quarta-feira, 19 de novembro de 2014

CHILE X URUGUAI: Tabarez encontra o substituto de Suarez nos pés do garoto Rolan; La Roja sofre com sua defesa baixa e a falta de enganche e centroavante

Com tanto amistoso modorrento nesta quarta, voltou-se a questionar o real fundamento de tanta data FIFA em 2014. Seria apenas um grande negócio para as Federações Nacionais? Politicagens à parte, em Santiago, mais precisamente em Macul - bairro onde se localiza o estádio Monumental do Colo Colo - Chile e Uruguai fizeram um amistoso à vera. Um confronto envolvendo grande seleções com a intensidade requerida de uma preparação séria destinada para a próxima Copa América que será disputada em terras mapuches. 

Sampaoli surpreendeu ao deixar Valdivia no banco após a grande atuação do Mago na última sexta frente à seleção vinotinto. No Chile se discute muito a falta de um enganche, tanto que Alexis Sanchez desatou a polêmica e um certo desgosto em Vidal ao pedir pelos retornos de Jorge Valdivia, Matias Fernandez ou David Pizarro para qualificar o último passe e dar um pouco de pausa a um time frenético. Contudo, diante do Uruguai Sampaoli escalou La Roja no 4-3-3 que se transforma muitas vezes num 4-3-1-2 com a movimentação constante de Alexis por todos os setores do ataque; O jogador do Arsenal saia muita das vezes da posição de falso 9 para flutuar as costas de Arevalo Rios. 

A defesa foi composta por Medel e Jara no miolo de zaga, com Marcelo Diaz quase como líbero, liberando os alas Isla e Medel. No ataque, Fabia Orellana, de grande momento no Celta de Vigo, ganhou uma chance como wing pela esquerda duelando contra Maxi Pereira, enquanto Eduardo Vargas fazia o mesmo pelo esquerdo contra Palito Pereira.
Pelo lado oriental, El Maestro Oscar Tabarez começou a definir o substituto de Luis Suarez, que graças a rigorosa punição da FIFA, não disputará a Copa América. Deixando o habitual 4-4-1-1, Tabarez postou o Uruguai no 4-1-4-1 com Arevalo como volante central e uma linha de quatro homens à frente do volante do Monarcas Morelia. Diego Rolan, a jovem promessa do Bordeaux, evitava as subidas de Mena, ao passo que Cebolla Rodriguez fazia o mesmo pelo lado oposto contra Isla. Por dentro, no meio de campo Lodeiro e Carlos Sanchez - de grande momento no River Plate - duelavam contra Aranguiz e Vidal. 

O Chile mandou no primeiro tempo, em um monólogo propiciado pela ocupação completa do campo Uruguaio com muita intensidade e mudança constante de posição em vários setores do campos. Apesar do amplo domínio e da posse que chegou a 70%, o Chile finalizava pouco, talvez pela falta de qualidade no último passe  e de uma maior presença de área. Presença essa que só vimos justamente no lance do primeiro gol, quando Fabian Orellana cruzou da esquerda encontrando Alexis Sanchez livre entre Alvaro Pereira e Diego Godin, para conectar de cabeça direto para as redes de Muslera. 

O Uruguai especulava, mesmo com a desvantagem no placar, tanto que Cavani ficava isolado entre Medel e Jara. A única chance antes do empate veio em uma ligação direta efetuada por Gimenez, que Rolon conectou de primeira assustando Bravo. O gol de empate veio no último minuto do primeiro tempo, quando Medel atrasado na cobertura de Isla cometeu falta em Palito Pereira. A baixa zaga chilena voltava a sofrer pelo alto, dando condição ideal para Rolan empatar de cabeça e em grande estilo.
No segundo tempo, Oscar Tabarez decidiu voltar a configurar os charruas no 4-4-1-1. Assim, o Uruguai conseguiu conter o amplo domínio chileno, acertando a marcação com os ingressos de Gusman Pereira, Mathias Corujo e Gaston Ramirez. Tabarez procura renovar a Celeste dando cancha a esses novos jogadores. Corujo foi para a lateral direita, Gusman Pereira formou dupla com Arevalo na cabeça de área, ao passo que Gaston Ramirez ficou como enlance, combatendo o primeiro passe chileno que estava a cargo de Marcelo Diaz. O Chile perdia intensidade, e como se fosse pouco, sofria com a juventude uruguaia nos contra ataques,. Cavani teve boas chances de anotar a vantagem charrua. Não fosse Bravo, somada a falta de pontaria, o Uruguai conseguiria a virada antes da primeira metade da etapa final. Sampaoli ainda tentou dar maior presença na área com o ingresso de Pinilla. Alexis foi para a ponta esquerda, invertendo de posição com Orellana.

Oscar Tabarez colocaria Alvaro Gonzalez e Abel Hernandez para os lugares de Cavani e Cebolla Rodriguez. Logo no primeiro lance, a dupla recém ingressada participou efetivamente após um lançamento longo para que Rolan de cabeça servisse o meia da Lazio para anotar o gol da virada. No final, Jonathan Rodriguez,a jovem promessa do Peñarol,  ingressou no lugar de Rolan pela ponta esquerda. Do lado chileno Beausejour e Millar entraram nos lugares de Mena e Marcelo Diaz. Nesse ótimo teste, Tabarez encontrou o substituto ideal para Suarez, e ele atende pelo nome de Diego Rolan. No Chile, as velhas virtudes do conjunto de Sampaoli, sempre quando se consegue manter a intensidade. O desafio é aumentar a estatura da defesa, encontrar um enganche confiável e dar maior presença na área rival com uma nova configuração ofensiva.


Por Felipe Bigliazzi (@FelipeBigliazzi)