sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Os opostos alvinegros: Análise tática de Santos 5x0 Botafogo

Santos e Botafogo no 4-2-3-1. Os extremos santistas ocasionalmente se aproximavam da área, para compor um trio de ataque.
O Santos de Enderson Moreira veio com a vantagem conquistada fora de casa em mente, porém sem medo de ir à frente. Dessa forma, o 4-2-3-1/4-3-3 exibido possuía velocidade nas transições, laterais ofensivos e um trio de ataque dinâmico e letal, onde além de Gabriel, principalmente Geuvânio se aproximava do gol adversário, vindo do flanco direito. A velocidade pelos flancos foi essencial para o Santos, que se aproveitou do péssimo posicionamento e das muitas improvisações do alvinegro carioca para encaixar seus contragolpes. Defensivamente, posicionavam-se em bloco médio-baixo, com marcação zonal, realizando pressão esporádica à saída adversária.

A equipe do Botafogo buscou propor o jogo no 4-2-3-1, tentando manter a posse, porém sendo incapaz de trocar passes pelo centro da cancha, realizando um trabalho um pouco melhor apenas pelos lados. Consequentemente, Yuri Mamute, no centro do ataque, esteve estático e pouco fez durante a partida, assim como Ramirez, isolado no centro do meio campo. Defensivamente, os problemas se multiplicavam, com um mau posicionamento das linhas defensivas, permitindo passes entre linhas e lançamentos. Ambos os volantes tinham pouco ímpeto na marcação, e foram ineficazes na cobertura de espaços, deixando a linha dos zagueiros mais exposta. Além disso, os muitos desfalques obrigaram Vagner Mancini a colocar jogadores em posições nas quais os mesmos não sentiam-se confortáveis, e a incluir na equipe titular atletas com pouquíssima experiência profissional.

A superioridade santista foi evidente desde o início do primeiro tempo, e a velocidade e a movimentação pelos flancos deu resultado já aos 06 minutos, quando Lucas Lima acertou um belo lançamento para Mena, que avançou pela direita com liberdade e cruzou rasteiro para Gabriel, que se antecipou ao defensor e finalizou com classe. David Braz marcou o segundo tento pouco depois, após um escanteio e uma saída equivocada do goleiro Andrey. Após o segundo gol, o Botafogo se lançou francamente ao ataque, porém de forma desorganizada, expondo ainda mais a defesa e espaçando os setores. Wallyson acertou em trave em perigosa cobrança de falta, mas pouco depois em um contragolpe Lucas Lima, encontrou a defesa adversária exposta e pode avançar por 60 metros de campo sem ser incomodado antes de driblar e finalizar para as redes. A classificação já estava definida antes dos 40 minutos de jogo.

O Botafogo tentou uma atitude mais cautelosa no segundo tempo para evitar um placar vexaminoso, mas também não foi eficiente nessa proposta, sendo incapaz de demonstrar a mínima competitividade durante a etapa derradeira. Enquanto isso, o Alvinegro Praiano manteve-se na mesma toada, não tendo dificuldades para criar muitas oportunidades de gol em contra-ataques e bolas paradas, ampliando com David Braz novamente aos 17 e com Geuvânio aos 22, e poderia ter feito mais se não fosse o preciosismo em algumas jogadas, assim como as boas intervenções de Andrey. 

Em situações opostas, os dois alvinegros tem em comum apenas o fato de que provavelmente lutarão até o fim da temporada para alcançar seus objetivos. A equipe de Enderson Moreira, apesar do ótimo resultado, segue oscilante no contexto geral, e precisa encontrar o equilíbrio para subir posições na tabela do Brasileiro, e principalmente para encarar uma duríssima semifinal contra o Cruzeiro, e essa grande exibição pode marcar o início de uma grande fase. Ao Botafogo, desfalcado e sem entrosamento, apenas resta juntar os cacos para buscar uma improvável permanência na Série A.

Por Felipe de Faria