terça-feira, 11 de novembro de 2014

Empate heroico não pode apagar a péssima atuação do Sport diante do Flamengo!

Diagrama tático inicial da partida.
Na Arena Pernambuco, viu-se um jogo de total domínio tático do Flamengo o tempo inteiro. Trabalhando bem a posse de bola e marcando compactadamente sem a mesma. Jogava e literalmente não deixava o Sport jogar. A vitória por 2 a 0 do time carioca já parecia definida quando veio um verdadeiro milagre. Realmente inacreditável, mostrando que o futebol é realmente surpreendente e que o jogo só termina quando o juiz dá o apito final. Danilo(de falta) e Mike fizeram os gols do Sport que empatou o jogo aos 46 minutos do segundo tempo. 

O Flamengo foi num 4-3-3, que virava 4-1-4-1 em fase defensiva. Marcava com agressividade, negando espaços, caracterizando-se pela compactação curta, dificultando a circulação da bola e o passe vertical do portador da bola, fechando suas linhas de passe e tendo um jogador para pressioná-lo mais de perto e buscava compactar-se em bloco médio/baixo, postado predominantemente dentro da própria intermediária defensiva. O 4-1-4-1 de Vanderlei Luxemburgo fazia o encaixe perfeito no Sport, com Cáceres marcando individualmente o meia-central leonino(primeiro Ibson, depois Régis), Canteros fechando com Rodrigo Mancha, Márcio Araújo cuidando de Rithely, e Elton fazendo o para-brisa defensivo, enquanto que Everton e Nixon voltavam com os laterais pernambucanos, tendo referência fixamente individual nos mesmos, sem fechar por dentro para balancear com os outro quatro componentes da linha de meio quando a bola caía no flanco oposto. 

Com a posse de bola, o ponta flamenguista do lado da bola abria pra trabalhar jogada com o lateral e o oposto infiltrava na diagonal pra dentro, atraindo o lateral, enquanto que Canteros e Márcio Araújo se posicionavam à frente da segunda linha adversária para ser opção de retorno de jogada do lado pro meio. O Flamengo fazia a bola rodar no ataque, chegava com força pelos lados, tinha velocidade na transição defesa-ataque e retomava a bola com certa facilidade em campo defensivo pela grande quantidade de erros de passe e tomadas de decisão por parte do time do Sport. Com a saída de Nixon, Vanderlei Luxemburgo abriu Márcio Araújo pelo flanco direito e colocou Muralha no meio-campo. 

O Sport foi no 4-2-3-1, usando Wendel mais aberto pelo flanco esquerdo, Ibson por dentro e Joelinton mais avançado na função que vinha sendo feita por Diego Souza(não jogou contra o Flamengo por suspensão). Em fase defensiva, marcava no 4-4-2, com as linhas mais recolhidas em bloco baixo, curta distância entre as linhas de defesa e meio, e inicialmente com a linha de meio fazendo corretamente a gangorra(basculação) para o lado atacado, preferencialmente para a esquerda defensiva, já que o Flamengo tinha maior posse de bola ofensiva pelo setor direito. Quando a bola caía em tal setor, Felipe Azevedo largava o lateral e centralizar para o balanço defensivo, mantendo o alinhamento no meio-campo. Porém, quando Ibson passou a atuar mais aberto(quando Régis entrou no lugar do sonolento e estático Wendel e assumiu a faixa central da linha de 3), os wingers leoninos passaram a se fixar individualmente nos laterais flamenguistas, deixando espaços entre o winger oposto e os volantes quando a bola caía pela beirada do campo. 

Ofensivamente, o Sport não conseguia reter posse de bola na frente, trabalhava com posse lenta, sem objetividade, muitos erros de passe, ausência de movimentação para a formação de linhas de passe próximas(principalmente pelo fato de que o portador da bola tinha todas as suas opções de passe encaixadas nos seus respectivos setores), falhava na transição entre os setores, impossibilitando que o Leão conseguisse ter estratégia propositora. Régis conseguiu dar um pouco mais de mobilidade e velocidade no meio procurando arrancadas no entrelinhas adversário pelo centro, vindo de frente pra encarar a linha defensiva adversária, porém, muito pouco. Joelinton saía da área e procurava ser opção de passe para proteger na parede, porém, a ausência de espaços quando ficava de costas, a lentidão para girar e tomar decisão, além da quantidade excessiva de finalizações em situações que se poderia tentar trabalhar jogada matavam o dinamismo e estragavam muitas jogadas. 

