segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O mesmo Corinthians contra o pouco modificado Santos: vitória corintiana

Pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Corinthians jogou da mesma maneira que vem atuando neste campeonato. Já o Santos modificou algumas de suas movimentações ofensivas em relação aos jogos contra o Cruzeiro, mas, mesmo assim, acabou derrotado por 1 x 0. Para esta vitória paulistana, o Timão e o Peixe começaram no 4-2-3-1:

Corinthians e Santos no 4-2-3-1

O Santos, diferentemente do que mostrou nas semifinais da Copa do Brasil contra o Cruzeiro,  apresentou algumas movimentações ofensivas modificadas para esta partida contra o Corinthians. Diante da Raposa, o Peixe, atacava com alternância dos laterais, com Arouca iniciando as jogadas e sendo opção de retorno, com Rildo, Gabriel e Lucas Lima se projetando à frente diante da segurada de bola de Robinho. Já contra o Timão, o time da Baixada Santista, desde o gol de Guerrero aos 6 do primeiro tempo, atacou com os dois laterais simultaneamente, com Serginho e Rildo entrando nas diagonais, com Arouca se projetando muito à frente, Lucas Lima sendo opção de retorno e Gabriel se movendo muito pouco. Estas últimas sofreram influência do sistema defensivo do Corinthians.

A equipe da capital paulista se defendia no 4-4-1-1 ou 4-4-2, entre intermediárias,compactada em curto espaço e balançando corretamente para o lado da bola. Como a linha de 4 do meio-de-campo sempre balançavam defensivamente para o lado da bola, os laterais do Santos tiveram “espaço” para avançar o terreno e, por isso, subiam simultaneamente. Já Arouca, ao avançar, tentava usufruir a entrelinhas que Gabriel não aproveitava como Robinho usou contra o Cruzeiro. Gabriel não conseguia se mover, pois as duas linhas de 4 do Timão estavam próximas. E, por fim, Lucas Lima, ao ver Arouca subindo freqüentemente, recuava para armar o seu time de frente e longe da linha do meio-de-campo corintiana.

No flagrante acima, percebe-se Gabriel fixo na faixa central, Arouca avançado e sem ter recebido a bola na entrelinhas corintiana, Serginho se projetando no espaço deixado por Arouca e Lucas Lima sendo opção de retorno para Rildo (Reprodução: Sportv/ PFC).

Já nesta imagem, nota-se Caju e Victor Ferraz atacando simultaneamente, pois Malcom e Petros balançavam para o lado da bola e formavam uma linha de 4 no meio-de-campo; Gabriel saindo da faixa central, mas sem conseguir aproveitar a entrelinhas que Robinho usufruiu muito na Copa do Brasil; Rildo entrando na diagonal para o avanço de Caju e, para finalizar, novamente Lucas Lima sendo opção de retorno para o ataque santista (Reprodução: Sportv/ PFC).

A falta de projeção à frente de Lucas Lima fez o seu sistema ofensivo sentir a falta de um jogador entre a linha defensiva e a do meio-de-campo do Corinthians. Mas por outro lado, com o camisa 20 recuando para armar o jogo de frente e este pedindo a projeção de Arouca fizeram com que ambos tocassem muito na bola. Tanto Lucas Lima e Arouca foram os jogadores que mais acertaram passes no jogo, com 46 e 54 passes certos respectivamente. Deste modo, o meia santista foi mais participativo do que em outras partidas.

Mapa dos passes certos de Lucas Lima (a referência do mapa é da direita para a esquerda): ao ver o mapa acima, percebe-se que realmente Lucas Lima tocou freqüentemente na bola no terço central do campo –faixa longe da linha de 4 do meio-de-campo do Corinthians-, e nas laterais –locais onde ele recebia as bolas retornadas do ataque santista. Com esta movimentação em campo, o camisa 20 foi mais participativo, mas menos decisivo do que em outros jogos (Fonte: whoscored).

Defensivamente, o Santos não mudou em relação às partidas recentes. Em situação defensiva, o Peixe continuou a marcar no 4-2-3-1, com os seus wingers só marcando os laterais adversários, com curtas perseguições e tendo, ainda, em Lucas Lima o jogador para ocupar os espaços que os meias de lado deixam ao não voltar defensivamente.

No flagrante acima, nota-se o 4-2-3-1 do Santos em situação defensiva. Lucas Lima, ao notar que Serginho não estava aberto pela direita, passou a ocupar aquela faixa do campo. Ao se posicionar aberto, o camisa 20 passou a realizar a mesma função defensiva que o jogador inicial da posição: marcar somente o lateral adversário. No caso, Fábio Santos (Reprodução: Sportv/ PFC).

Agora o Corinthians em situação ofensiva apresentou o mesmo que vem mostrando neste ano. Com a posse da bola, o Timão atacou com os laterais alternadamente, com Guerreno abrindo pela esquerda e pedindo a infiltração dos outros três meias. Esta movimentação do jogador peruano faz com que os zagueiros adversários percam a referência de ataque do time paulistano e, momentaneamente, procurem quem marcar. Nesta procura para marcar outro adversário, Renato Augusto, Malcom e Petros avançam e se projetam para receber livres de marcação adversária.


