terça-feira, 25 de novembro de 2014

O Racing de Diego Cocca vence os reservas do River e acaricia o Torneio Transición

Quis o destino e o ótimo trabalho de Diego Cocca que a ponta do Torneio Transición se desnudara para o Racing com os seguidos tropeços do River e a incrível sequencia de quatro vitórias albicelestes, sendo a última com um gol de Gustavo Bou contra o Quilmes nos minutos finais. Panorama que fazia do confronto desde domingo contra o River uma verdadeira decisão. O Lanús vencera, é verdade, no entanto, um triunfo contra os millonarios deixava o Racing como líder absoluto, com dois pontos de vantagem na falta de duas rodadas. O racinguista, pessimista por natureza, não se deixava iludir. Pela frente, o River Plate, que mesmo com um time repleto de moleques, será sempre temido, principalmente para os hinchas mais velhos que reconhecem que o rival de Nuñez é historicamente o mais difícil para a gloriosa Academia.

Os mais otimistas lembravam do confronto de 2001 e o recordado gol de Gerardo Bedoya, aos 41 minutos, enchendo o pé, com fúria e coração,  vencendo o goleiro Comizzo e abrindo o caminho para um título que não chegava a 35 anos. Já se foram 13 anos e não houve outra volta olímpica, sendo que a única alegria racinguista foi ver o Independiente descender para a B Nacional. Foi assim, com o sentimento único de acariciar o campeonato, que pouco mais de 50.000 almas receberam o time no Cilindro de Avellaneda. Um clima de causar inveja nas nossas frias e embasbacadas Arenas. Marcada por alento ensurdecedor, repleto de papel picado e shows pirotécnicos, para deleite dos engravatados senhores do STJD tupiniquim.


Diego Cocca postou como de praxe o Racing em um 4-2-2-2, pressionando a saída do River com Ricardo Centurion e Gaston Diaz pelos flancos, duelando freneticamente contra  Emanuel Mammana e Bruno  Urribarri. No meio, zona super povoada e cobiçada do cotejo, Aued, e principalmente, Ezequiel Videla, mordiam os calcanhares de Cirigliano e Guido Rodriguez, disputando as divididas como não houvesse amanha. Apesar do ímpeto racinguista, foi o River quem deu o primeiro aviso. Um contra ataque puxado por Augusto Solari, que as costas de Grimi, quase anotou o primeiro gol da noite com um tiro cruzado. Gallardo, pensando no confronto contra o Boca, colocou 8 reservas em campo.Apenas os zagueiros Pezzella e Funes Mori, além do goleiro Barovero, estarão como titulares diante do Boca na próxima quinta no Monumental.

O River foi a Avellaneda repleto de juvenis, deixando o 4-3-1-2 e passando para um inusual 4-4-2 britânico que se espelhava ao sistema do Racing. No ataque, os jovens Sebastián Driussi e Lucas Boyé, as referências de ataque, duelavam contra os zagueiros Nico Sanchez e Luciano Lollo. Pelos flancos, Augusto Solari e Oscar Ferreyra evitavam as subidas de Grimi e Ivan Pillud. O River complicava o Racing nos 10 minutos iniciais. Em uma bola parada criaria sua melhor chance, com Driussi chutando um rebote mascado rente ao poste defendido por Sebastián "El Chino" Saja.

Eis que, a contramão do seu percurso recente, o Racing pôde gozar da fortuna divina, ao encontrar um gol chorado, na base da sorte, em um pinball dentro da área que culminou com o toque final do zagueiro Funes Mori que desatava a loucura em Avellaneda. A jogada teve origem com uma roubada de Videla ainda no campo do River; Bou, astuto, se antecipou a marcação de Urribarri, abrindo o corredor na direita, até o cruzamento e a intensa disputa de Bou e Milito contra os zagueiros Funes Mori e Pezzella: 1 a 0 La Acade. Gustavo Bou é o ponto desequilibrante da campanha, com seus 10 gols,a vice-artilharia e outras inúmeras assistências para Diego Milito.

No Segundo tempo, coube a Gallardo buscar o empate que devolveria a liderança. Entraram Tomas Martinez, Kaprof e Cavenaghi, o veterano goleador, de longa inatividade, que passava a formar a dupla de ataque ao lado de Driussi. O River retornava ao 4-3-1-2, com Cirigliano como volante central, Kaprof na direita e Tomas Martinez como enganche. O Racing se atrincheirava em busca do contra ataque. Foi a vez do show de Ezequiel Videla, o grande volante central deste campeonato, que ganhava todas as dividas de maneira impecável, com huevo y corazón, desatando uma ovação merecida dos hinchas de La Acade. 

O River terminava o jogo sem criar uma chance sequer, isso, apesar do domínio territorial e de posse, que chegou a 56% na etapa final. Diego Cocca, o arquiteto dessa mudança repentina no Racing, fechou os lados do campo com os ingressos de Marcos Acuña e Nelson Acevedo. El Demonio Hauche, nos minutos finais, entrou no lugar de Diego Milito para puxar os contra ataques. O único remanescente do título do Apertura 2001, regressou nessa temporada de sua aventura europeia, mostrando seu DNA de quem sempre aparece nos jogos decisivos. Uma vitória, sem tantos atributos futebolísticos, mas com o selo e a alma de uma torcida que apoia, sofre e merece ser campeã. 

A tabela aponta que o novo líder terá pela frente na penúltima rodada o Rosario Central - que chegará cansado após decidir a Copa Argentina contra o Huracán - no Gigante de Arroyito. O Racing termina o campeonato contra o Godoy Cruz de Mendoza em Avellaneda, enquanto River e Lanús, seguem dois pontos atrás, rezando por um tropeço albiceleste.

*Por Felipe Bigliazzi Dominguez(@FelipeBigliazzi)