quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Falhas individuais impedem vitória do Bayern e proporcionam virada ao City do letal "Kun" Aguero

Falhas individuais podem, muitas vezes, pôr por água abaixo um excelente resultado conquistado em uma partida de futebol. E no jogo entre Manchester City e Bayern de Munique não foi diferente. Duas falhas permitiram que os citizens, auxiliados pelo infernal Aguero, virar o placar e seguir vivo na disputa pela segunda vaga do Grupo E.

O Manchester City veio a campo armado em um 4-1-4-1, onde Lampard e Milner atuavam pelo meio na segunda linha de 4 da equipe inglesa. Com a bola a equipe inglesa, Lampard e Milner buscavam ocupar os espaços pela região central, principalmente no terço final do ataque, enquanto Nasri cortava ora pro meio, ora em diagonal, e Jesus Navas fazia o seu já conhecido papel de ponteiro, buscando o fundo para efetuar o cruzamento, rasteiro ou pelo alto, procurando Aguero, o homem mais avançado da equipe que buscava sempre se impor na velocidade ante a dupla de zaga Bávara.

Sem a bola, o sistema variava entre o mesmo 4-1-4-1 e o 4-4-2 em linhas, variação essa que ocorria conforme a movimentação de Frank Lampard, que podia se desprender da segunda linha de 4 e se juntar a Aguero no pressing a Xabi Alonso. A equipe alternou a sua marcação pressão entre os blocos médio-alto, com maior ênfase ao bloco médio.


City no 4-1-4-1 que, sem a bola, variava para o 4-4-2 conforme o posicionamento de Lampard

O Bayern, já classificado, veio a campo no 4-1-4-1/4-3-3. Com a bola o Bayern, como já é de praxe, buscava a saída curta, sempre com Xabi Alonso afundando entre os zagueiros. Quando esse afundamento ocorria, os laterais se adiantavam até a linha, ou de Rode, ou de Hojbjerg, já que normalmente um desses dois recuavam, oferecendo como opção de progressão da jogada. Quando a bola se aproximava do terço final, começava a intensa movimentação do Bayern. Robben e Ribery ora abriam ora centralizavam, Hojberg e Rode encostavam, além de Rafinha e Bernat também alternando o seu posicionamento, ora encostando em Rode e Hojbjerg, ora caindo bem abertos pelos lados, no espaço deixado pelos wingers.

Sem a bola o Bayern mantinha compactação curta. A marcação pressão em bloco alto da equipe era sempre feita com pelo menos 7 jogadores participando ativamente, ocupando o campo de ataque e buscando cortar as linhas de passe do adversário. Se o primeiro bloco de pressão realizado pela equipe era ultrapassado, rapidamente a equipe recompunha suas linhas, deixando somente Lewandowski mais a frente.

Bayern no 4-1-4-1/4-3-3 que, antes de ficar com um a menos, marcava alto e imprimia intensa movimentação no terço final do campo

O primeiro tempo iniciou-se com um Bayern avassalador. A equipe bávara não dava espaço para a que os jogadores do City pudessem sair de seu campo de defesa pelo chão. Pressionava até recuperar a posse da bola e, quando recuperava, trabalhava pacientemente na intermediária ofensiva, acelerando no terço final, sempre buscando o passe para romper a última linha defensiva adversária. Isso quase rendeu resultado ainda no início da partida, com Rode desperdiçando chance cara a cara com Hart.


A imagem acima retrata bem o que foi o Bayern até poucos minutos antes da expulsão: Pressing em bloco alto, com até 7 jogadores ocupando o campo ofensivo, dificultando assim a saída de bola adversária.

Já o City, por conta da pressão, não conseguia sair trabalhando a bola pelo chão, restando a ligação direta como alternativa. Esse recurso acabou mostrando-se muito útil já que, por conta das linhas avançadas do Bayern, a bola longa normalmente pegava, ou Navas, ou Aguero, em velocidade, causando constantes problemas. E foi em um desses lances de bola longa que originou-se o pênalti, convertido por Aguero, que ainda ocasionou a expulsão de Benatia.

