
perfeitamente o posicionamento entrelinhas de Alex em relação ao sistema
defensivo adversário (Reprodução: Bandeirantes).
Nesta situação, Martinuccio –como falso 9 da equipe- recuou
tanto que Robinho era quem iniciava o contra-ataque coxa-branca. No flagrante,
percebe-se que há um zagueiro marcando Robinho enquanto que Dudu e Zé Love se
projetam na diagonal para explorar o espaço deixado pela subida da marcação
deste zagueiro do Flamengo (Reprodução: Rede Globo).
Agora
em relação ao outro modo de transição defesa-ataque do Coritiba, ela é feita
através da bola longa do tiro-de-meta de Vanderlei. Neste lançamento do
goleiro, o falso 9 recua e os dois
atacantes centralizam. Como estes atacantes ficam alinhados e o falso 9 recua,
o desenho tático da equipe passa a ser o 4-3-1-2. Mas vale notar que estas
movimentações e mudança de esquema acontecem porque Vanderlei sempre cobra os
tiros-de-meta na direção do falso 9, e após a resvalada de cabeça deste
jogador, as chances aumentam para que o Coritiba recupere a bola. Já que em
torno deste jogador haverá os dois meias e os dois atacantes da equipe.
Com a bola ainda no ar, percebe-se Martinuccio sendo o alvo
do tiro-de-meta de Vanderlei, Zé Love e Dudu alinhados enquanto que Gil e
Rosinei se aproximam do falso 9 que recuou da equipe. Deste modo, o desenho
tático passa a ser o 4-3-1-2, mas com a devidas razões anteriormente explicadas
(Reprodução: Rede Globo).
Assim como aconteceu na partida contra o Flamengo, contra o
São Paulo, o falso 9 recuou –no caso era Alex que realizava esta função em
campo-, os dois atacantes centralizaram e o desenho tático alterou para o
4-3-1-2 (Reprodução: Bandeirantes).
Já
o último modo de transição ofensiva do Coritiba é através de passes curtos
desde o seu campo defensivo. Este tipo de transição é iniciada pelos zagueiros
e proliferada através dos meias da equipe. Pois uma vez que o Coxa sai para o
jogo através de um dos lados do campo, somente o lateral mais próximo começa a
sua projeção (avanço alternado dos laterais). Quando um meia recebe a bola, as
opções de passes curtos são Alex –que já
vai estar na entrelinha adversária- e o atacante daquele lado –que se aproximou
para tabelar. Enquanto estes jogadores se aproximam como opção de passe, o
atacante oposto começa a sua projeção na diagonal em direção à área adversária
e o lateral do lado do ataque avança para usufruir do espaço que o seu atacante
fez ao atrair a marcação do lateral adversário.
Como normalmente é pelo Leandro Almeida que o Coritiba sai
do campo defensivo através de passes curtos, o exemplo será a partir dele. Na
imagem acima, percebe-se o encaixe individual por setor da equipe adversária
montado (marcações representadas pelos traços azuis). Com a bola no pé de
Leandro Almeida, Robinho –que é o meia mais próximo dele- se projeta no espaço
vazio. Através desta movimentação, este meia conseguirá dominar e girar o corpo
com a bola para ver de frente as opções de passes que irão aparecer para ele.
Com Robinho com a bola, Alex e Zé Love aparecem como opção
de passe curto. Através das movimentações destes jogadores, Carlinhos inicia a
sua trajetória nas costas do lateral que está marcando Zé Love e Joel inicia a
sua trajetória para explorar as costas do zagueiro que está marcando Alex.
Pelos traços azuis, percebe-se que o encaixe de marcação continua e por causa
disso que essas movimentações da transição defesa-ataque do Coritiba funcionam.
No flagrante acima, a representação em campo de toda
explicação da movimentação da saída de bola curta do Coritiba (Reprodução:
Sportv/ PFC).
Com a bola em campo ofensivo, o Coritiba procura explorar os
lados do campo a fim de resultar em um cruzamento na área adversária. Já que,
normalmente, a movimentação para explorar as costas do adversário que mais
funciona a do lateral do Coxa. Agora a bola no lado do campo nos pés de um dos
laterais, o atacante oposto continua a sua trajetória em direção à área adversária
e quem se junta a ele é o falso 9. Deste modo, o lateral do time passa a ter,
pelo menos, duas opções de cruzamento. Ao mesmo tempo em que isso tudo
acontece, os dois meias da equipe passam a ficar como opção de retorno. Pois caso
o lateral não consiga espaço para cruzar a bola, a equipe tenha condições para
manter a posse de bola em campo ofensivo.
No flagrante, percebe-se que Norberto conseguiu chegar à
linha de fundo e cruzar para a área adversária que já tem Alex e Zé Love como
opções de cruzamento. Ainda na mesma imagem, nota-se Rosinei (um dos meias da
equipe na partida) como opção de retorno e longe da linha do meio-de-campo
adversária (Reprodução: Bandeirantes).
Já neste flagrante, os dois atacantes e mais o falso 9
tiveram tempo para entrarem na área adversária para serem opções de cruzamento
para o lateral do time. Ainda na mesma imagem, percebe-se os dois meias da
equipe se aproximando do ataque para que o mais próximo seja opção de retorno e o do lado oposto seja
iniciador da virada de jogo através de passes curtos da equipe (Reprodução:
Sportv/ PFC).
Agora neste flagrante, nota-se a importância destes meias
como opção de retorno para o time. Uma vez que a movimentação ofensiva de
Carlinhos não foi bem executada, Robinho e Rosinei estão livres como opção de
passe. Robinho como opção de retorno para Zé Love e Rosinei como iniciador para
a virada de jogo através de passe curto. Já que quando o meia do lado oposto do
início da jogada recebe a bola, o lateral daquele lado já começa a sua
trajetória ofensiva para receber o passe em profundidade e recomeçar a jogada
ofensiva do Coritiba (Reprodução: Bandeirantes).
Por Caio Gondo (@CaioGondo)