segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Com obediência e disciplina tática, Sport vence o Atlético-PR em Curitiba!


Eduardo Baptista deu um belo nó tático em Claudinei Oliveira na Arena da Baixada, com moderna proposta de jogo(o que não é novidade pra ninguém), na vitória do Sport em cima do Atlético-PR por 1 a 0, que fez o Leão da Praça da Bandeira chegar aos 44 pontos e praticamente evitar qualquer possibilidade de rebaixamento. 

O time pernambucano foi a campo de forma um pouco diferente do habitual. Num 4-3-3/4-1-4-1 com Diego Souza e Mike compondo os lados do campo e tendo liberdade de entrar em diagonal em fase ofensiva(principalmente o primeiro citado), Joelinton centralizado no ataque e Danilo formando o tripé de meio ao lado de Rodrigo Mancha e Rithely, mas com bola também subindo e buscando dar apoio pelo lado esquerdo. Marcava de forma bem compactada, em bloco baixo, com 9 homens atrás da linha da bola e 4 componentes da linha de meio fazendo a basculação defensiva para o lado atacado, já que Mike e Diego Souza fixavam-se individualmente nos laterais atleticanos e o segundo citado compactava a linha de meio, mas tinha pouca participação ativa nessa fase defensiva até quando a bola caía pelo seu flanco, exigindo compensações espaciais e as diagonais de cobertura por parte dos volantes. Proposta claramente reativa, negava espaços à progressão vertical, impedia a ultrapassagem pela segunda linha por dentro e obrigava o time paranaense a trocar passes lateralmente, pois o CAP praticamente não tinha espaço para avançar e era forçado a jogar ainda mais pelos flancos, zona pelo qual o time tem jogadores agudos e de velocidade. 

O CAP foi no habitual 4-2-3-1, fechando duas linhas de quatro(4-4-2), deixando Bady e Cléo mais à frente. Marcava em bloco médio/baixo, também caracterizando-se pela fixação dos seus wingers nos laterais adversários. Tentava propor o jogo, mas tinha muitas dificuldades de criar espaços para conseguir a penetração. O Sport tinha pouca posse/retenção de bola na frente e também não conseguia encaixar o contragolpe na primeira etapa(só chegando com efetividade em um lance). 

O cenário mudou no segundo tempo após o gol de Diego Souza aos 9 minutos. O CAP partiu com tudo em busca do resultado e o Sport recuou ainda mais suas linhas. Eduardo Baptista buscou reforçar a marcação pelos extremos e colocou Diego Souza livre de esforços na recomposição defensiva e terminou o jogo com o lateral-esquerdo Igor Fernandes e o médio-volante Augusto César abertos na linha de 4 do meio e Wendel por dentro junto à Mancha e Rithely. O Furacão ainda teve a oportunidade de empatar desperdiçada por Cléo em cobrança de pênalti. Os paranaenses tentaram, mas esbarraram na compactação adversária e na própria falta de alternativas de movimentação ofensiva para chegar ao gol. 

Nos flagrantes abaixo, observa-se alguns aspectos táticos apresentados pelas duas equipes:




No primeiro, terceiro e quarto flagrante, observa-se o balanceamento defensivo do Sport para o lado da bola, com 4 jogadores realizando esse movimento e sem a centralização do winger oposto para reduzir o espaço pelo meio, com o mesmo fixo individualmente no lateral adversário(no último flagrante o winger oposto ao do lado da bola não está acompanhando o lateral, mas também não participa da basculação defensiva, já que se prepara para cobrir o espaço paralelo à Renê na linha defensiva na grande área e encaixar em Marcelo, que se projeta naquele espaço). No segundo flagrante, observa-se a falta de intensidade/dedicação/participação defensiva de Diego Souza em situação que a bola cai pelo seu lado do campo. Marcelo recua um pouco para oferecer linha de passe vertical ao lateral-direito Sueliton e carrega Renê para fora da linha defensiva, enquanto que Sueliton busca a ultrapassagem para ocupar o espaço vazio e receber na frente. Diego Souza não acompanha o lateral nessa passagem(o mais lógico a se fazer pelo princípio do encaixe no setor) e exige a cobertura/compensação espacial de Rithely e de Danilo, de modo a gerar espaço pra posteriormente o próprio Marcelo vir em diagonal de fora pra dentro e receber de frente pra linha defensiva, em condições de arriscar de fora da área. No terceiro flagrante, acontece o mesmo. Diego Souza não dá combate efetivo em Sueliton e deixa bater lateral com lateral no 1x1, enquanto que Danilo fica atento para fazer a cobertura das costas de Renê, já que Marcelo dá sinais de que tentaria se projetar naquele espaço vazio. Nas duas primeiras imagens, também percebe-se um pouco da movimentação ofensiva do quarteto atleticano, com o winger do lado da bola abrindo pra trabalhar a jogada pelo flanco com o lateral, volantes sendo opção de reinício na intermediária ofensiva, o meia central buscando o posicionamento no entrelinhas, às costas dos volantes, Cléo fixo para dar profundidade e empurrar a linha defensiva para trás e o winger oposto fechando em diagonal e atraindo o lateral adversário.


Em mais um exemplo, observa-se como a compensação espacial(diagonal de cobertura) dos volantes leoninos era bem feita. Bady se projeta para receber o passe nas costas de Renê na ponta-direita do ataque paranaense e atrai o zagueiro da esquerda(Durval) para a cobertura, enquanto que Marcos Guilherme centraliza pra atrair Patric, Cléo fecha no centro da área atraindo o zagueiro oposto e Marcelo busca dar opção de passe em profundidade no espaço vazio entre os dois zagueiros, mas Rithely faz bem a cobertura(princípio do encaixe no setor bem executado) e afunda com ele na linha defensiva. 



Na primeira imagem, Danilo faz a subida pelo flanco esquerdo, buscando a dobradinha com Diego Souza. Marcelo não volta recompondo o setor(o que comprova sua referência fixamente individual em Renê) e obriga o volante Devid a encostar na proximidade do setor da bola para travar a linha de passe mais próxima(Danilo) do portador da bola(Diego Souza). Na sequência da jogada, Diego Souza com sua qualidade/talento de passe e visão cirúrgica de jogo encontra Mike, que infiltra em diagonal curta, aproveitando o atraso do lateral-esquerdo Natanael pra fechar a cobertura por dentro e chega para cabecear no espaço paralelo ao zagueiro Cleberson. No segundo flagrante, Renê carrega em diagonal de fora pra dentro e Danilo faz a diagonal inversa para ocupar o espaço deixado pelo lateral na esquerda. Perceba a fixação individual do winger esquerdo paranaense em Patric, que espeta para dar amplitude pela direita e o winger permanece encaixado nele. Rodrigo Mancha recebe de frente pro gol paranaense e justamente no espaço entre os volantes e o winger esquerdo do Furacão. Ele encaixa o passe vertical para Joelinton, posicionado entre os zagueiros para gerar profundidade e prender os mesmos, que trabalha inteligentemente de costas pra marcação no pivô e aciona Mike(que centralizou para ser opção de passe entre as duas linhas de quatro adversárias e abrir o corredor direito pra Patric) que se projeta nas costas dos zagueiros na grande área e conclui pra defesa de Weverton. O ponta oposto leonino(Diego Souza) chega em diagonal esquerda-área pro rebote e acerta um belíssimo voleio para marcar. 



*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)