No segundo tempo, o cenário não se alterava. Sport tentando propor o jogo, mas com dificuldades de criar espaços, ultrapassar a congestionada linha de meio flamenguista e chegar na área. Limitava-se a trocar passes lateralmente pela ausência de linhas de passe verticais, o que deixava o jogo sem dinamismo e dificultava que a equipe conseguisse esboçar uma reação. Eduardo Baptista tentou ter mais rapidez e intensidade pela esquerda com o jovem Mike na vaga de Ibson, porém, a substituição que foi a chave para a vitória foi a entrada de Danilo no lugar de Renê. O camisa 14(que é lateral-esquerdo de origem, mas vinha atuando como winger nos outros jogos) passou a atuar mais espetado pelo flanco esquerdo, buscando a infiltração no espaço paralelo à linha defensiva adversária quando Mike fazia a diagonal curta e juntamente com Patric, tratava de dar mais amplitude ao ataque, já que muitas vezes, os dois laterais atacavam simultaneamente, empurrando os wingers cariocas para trás. Em participação, Danilo foi decisivo. Fez o primeiro gol numa belíssima cobrança de falta e também demonstrou mobilidade no segundo gol ao sair pra fazer 1-2 com Patric no setor direito em jogada que terminou com a conclusão de Mike, que chegou na diagonal esquerda-área para marcar. 

Nos flagrantes abaixo, pode-se notar alguns dos aspectos táticos apresentados por Sport e Flamengo nesta partida:



No primeiro flagrante, pode-se observar o encaixa perfeito do Flamengo no meio-campo. Elton faz o para-brisa defensivo e os duelos individuais: Everton x Patric, Márcio Araújo x Rithely, Canteros x Rodrigo Mancha e Nixon x Renê. No segundo e terceiro flagrante observa-se a fixação dos wingers nos laterais do Sport, tendo sua movimentação defensiva ocorrente em função da movimentação ofensiva dos seus homens a serem marcados. No último flagrante, também pode-se observar novamente o encaixe do meio-campo e a perseguição de Cáceres em cima de Régis, que busca a movimentação entre as linhas de defesa e meio adversárias. 



No lance do primeiro gol carioca, o Flamengo faz a virada centro-esquerda para o lateral Léo nas costas de Renê. Wendel usa bem do princípio do encaixe no setor e cobre o espaço que foi atacado pelo seu homem a ser marcado(Léo), porém, não consegue interceptar o cruzamento. Elton fecha em diagonal curta na área, atraindo o zagueiro da direita(Ewerton Páscoa), enquanto que Durval fica sem referência individual de marcação na área. Márcio Araújo vem de trás como elemento surpresa(nenhum dos volantes leoninos sequer acompanhou sua chegada e/ou afundou com o mesmo na área), infiltrando no espaço vazio entre os dois zagueiros e antecipando-se ao goleiro Magrão para marcar. Ataque aos espaços e chegada na frente para conclusão sempre foram características de Márcio Araújo quando o mesmo atua mais avançado no meio-campo. O segundo gol se originou de um contragolpe flamenguista, com uma virada de jogo para João Paulo na esquerda. Felipe Azevedo não conseguiu recompor a tempo e deixou bater lateral com lateral(João Paulo x Patric) no 1x1. Elton atrai o zagueiro oposto(Durval) no centro da área e Nixon traça a diagonal curta, Renê não consegue acompanhá-lo e o ponta flamenguista cabeceia sem chances para Magrão. 




Nos três primeiros flagrantes, observa-se o correto balanceamento defensivo em função da bola pra proteger o lado onde a pelota está com o time adversário, contando com a centralização do winger oposto. Detalhe para o primeiro flagrante onde percebe-se a boa execução do princípio do encaixe no setor pelo lado esquerdo da defesa, enquanto que Elton tenta dar profundidade e empurrar a linha defensiva para trás(assim como no segundo flagrante) e Patric encaixa no winger esquerdo flamenguista que faz o movimento de centralização quando a bola cai no lado oposto. No último flagrante, observa-se o caso mais comum após o Sport sofrer o segundo gol. Somente três jogadores da linha de meio balanceiam defensivamente, enquanto que o winger oposto faz o encaixe fixo no setor em cima do lateral oposto. 



*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)