O
Atlético-PR e o Atlético-MG realizaram um dos jogos da 32ª rodada do Campeonato
Brasileiro. Além do nome, estes dois times tiveram em comum o 4-2-3-1, a curta
compactação e seus wingers só marcando os laterais adversários. Para a vitória
por 1 x 0 do Furacão, as equipes iniciaram deste modo:
Atlético-PR
e Atlético-MG no 4-2-3-1.
Com
o gol da vitória feito aos 40 segundos do primeiro tempo, as reais propostas
dos times não puderam ser vistas. Já após este tento, o Atlético-PR se defendia
no 4-4-2 ou 4-4-1-1, em curta compactação entre intermediárias, com seus
wingers só marcando os laterais adversários e com o quarteto de frente trocando
de posição constantemente. Tanto em ação ofensiva quanto na defensiva. Na fase
defensiva, Marcelo, Bady, Marcos Guilherme e Cléo sempre mantinham a estrutura
defensiva da equipe mesmo com um deles “fora” da posição inicial (como por
exemplo, Marcelo sem estar aberto pela direita).
Agora
com o gol sofrido no início da partida, o Atlético-MG apresentou boa parte da
movimentação ofensiva que encantou o Brasil recentemente. O time atacou com os
dois laterais simultaneamente, Tardelli era a referência de movimentação do
quarteto de frente e Carlos e Luan freqüentemente entravam na diagonal longa
para ser referência central do sistema ofensivo.
Tardelli
foi a referência ofensiva do quarteto ofensivo e do time do Atlético-MG. Para
onde o camisa 9 alvinegro se movimentava, Luan, Maicoussuel e Carlos passaram a
ocupar as outras posição do 3-1 do 4-2-3-1 da equipe. No flagrante acima,
nota-se Diego Tardelli aberto na direita, enquanto que Luan e Maicoussuel se
tornaram meia central e o falso 9, enquanto que Carlos partiu da esquerda para
à área para se tornar a referência do ataque do Galo (Reprodução: Sportv/ PFC).
Já
neste flagrante, percebe-se Tardelli como falso 9, pois Luan é o jogador na
faixa central do quarteto ofensivo que está atrás do camisa 9 alvinegro. Ainda
nesta mesma imagem, nota-se Carlos que estava aberto na direita já na
referência do ataque e Maicoussuel, que não aparece na jogada, aberto na
esquerda e atraindo a marcação do volante Deivid do Atlético-PR. Para que
Deivid estivesse ali, Diego Tardelli havia iniciado o ataque aberto na esquerda
e atraiu a marcação do lateral-direito Mário Sérgio (Reprodução: Sportv/ PFC).
Entretanto,
o Atlético-MG não apresentou o mesmo volume e intensidade ofensiva da época que
surpreendeu o Brasil na eliminação do Corinthians na Copa do Brasil. Estes
aspectos foram prejudicados pela lesão de Guilherme e precária saída de bola
dos atuais volantes. Sem Leandro Donizete e Dátolo nas posições, o Galo jogou
com Pierre e Josué. O camisa 5 alvinegro foi o jogador que mais realizou passes
e viradas de jogos corretas na partida. Ao todo, Pierre realizou 48 passes
certos e seis inversões de jogo. Porém, o passe que fura o sistema defensivo
adversário, este jogador não tem. Deste modo, Tardelli constantemente acabou
saindo do quarteto ofensivo e se aproximava dos volantes para que saída de bola
alvinegra tivesse mais qualidade.
Mapa
de passes certos de Pierre na partida (o mapa tem como referência da direita
para a esquerda): sem Leandro Donizete e Dátolo, Pierre foi o responsável para
iniciar a transição defesa-ataque do time. Desta maneira, o camisa 5 do Galo
realizou diversos passes certos entre as intermediárias dos times, mas poucos deles
furando o sistema defensivo do Atlético-PR (Fonte: whoscored).
Sem
o passe diferenciado de Pierre, Tardelli freqüentemente recuava para realizar
uma melhor saída de bola. Pelo heatmap acima, note que o camisa 9 alvinegro só
atuou da intermediária defensiva para frente, mas ocupando todo espaço deste
então. A sua maior freqüência foi pela esquerda, mas percebe-se que ele atuou
por todo campo ofensivo (Fonte: Footstats).
Defensivamente,
o Atlético-MG se defendia n o 4-4-2, com manutenção da curta compactação até o
terço defensivo, com os wingers só marcando os laterais adversários e com o
time deixando de balançar defensivamente em constantes vezes.
Flagrante
do 4-4-2 defensivo do Atlético-MG. Neste flagrante, percebe-se que mesmo bem
próximo do terço defensivo, a curta compactação da equipe se mantinha. E ainda
na mesma imagem, note que com o lateral-esquerdo do Atlético-PR recuando, Luan
começa a deixar a fazer parte do sistema defensivo alvinegro e, assim, deixa de
balançar defensivamente com Pierre. Deste modo, Luan fez aumentar a distância
entre ele e o camisa 5 do Galo (Reprodução: Sportv/ PFC).