Com um a menos, Guardiola colocou Dante no lugar de Rode, recompondo a sua última linha defensiva, passando a equipe para o 4-4-1. A vantagem numérica fez o City adiantar seu bloco de pressão, de modo que o Bayern mal conseguia passar da linha de meio campo, algo que também foi auxiliado por um posicionamento mais fixo dos jogadores Bávaros. Além disso, houve ainda a mudança de postura na marcação do Bayern, que passou a somente cercar, o que permitiu ao City fazer a saída de bola pelo chão e, aproveitando dos minutos de desconcentração do adversário, criar chances trabalhando a bola de pé em pé. Porém, o empate no gol de falta de Xabi Alonso fez com que o Bayern voltasse a buscar o controle total do jogo, trabalhando novamente a bola no campo ofensivo, o que acabou sendo premiado com a virada ainda no fim do primeiro tempo, quando Lewandowski completou cruzamento de Boateng, que saiu de sua posição vindo até a intermediária ofensiva. 

No Flagrante a jogada do segundo gol do Bayern. Boateng sai de seu posicionamento de zagueiro para chegar a intermediária ofensiva e efetuar o cruzamento que proporcionou o gol de Lewandowski(Reprodução: ESPN)

O segundo tempo foi, com exceção do final, mais tranquilo que o primeiro. O Bayern, até por ter um a menos, segurava mais a posse de bola na intermediária ofensiva, buscando esfriar ao máximo a partida. E quando o City, que havia mudado para o 4-2-3-1, com Milner aberto pela esquerda e Nasri centralizado na linha de 3, conseguia roubá-la, esbarrava no excelente posicionamento apresentado pelas linhas defensivas da equipe alemã, que ocupavam os espaços e faziam com que seus adversários inevitavelmente recuassem a bola para os seus zagueiros.

As entradas de Jovetic e Zabaleta nos lugares de Milner e Sagna alteraram o posicionamento da equipe, com Nasri e Jovetic alternando entre o centro e a esquerda, e também melhoraram a retenção de bola no terço final do campo, com a equipe passando a finalizar mais a gol. Porém, o Bayern de Guardiola, que terminou de queimar suas substituições colocando Schweinsteiger e Shaquiri nos lugares de Ribery e Lewandowski, conseguia manter o placar com relativa segurança. Até que duas falhas individuais proporcionaram a virada do City nos minutos finais.

 
Equipes nos minutos finais de jogo: City no 4-2-3-1, buscando, e conseguindo, a virada. Já o Bayern fechou-se num 4-4-1, buscando negar espaços e segurar a vitória

Primeiro Xabi Alonso errou um passe no meio de campo, no exato momento em que o Bayern estava com praticamente todos os seus jogadores no campo de ataque. Com isso Aguero, que recebeu a bola em velocidade de Jovetic, saiu cara a cara com Neuer e marcou o gol de empate. Empate que, aos 46 minutos, se transformou em virada. Um chutão despretensioso foi mal dominado por Boateng, que perdeu a bola para Aguero novamente superar Neuer e dar números finais ao jogo e, logo após, sair muito aplaudido por seus torcedores, dando lugar a Demichelis.

A vitória inacreditável do City o recolocou com força na briga por uma das vagas nas oitavas de final da Champions. Agora basta a equipe inglesa vencer a Roma no Estádio Olímpico, tarefa nada fácil, e torcer para que o CSKA não vença o Bayern na Allianz Arena, em jogo que também servirá para que os jogadores da equipe Bávara mostrem que as falhas individuais, e a virada nos minutos finais, não abalaram a confiança de uma das principais favoritas ao título da UEFA Champions League.

Por Andrey Hugo(@Andrey_Hugo)