No flagrante acima, a típica movimentação do ataque corintiano do ano de 2014: Guerrero abriu para esquerda, um dos zagueiros adversários (no caso, Edu Dracena) que o acompanhava foi arrastando e trocou a marcação com o lateral-direito (no caso, Victor Ferraz), Bruno Uvini encostou-se a Renato Augusto e a projeção de Malcom ficou sem ninguém a sua frente. Já que o lateral-esquerdo (Caju) que estava o acompanhado passou a marcar o seu setor e avançou em direção a Fagner (Reprodução: Sportv/ PFC).

Mapa de passes certos de Guerrero (a referência do mapa é da esquerda para a direita): veja pelo mapa de passes certos de Guerrero a quantidade de vezes que este atacante tocou na bola pelo lado esquerdo do seu ataque. Ao se movimentar para este lado, o camisa 9 alvinegro pede os avanços dos seus três meias constantemente (fonte: whoscored).

Como o sistema ofensivo corintiano espera por toda estas movimentações do seu quarteto ofensivo e do sistema defensivo adversário, dificilmente, Elias tem tempo para se projetar à frente. Já que o Corinthians atua ofensivamente com muita verticalidade e em pouco tempo. São raros os momentos que o Timão tem a “paciência” de virar o jogo (contra o Santos, somente uma vez o time paulistano virou o jogo) e/ ou consegue achar a projeção de Elias. Este jogador continua fazendo os seus avanços inteligentes no espaço vazio do sistema defensivo adversário, mas o seu atual time não consegue achá-lo. Veja no flagrante adiante, a imagem da explicação anterior:

Na imagem anterior, percebe-se Rildo só marcando Fagner e esquecendo-se do seu setor defensivo. No espaço entre Rildo e Arouca, Elias se projetou –note também que o camisa 7 corintiano se projetou inteligentemente no espaço onde Malcom e Guerrero estão empurrando os dois defensores do Santos do setor. Porém mesmo indo para o espaço vazio, Elias não recebeu a bola, pois o seu time não o achou a tempo (Reprodução: Sportv/ PFC).

Além desta movimentação de que Elias fazia na sua primeira passagem pelo Corinthians, este volante também continua fazendo a alteração momentânea para o 4-1-4-1 em situação defensiva.  Seja em campo ofensivo e até mesmo no defensivo. O camisa 7 continua sendo uma peça importante na funcionalidade do esquema tático de Mano Menezes, porém a equipe não consegue achá-lo em situação ofensiva.

Em campo ofensivo, Elias continua fazendo mudança no esquema tático da sua equipe. Fazendo mudar do 4-4-1-1 para o 4-1-4-1 com o seu avanço na linha do meia central do seu time. Movimentação ótima para marcar à frente e encaixar na linha dos volantes adversários (Reprodução: Sportv/ PFC). 

Já no segundo tempo, Elias e Renato Augusto se alinharam freqüentemente em situação defensiva em seu campo de defesa. Pois nesta etapa do jogo, o Santos passou a atacar com Gabriel e Leandro Damião quase imóveis no lado oposto do lado da bola –como no caso do flagrante acima-, e, assim, Ralf se via obrigado a recuar para criar superioridade numérica no setor destes jogadores santistas (Reprodução: Sportv/ PFC).

Assim como foi citado anteriormente, no segundo tempo, Enderson Moreira colocou Leandro Damião no lugar de Serginho. Com esta alteração, Gabriel passou a ser o meia da direita, mas em situação ofensiva acontecia duas situações. A primeira foi demonstrada na última imagem: com Gabriel centralizado precocemente, quem fazia a amplitude pela direita era o lateral-direito santista (no caso, Victor Ferraz). Já a segunda situação vai ser demonstrada adiante:

Neste segundo caso, como Gabriel entrava precocemente em direção à área do Corinthians, quem abria para ser opção de passe pela direita era Lucas Lima. No flagrante acima, nota-se Gabriel, Leandro Damião e Rildo já na faixa central do campo e se não fosse Lucas Lima abrindo pela direita, Cicinho iria partir contra Petro e Fábio Santos. Desta maneira, com grandes chances de perder a bola (Reprodução: Sportv/ PFC).

No segundo tempo, o cenário do jogo se manteve praticamente o mesmo, a não ser pela mudança de postura do Santos sem a bola. Na primeira etapa, o Peixe variava o bloco de marcação entre o médio e o alto. Já na segunda, o time santista só marcou em alto. Com isso, a equipe toda passou a realizar rápida troca de ação de jogo, diferentemente da lenta que foi nos primeiros 45 minutos de partida.

Enquanto isso, o Corinthians passou a variar o início de marcação em bloco médio e baixo, passou a ter a equipe toda compactada em curto espaço e Mano Menezes colocou Danilo no lugar do lesionado Renato Augusto, aos 35. Com esta substituição, o meio-de-campo do Timão passou a ter mais horizontalidade, menos verticalidade e a manter a posse da bola em campo ofensivo. Para a situação do jogo foi ótima, mas também serve para ser uma opção de jogo para tentar achar mais facilmente as subidas inteligentes de Elias.

Sistema defensivo do Corinthians compactado em curto espaço e com todos os seus jogadores em campo defensivo (Reprodução: Sportv/ PFC).

As entradas de Cicinho e de Jorge Eduardo pelo Santos e a de Bruno Henrique e Luciano pelo Corinthians pouco modificaram o cenário do jogo. Desta maneira, o placar de 1 x 0 persistiu até o fim da partida.

Fim de jogo: Corinthians e Santos no 4-2-3-1.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)