Ainda
sobre o mesmo aspecto anteriormente citado, a falta de balanceamento defensivo
do Atlético-MG foi frequente. Pelo flagrante acima, nota-se os grandes espaços
entre Edcarlos-Douglas Santos e Josué-Pierre, já que a bola estava pelo lado
esquerdo da equipe e Edcarlos e Pierre não balançaram para o lado da bola. Ou
seja, este tipo de falha defensiva não era exclusividade dos wingers do Galo
(Reprodução: Sportv/ PFC) (Errata: em vez de Sueliton, era Mário Sérgio que estava com a bola pelo Atlético-PR).
Já o
Atlético-PR atacou com alternância dos laterais, com os wingers não tão abertos
e, assim, não congestionando o avanço dos laterais rubro-negros. Como no primeiro
tempo, o Furacão realizou rapidamente o gol, o time acabou procurando muito a
transição ofensiva rápida. Agora na segunda etapa, o time paranaense procurou
manter mais a posse da bola em campo ofensivo e, deste modo, constantemente
achava a ultrapassagem do lateral que atacava.
Já
no segundo tempo e mesmo com a entrada de Dellatorre no lugar de Marcelo, o
Atlético-PR manteve o padrão ofensivo. No flagrante acima, percebe-se
Dellatorre atuando como winger esquerdo, mas não aberto por este lado. Desta
maneira, o camisa 11 rubro-negro conseguiu abrir espaço para a ultrapassagem e
projeção à frente de Natanael. Além deste padrão ofensivo da equipe paranaense,
note também que no lado oposto, Cléo e Marcos Guilherme se posicionaram
corretamente nos vãos da linha defensiva do Atlético-MG e, assim, bem
posicionados para poderem antecipar as bolas que forem em suas direções
(Reprodução: Sportv/ PFC).
Mapa
de passes certos de Marcos Guilherme (a referência do mapa é da esquerda para a
direita): como Marcos Guilherme foi o único meia do Atlético-PR que iniciou e
terminou a partida em campo, ele será a referência deste apontamento. Pelo mapa
acima, percebe-se mesmo que nenhum dos meias do Furacão vai até a linha de
fundo do ataque e de que, ofensivamente, atua na meia e pedem a passagem do
lateral do time. Os dois passes certos de Marcos Guilherme na diagonal superior
direita evidenciam que este posicionamento do meia aberto do Atlético-PR não é
por um acaso (Fonte: whoscored).
Como
no segundo tempo o Atlético-PR procurou manter mais a posse da bola em campo
ofensivo do que no primeiro tempo, o Furacão equilibrou as ações do jogo. Além
disso, no intervalo da partida, Claudinei Oliveira voltou com o time no 4-3-3 e
posicionando a equipe defensivamente no 4-1-4-1. Com este novo posicionamento
defensivo, este time paranaense conseguiu neutralizar os poucos avanços dos
volantes do Atlético-MG, a ocupar melhor o meio espaço defensivo e a ter Deivid
para combater o jogador do Galo que ocupava a posição de meia central durante o
ataque. Já Levir Culpi colocou Jô no lugar de Maicoussuel e, assim, o time
perdeu a movimentação ofensiva que o time tinha. Pois com Jô, a equipe deixou
de ter no jogador da referência do time a função de falso 9 e passou a ter a de
um centroavante fixo. O Atlético-MG ganhou em profundidade, mas perdeu em
mobilidade.
Com
Jô, o Atlético-MG passou a ter dois jogadores sendo a referência do time em
ação ofensiva, mas o 4-1-4-1 do Atlético-PR diminuiu as direções das projeções
de Tardelli. Como Cléo balançava no volante do Galo mais próximo da jogada, o
camisa 9 alvinegro não tinha mais a aproximação dos volantes do seu time e nem
da aproximação do lateral com a bola. Deste modo só sobrando a diagonal
ofensiva para o lado da bola. Além de melhor neutralização de Tardelli, o
4-1-4-1 do Furacão ocupou o melhor o meio espaço do time (espaço este
representado pelo quadrado azul ocupado por Paulinho Dias). A ocupação deste
espaço evitava com que o Atlético-MG virasse a bola com facilidade e com que o
Galo não achasse o volante ou lateral oposto do lado da bola em projeção sem
marcação adversária.
Com
as entradas de Hernani e Otávio, o Atlético-PR se estabeleceu de vez no
4-1-4-1, mas agora com dois volantes a frente de Deivid. Já com as entradas de
Marion e Cesinha, o Atlético-MG passou a jogar no 4-4-2 e empurrou de vez
Tardelli para o ataque alvinegro. Pois com estes dois novos jogadores, o Galo
passou a ter mais qualidade no passe em campo ofensivo, já que Pierre manteve a
função de iniciar a transição defesa-ataque do time.
Fim
de partida: Atlético-PR no 4-3-3 e Atlético-MG no 4-4-2.
Por
Caio Gondo (@CaioGondo)