terça-feira, 4 de novembro de 2014

A Juventus, repaginada por Allegri, sofre e sobrevive na Champions League

A hegemonia de anos e a latente decadência do calcio, fazem da provisória liderança da Juventus na bota um mero detalhe, uma doce obrigação nesse começo de trabalho de Massimiliano Allegri à frente da Vecchia Signora. Além do mais, o começo na Champions foi de arrepiar cabelo de cadáver em qualquer IML de Turim - duas derrotas em três jogos - fazendo do confronto contra o Olympiacos uma verdadeira decisão. Sem poder contar com o uruguaio Martin Cáceres, tampouco com Barzagli, Allegri decidiu desfazer a linha de 3 zagueiros - uma marca do trabalho de Antonio Conte - apostando por um 4-3-1-2 inusual. Com o novo sistema, Arturo Vidal, vindo de lesão e alvo da afiada crítica italiana, ficava posicionado como ponta de lança, nos mesmos moldes criado por Sampaoli na Copa do Mundo. O tricampeão grego, tendo em vista os 3 pontos de vantagem, se posicionou com uma postura especulativa no 4-4-1-1 muito bem definido pelo treinador espanhol Michel.
O começo do jogo tinha a Juventus com domínio territorial e de possessão - que durante quase todo o jogo ficou perto de 60% - contudo, os gregos, astutos e concentrados, se defendiam bem com as duas linhas bem próximas e Chori Dominguez cuidado de Pirlo, o regista da Juve. A descompensação tática - com a superioridade italiana no meio de campo pelo lado direito - originaram a primeira chance de gol para os italianos, com Marchisio encontrando espaço entre Milivojevic e Afellay para arriscar um tiro de media distância.

O predomínio da Juventus tinha em Pogba o seu único ponto de desequilibrio no mano a mano contra N'dinga; foi assim que o francês avançou, desnudando o seu talento possante até ser derrubado por Milivojevic na entrada da área. Como sabemos, para Pirlo, esse tipo de infração é quase um pênalti, assim, o craque anotaria com maestria a vantagem aos 21 minutos. O Imponderável F.C daria o ar da graça 4 minutos depois, quando um contra-ataque despretensioso gerou o primeiro escanteio grego no confronto. Chori Dominguez bateu e o zagueiro espanhol Botía, antecipando-se a Chiellini, marcou o empate.

A Juve ainda teria a chance de virar o jogo, quando Tevez recebeu de Vidal, ás costas dos volantes N'dinga e Milijoveci, em condição para deixar Morata cara a cara com Roberto; no entanto, o espanhol titubeou batendo contra as pernas do arqueiro compatriota. A segunda etapa seguia a mesma toada: o domínio pouco criativo italiano e um Olympiacos especulativo. Tudo começou a mudar com o ingresso de Llorente no lugar de Morata, resolvendo a clara falta de movimentação da dupla de ataque da Juventus. Logo na sequência, em um lance casual, Maniatis pegou um rebote e jogou para área encontrando a cabeça de N'dinga: 2x1 Olympiacos e Juventus perto da eliminação precoce. 

O jogo era frenético, deixando incrédulos os tifosis na Arena Juventus. Até que um cruzamento de Pirlo encontrou primeiro o desvio em Botía, depois o toque fortuito de Llorente e finalmente a infelicidade do ótimo goleiro Roberto: 2x2 aos 20 minutos da etapa derradeira. No lance seguinte veio a virada com um lance de talento de Pogba, o melhor homem em campo, que com um chute rasante colocava a Vecchia Signora novamente na briga pela segunda vaga no grupo A.


Michel colocou Fuster para acompanhar Mitroglou no comando de ataque. Allegri também movia suas peças com Padoin entrando no lugar do apagado Marchisio pelo lado direito no losango do meio campo. Os gregos, enfim, partiram para o jogo com os laterais Elabdellaoui e Masuaku subindo constantemente para o ataque. Elabdellaoui pela direita fez linda jogava as costas de Asamoah, chutando cruzando e quase empatando o confronto. Michel foi com tudo para cima com os ingressos de Kasami e Diamantakos nos lugares de Maniatis e N'dinga. Os gregos passavam a atuar num 4-3-3 com Fuster, Mitroglou e Diamantakos no ataque e Afellay recuado para a linha dos volantes. Allegri, com receio, decidiu pela entrada de Roberto Pereyra para atuar como volante pela direita, combatendo a pressão grega.

No final do jogo após arrancada de Tevez, a Juve conseguiu um pênalti para fechar o jogo e reconquistar o segundo lugar no grupo através do saldo de gols. No entanto, Vidal, de partida apagada e fase ruim após a grave lesão que quase o marginou do mundial, desperdiçou. A Juventus sofreu, venceu e segue viva, mas precisa de um "algo a mais" de seus jogadores mais importantes nos últimos metros do campo, entenda-se Tevez, Pogba, Morata e Vidal.

Por Felipe Bigliazzi (@FelipeBigliazzi)