segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Com forte marcação e velocidade nas pontas, Grêmio estraçalha o Inter

Foi um clássico Gre-Nal atípico. Teve confusão - como sempre - mas aquele jogo de muitas faltas, entradas fortes e poucos lances efetivos deu lugar a um jogo de extrema intensidade, bola no chão e gols. Pior para o Inter, que deixou pra trás uma invencibilidade de 2 anos diante do rival. Melhor pra o Grêmio, que além de golear, roubou a vaga que era do Colorado no G4.

1o tempo: Força Gremista supera a técnica Colorada

Felipão prometia surpresas durante a semana, mas acabou indo a campo com a equipe que vem sendo utilizada como base desde o início do trabalho do treinador. O 4-3-2-1 tinha dois laterais que se altenavam nas subidas para o ataque e três volantes formando uma linha sempre bem compactada: Ramiro na direita, Wallace no meio e Felipe Bastos na esquerda. Mais à frente, Dudu atuou aberto pelo lado esquerdo, Luan na direita e Barcos centralizado. Essa movimentação do tri ofensivo Gremista trocava à todo o momento: Luan e Dudu em muitas oportunidades caiam pelo mesmo setor para fazer o tabelamento, enquanto Barcos saia constantemente da área para fazer o pivô e projetar a entrada dos dois companheiros em velocidade na área do adversário.

Abel optou pelo 4-2-3-1 que já havia sido testado nas últimas rodadas. Aránguiz formava a primeira linha pelo lado direito, tendo Willians à sua esquerda, enquanto a linha de 3 meias tinha Dale na direita, Alex no centro e Alan Patrick na esquerda. A grande diferença em relação à partida com o Santos era a movimentação de Aránguiz: no jogo contra os Santistas ele fazia o escape pela direita e o tabelamento com Dale. No Gre-Nal, se restringiu à tarefa defensiva e pouco apoiou.

A falta de amplitude foi o principal problema do Inter na primeira etapa. Os laterais, tanto Wellington Silva quanto Alan Rushel, pouco subiam para o apoio e ainda erravam demais quando o Inter era atacado. Com os meias que atuavam pelos lados se projetando da ponta para o centro e afunilando o jogo, a tarefa defensiva da trinca de volantes de Felipão se tornou mais fácil. O Grêmio fazia a marcação em bloco-alto, com Barcos e Luan pressionando a saída de bola dos zagueiros Colorados e encaixotando o Inter contra o seu campo de defesa.

O Grêmio achava muito espaço nos lados, onde Wellington Silva e Alan Rushel sempre ficavam no mano-a-mano com o adversário ou envolvidos por dois jogadores. O primeiro gol saiu em uma jogada de lado, mas em que Barcos foi decisivo: Dudu roubou a bola de Willians e tabelou com o 9 Gremista, que fez o pivô: Dudu foi até a linha de fundo e achou Luan, que abriu o placar.

O Inter teve o seu melhor momento na partida nos 15 minutos finais da primeira etapa, quando criou 3 chamces de gol em bolas paradas. A pressão se deu muito mais em função dos lampejos criativos de Alex do que de uma organização maior Colorada. Mesmo tendo muitas vezes mais de um jogador a marca-lo, o experiente meia conseguia se desvencilhar da marcação com dribles e criar oportunidades.

1o tempo: Grêmio pressiona, Inter se defende


2o tempo: Grêmio cresce e amassa o rival

Os problemas de amplitude no ataque e as deficiências na marcação pelos lados não foram corrigidos por Abel no intervalo. O Grêmio começou a segunda etapa com a mesma formatação tática, mas num ritmo ainda mais intenso. O segundo gol Gremista veio logo no início do segundo tempo, numa assistência de Luan para Ramiro. Detalhe: como Felipe Bastos tinha D'Alessandro no seu setor, Ramiro foi a válvula de escape do Tricolor no jogo. No lance do gol, ele se projetou da direita pro meio sem que nenhum jogador do adversário o acompanhasse. Alan Rushel saiu no seu encalço, mas desistiu de segui-lo no meio do caminho.

Após o segundo gol, Abel colocou Rafael Moura no lugar de Alan Patrick. O Inter passou para o 4-4-1-1. A grande sacada do treinador foi colocar Moura como elemento-surpresa vindo de trás e mantendo Nilmar como pivô. O setor defensivo do Grêmio demorou para assimilar a nova formatação Colorada, deixando um grande espaço para Rafael Moura no lance do gol do Inter.

Depois de acertar com Moura, Abel optou por Valdívia no lugar de Alex, perdendo o seu único organizador eficiente na partida. Felipão, por outro lado, acertou com Giuliano e Alan Ruiz no lugar de Ramiro e Luan. O Grêmio passou para o 4-4-2, tendo Giuliano no lado direito da linha de meio e Luan no lado esquerdo. Barcos seguiu na referência, mas tendo ao seu lado Alan Ruiz, que entrou para ser um "ponta-direita", explorando as costas de Alan Rushel. Em 10 minutos, o Alan Argentino destruiu o jogo, cavando a falta que daria origem ao seu próprio gol (e em que Willians deveria ter sido expulso) e fazendo o quarto gol, concluindo um contra-ataque magistral puxado por Dudu.

2a metade do 2o tempo: Inter vai pra cima, mas deixa
espaços a serem explorados pelo Grêmio

Detalhe do último gol: Dale, Willians e Wellington Silva vão pressionar Dudu, que lança Giuliano, com o meia se projetando completamente livre de marcação. O lance sintetiza toda a falta de organização do sistema defensivo Colorado na partida. O Grêmio ganha fôlego e moral na luta pelo G4: o Inter terá que juntar os cacos e se refazer para tentar seguir com chance de Libertadores.