terça-feira, 25 de novembro de 2014

Corinthians é premiado por buscar propor mais o jogo e vence o Grêmio na Arena Corinthians

Só a vitória interessava na partida entre Corinthians e Grêmio. Pode parecer meio banal essa afirmação, afinal, em 99,9% das vezes as equipes entram em campo com esse objetivo. Porém, poucas vezes pôde-se aplicá-lo de maneira tão consistente, afinal, ambos brigam por vaga na Taça Libertadores do ano que vem, e uma derrota poderia ser extremamente prejudicial para esse objetivo.

O Corinthians veio a campo armado no seu tradicional 4-2-3-1, com Renato Augusto, Malcom e Petros formando a linha de 3 meias, e Paolo Guerrero, retornando após servir a sua seleção, como o homem mais adiantado da equipe. A equipe apresentava subida alternada dos laterais, com Fábio Santos chegando mais frequentemente a linha de fundo, um Elias encostando com frequência no trio de meias, além da habitual movimentação do seu quarteto ofensivo, com Guerrero abrindo constantemente a esquerda, gerando o espaço para a infiltração de seus companheiros.

Sem a bola a equipe fechava-se em um 4-4-1-1, com Renato Augusto fazendo o papel de para brisa a frente das linhas de 4. A equipe efetuava o balanceamento correto das linhas, e marcava pressão em bloco médio-alto, onde Guerrero era o responsável por iniciar essa pressão, principalmente em cima dos zagueiros da equipe adversária.

 
 Corinthians no 4-2-3-1 que, sem a bola, tornava-se um 4-4-1-1 graças ao recuo dos wingers e levava perigo pelos lados com Malcom e Fábio Santos

Já o Grêmio veio a campo em um 4-3-1-2, onde Luan fazia o papel de enganche, buscando flutuar as costas dos volantes. Com a bola, o tricolor gaúcho apresentava subidas alternadas dos laterais, com Ramiro sendo mais acionado no campo ofensivo. Do trio a frente da defesa, Felipe Bastos buscava vir mais por dentro embora também auxiliasse Ramiro em suas descidas, enquanto Riveros ficava mais fixo a esquerda. Falando do trio de frente, Luan e Dudu tinham liberdade de movimentação no campo ofensivo, enquanto Barcos também se movimentava, embora ficasse um pouco mais fixo na região central do setor ofensivo.

Sem a bola o Grêmio fechava-se com uma linha de 4 atrás, mais a linha de 3 volantes a frente, sempre auxiliados por Dudu, este voltando pelo lado esquerdo, e Luan, que "mordia" os volantes da equipe corintiana, dificultando assim o seu trabalho. A equipe gaúcha também iniciava a pressão ainda no campo ofensivo, porém, se ultrapassada, compactava rapidamente suas linhas, deixando muitas vezes só Barcos, que pouco pressionava os adversários, como homem mais avançado.

Grêmio no 4-3-1-2 que marcava forte e saía em velocidade pela direita com Ramiro e Felipe Bastos, sempre auxiliados por Dudu e Luan

O primeiro tempo foi marcado por alta intensidade de jogo de ambos os lados. O Corinthians buscava, e conseguia, criar suas oportunidades pelos lados do campo, onde Malcom era quem levava perigo pela direita, normalmente buscando o enfrentamento, e Fábio Santos chegando pela esquerda, este buscando mais frequentemente as tabelas com Renato Augusto ou Petros para chegar a linha de fundo e efetuar o cruzamento. Porém, a equipe não conseguiu concluir com eficiência as chances que criou(7 a 2 em finalizações, no primeiro tempo).

Mapa de calor do Corinthians durante o primeiro tempo: A equipe corintiana teve como seu ponto principal de criação os lados do campo, com Malcom e Fábio Santos sendo bastante acionados(Reprodução: Footstats)

O Grêmio do primeiro tempo mostrou uma faceta mais reativa, marcando forte para buscar sair em velocidade, busca essa também feita com mais frequência pela direita, setor onde Luan e Dudu, os responsáveis pela velocidade, constantemente caíam. Porém, a equipe gaúcha não conseguia aplicar uma troca de passes mais veloz, o que acabava fazendo com que a mesma rapidamente perdesse a bola. No decorrer do primeiro tempo a equipe gaúcha alterou seu sistema para um 4-4-1-1, onde Dudu e Luan constantemente alternavam-se entre o lado direito e a posição de homem que flutua atrás do centroavante.

Grêmio após a alteração para o 4-4-1-1: Luan e Dudu se buscando e alternando constantemente entre o centro e a direita

A equipe gaúcha veio para o segundo tempo com uma alteração em suas peças, Giuliano no lugar de Riveros, o que alterou o sistema da equipe para um 4-2-3-1 que tinha Giuliano centralizado na linha de 3 meias, com Luan e Dudu atuando abertos. Mas a principal alteração que ocorreu foi em sua proposta de jogo. De equipe reativa passou a ser uma equipe propositora. Trabalhava melhor a bola no campo do adversário, principalmente pelos lados, onde eram formados triângulos, graças as subidas simultâneas dos laterais, proporcionadas também pela pouca participação dos volantes no terço final do campo, já que os mesmo ficavam mais fixos próximos a linha de meio campo, oferecendo-se somente como opção de retorno.

Esses primeiros minutos de pressão gremista fizeram do Corinthians uma equipe sem força, tanto para reter a posse de bola, quanto para puxar um contra ataque. Somente quando a equipe do Grêmio "tirou o pé" é que o Corinthians voltou a dar as caras na partida. Porém, mesmo com as entradas de Luciano, Danilo e Jadson nos lugares de Malcom, Elias e Renato Augusto, a equipe não conseguiu imprimir a mesma intensidade do primeiro tempo. Até que, aos 37 minutos, Guerrero conseguiu abrir o marcador.

Com a desvantagem no placar, Felipão, que já havia efetuado mais uma substituição no decorrer do segundo tempo, colocando Alan Ruiz no lugar de Luan, decidiu pôr Lucas Coelho em campo no lugar de Dudu, provavelmente buscando ganhar alguma força na bola aérea, até pelo histórico recente de recuo da equipe corintiana no final dos jogos em que está em vantagem no placar. Porém, dessa vez foi apresentado algo diferente. A equipe corintiana controlou o final do jogo com a bola no pé, mesmo que não fosse uma posse objetiva, serviu para fazer o tempo passar, até o árbitro finalmente encerrar a partida.

 Equipes no final da partida: Corinthians no 4-2-3-1 e Grêmio no 4-4-2 em linhas, sem conseguir levar grande perigo mesmo com a desvantagem no placar

A vitória praticamente garantiu a equipe paulista na Taça Libertadores do próximo ano, o que acaba também por colocar um ponto de interrogação no comando técnico da equipe, já que, com o objetivo praticamente confirmado, os apelos pela permanência de Mano Menezes vem se tornando cada vez maiores. Já o Grêmio se afasta um pouco da briga pela vaga, afinal, além de ter que vencer os seus jogos, ainda terá que torcer para que Internacional e Atlético-MG tropecem e percam pontos para ao menos alcançar a quarta colocação.

Por Andrey Hugo(@Andrey_Hugo)