Pela
33ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Corinthians jogou da mesma maneira que
vem atuando neste campeonato. Já o Santos modificou algumas de suas
movimentações ofensivas em relação aos jogos contra o Cruzeiro, mas, mesmo
assim, acabou derrotado por 1 x 0. Para esta vitória paulistana, o Timão e o
Peixe começaram no 4-2-3-1:
Corinthians
e Santos no 4-2-3-1
O
Santos, diferentemente do que mostrou nas semifinais da Copa do Brasil contra o
Cruzeiro, apresentou algumas
movimentações ofensivas modificadas para esta partida contra o Corinthians.
Diante da Raposa, o Peixe, atacava com alternância dos laterais, com Arouca
iniciando as jogadas e sendo opção de retorno, com Rildo, Gabriel e Lucas Lima
se projetando à frente diante da segurada de bola de Robinho. Já contra o
Timão, o time da Baixada Santista, desde o gol de Guerrero aos 6 do primeiro
tempo, atacou com os dois laterais simultaneamente, com Serginho e Rildo
entrando nas diagonais, com Arouca se projetando muito à frente, Lucas Lima
sendo opção de retorno e Gabriel se movendo muito pouco. Estas últimas sofreram
influência do sistema defensivo do Corinthians.
A
equipe da capital paulista se defendia no 4-4-1-1 ou 4-4-2, entre intermediárias,compactada
em curto espaço e balançando corretamente para o lado da bola. Como a linha de
4 do meio-de-campo sempre balançavam defensivamente para o lado da bola, os
laterais do Santos tiveram “espaço” para avançar o terreno e, por isso, subiam
simultaneamente. Já Arouca, ao avançar, tentava usufruir a entrelinhas que
Gabriel não aproveitava como Robinho usou contra o Cruzeiro. Gabriel não
conseguia se mover, pois as duas linhas de 4 do Timão estavam próximas. E, por
fim, Lucas Lima, ao ver Arouca subindo freqüentemente, recuava para armar o seu
time de frente e longe da linha do meio-de-campo corintiana.
No
flagrante acima, percebe-se Gabriel fixo na faixa central, Arouca avançado e
sem ter recebido a bola na entrelinhas corintiana, Serginho se projetando no
espaço deixado por Arouca e Lucas Lima sendo opção de retorno para Rildo
(Reprodução: Sportv/ PFC).
Já
nesta imagem, nota-se Caju e Victor Ferraz atacando simultaneamente, pois
Malcom e Petros balançavam para o lado da bola e formavam uma linha de 4 no
meio-de-campo; Gabriel saindo da faixa central, mas sem conseguir aproveitar a
entrelinhas que Robinho usufruiu muito na Copa do Brasil; Rildo entrando na
diagonal para o avanço de Caju e, para finalizar, novamente Lucas Lima sendo
opção de retorno para o ataque santista (Reprodução: Sportv/ PFC).
A
falta de projeção à frente de Lucas Lima fez o seu sistema ofensivo sentir a
falta de um jogador entre a linha defensiva e a do meio-de-campo do
Corinthians. Mas por outro lado, com o camisa 20 recuando para armar o jogo de
frente e este pedindo a projeção de Arouca fizeram com que ambos tocassem muito
na bola. Tanto Lucas Lima e Arouca foram os jogadores que mais acertaram passes
no jogo, com 46 e 54 passes certos respectivamente. Deste modo, o meia santista
foi mais participativo do que em outras partidas.
Mapa
dos passes certos de Lucas Lima (a referência do mapa é da direita para a
esquerda): ao ver o mapa acima, percebe-se que realmente Lucas Lima tocou freqüentemente
na bola no terço central do campo –faixa longe da linha de 4 do meio-de-campo
do Corinthians-, e nas laterais –locais onde ele recebia as bolas retornadas do
ataque santista. Com esta movimentação em campo, o camisa 20 foi mais
participativo, mas menos decisivo do que em outros jogos (Fonte: whoscored).
Defensivamente,
o Santos não mudou em relação às partidas recentes. Em situação defensiva, o
Peixe continuou a marcar no 4-2-3-1, com os seus wingers só marcando os
laterais adversários, com curtas perseguições e tendo, ainda, em Lucas Lima o
jogador para ocupar os espaços que os meias de lado deixam ao não voltar
defensivamente.
No
flagrante acima, nota-se o 4-2-3-1 do Santos em situação defensiva. Lucas Lima,
ao notar que Serginho não estava aberto pela direita, passou a ocupar aquela
faixa do campo. Ao se posicionar aberto, o camisa 20 passou a realizar a mesma
função defensiva que o jogador inicial da posição: marcar somente o lateral
adversário. No caso, Fábio Santos (Reprodução: Sportv/ PFC).
Agora
o Corinthians em situação ofensiva apresentou o mesmo que vem mostrando neste
ano. Com a posse da bola, o Timão atacou com os laterais alternadamente, com
Guerreno abrindo pela esquerda e pedindo a infiltração dos outros três meias.
Esta movimentação do jogador peruano faz com que os zagueiros adversários
percam a referência de ataque do time paulistano e, momentaneamente, procurem
quem marcar. Nesta procura para marcar outro adversário, Renato Augusto, Malcom
e Petros avançam e se projetam para receber livres de marcação adversária.
No
flagrante acima, a típica movimentação do ataque corintiano do ano de 2014:
Guerrero abriu para esquerda, um dos zagueiros adversários (no caso, Edu
Dracena) que o acompanhava foi arrastando e trocou a marcação com o
lateral-direito (no caso, Victor Ferraz), Bruno Uvini encostou-se a Renato
Augusto e a projeção de Malcom ficou sem ninguém a sua frente. Já que o
lateral-esquerdo (Caju) que estava o acompanhado passou a marcar o seu setor e
avançou em direção a Fagner (Reprodução: Sportv/ PFC).
Mapa
de passes certos de Guerrero (a referência do mapa é da esquerda para a
direita): veja pelo mapa de passes certos de Guerrero a quantidade de vezes que
este atacante tocou na bola pelo lado esquerdo do seu ataque. Ao se movimentar
para este lado, o camisa 9 alvinegro pede os avanços dos seus três meias
constantemente (fonte: whoscored).
Como
o sistema ofensivo corintiano espera por toda estas movimentações do seu
quarteto ofensivo e do sistema defensivo adversário, dificilmente, Elias tem
tempo para se projetar à frente. Já que o Corinthians atua ofensivamente com
muita verticalidade e em pouco tempo. São raros os momentos que o Timão tem a “paciência”
de virar o jogo (contra o Santos, somente uma vez o time paulistano virou o
jogo) e/ ou consegue achar a projeção de Elias. Este jogador continua fazendo
os seus avanços inteligentes no espaço vazio do sistema defensivo adversário,
mas o seu atual time não consegue achá-lo. Veja no flagrante adiante, a imagem
da explicação anterior:
Na
imagem anterior, percebe-se Rildo só marcando Fagner e esquecendo-se do seu
setor defensivo. No espaço entre Rildo e Arouca, Elias se projetou –note também
que o camisa 7 corintiano se projetou inteligentemente no espaço onde Malcom e
Guerrero estão empurrando os dois defensores do Santos do setor. Porém mesmo
indo para o espaço vazio, Elias não recebeu a bola, pois o seu time não o achou
a tempo (Reprodução: Sportv/ PFC).
Além
desta movimentação de que Elias fazia na sua primeira passagem pelo Corinthians,
este volante também continua fazendo a alteração momentânea para o 4-1-4-1 em
situação defensiva. Seja em campo
ofensivo e até mesmo no defensivo. O camisa 7 continua sendo uma peça
importante na funcionalidade do esquema tático de Mano Menezes, porém a equipe não
consegue achá-lo em situação ofensiva.
Em
campo ofensivo, Elias continua fazendo mudança no esquema tático da sua equipe.
Fazendo mudar do 4-4-1-1 para o 4-1-4-1 com o seu avanço na linha do meia
central do seu time. Movimentação ótima para marcar à frente e encaixar na
linha dos volantes adversários (Reprodução: Sportv/ PFC).
Já
no segundo tempo, Elias e Renato Augusto se alinharam freqüentemente em situação
defensiva em seu campo de defesa. Pois nesta etapa do jogo, o Santos passou a
atacar com Gabriel e Leandro Damião quase imóveis no lado oposto do lado da
bola –como no caso do flagrante acima-, e, assim, Ralf se via obrigado a recuar
para criar superioridade numérica no setor destes jogadores santistas
(Reprodução: Sportv/ PFC).
Assim
como foi citado anteriormente, no segundo tempo, Enderson Moreira colocou
Leandro Damião no lugar de Serginho. Com esta alteração, Gabriel passou a ser o
meia da direita, mas em situação ofensiva acontecia duas situações. A primeira
foi demonstrada na última imagem: com Gabriel centralizado precocemente, quem
fazia a amplitude pela direita era o lateral-direito santista (no caso, Victor
Ferraz). Já a segunda situação vai ser demonstrada adiante:
Neste
segundo caso, como Gabriel entrava precocemente em direção à área do
Corinthians, quem abria para ser opção de passe pela direita era Lucas Lima. No
flagrante acima, nota-se Gabriel, Leandro Damião e Rildo já na faixa central do
campo e se não fosse Lucas Lima abrindo pela direita, Cicinho iria partir
contra Petro e Fábio Santos. Desta maneira, com grandes chances de perder a
bola (Reprodução: Sportv/ PFC).
No
segundo tempo, o cenário do jogo se manteve praticamente o mesmo, a não ser
pela mudança de postura do Santos sem a bola. Na primeira etapa, o Peixe
variava o bloco de marcação entre o médio e o alto. Já na segunda, o time
santista só marcou em alto. Com isso, a equipe toda passou a realizar rápida
troca de ação de jogo, diferentemente da lenta que foi nos primeiros 45 minutos
de partida.
Enquanto
isso, o Corinthians passou a variar o início de marcação em bloco médio e
baixo, passou a ter a equipe toda compactada em curto espaço e Mano Menezes
colocou Danilo no lugar do lesionado Renato Augusto, aos 35. Com esta
substituição, o meio-de-campo do Timão passou a ter mais horizontalidade, menos
verticalidade e a manter a posse da bola em campo ofensivo. Para a situação do
jogo foi ótima, mas também serve para ser uma opção de jogo para tentar achar
mais facilmente as subidas inteligentes de Elias.
Sistema
defensivo do Corinthians compactado em curto espaço e com todos os seus
jogadores em campo defensivo (Reprodução: Sportv/ PFC).
As
entradas de Cicinho e de Jorge Eduardo pelo Santos e a de Bruno Henrique e
Luciano pelo Corinthians pouco modificaram o cenário do jogo. Desta maneira, o
placar de 1 x 0 persistiu até o fim da partida.
Fim
de jogo: Corinthians e Santos no 4-2-3-1.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)