O Manchester City veio a campo armado em um
4-1-4-1, onde Lampard e Milner atuavam pelo meio na segunda linha de 4 da
equipe inglesa. Com a bola a equipe inglesa, Lampard e Milner buscavam ocupar
os espaços pela região central, principalmente no terço final do ataque,
enquanto Nasri cortava ora pro meio, ora em diagonal, e Jesus Navas fazia o seu
já conhecido papel de ponteiro, buscando o fundo para efetuar o cruzamento,
rasteiro ou pelo alto, procurando Aguero, o homem mais avançado da equipe que
buscava sempre se impor na velocidade ante a dupla de zaga Bávara.
Sem a bola, o sistema variava entre o mesmo
4-1-4-1 e o 4-4-2 em linhas, variação essa que ocorria conforme a movimentação
de Frank Lampard, que podia se desprender da segunda linha de 4 e se juntar a
Aguero no pressing a Xabi Alonso. A equipe alternou a sua marcação pressão
entre os blocos médio-alto, com maior ênfase ao bloco médio.
City
no 4-1-4-1 que, sem a bola, variava para o 4-4-2 conforme o posicionamento de
Lampard
O Bayern, já classificado, veio a campo no
4-1-4-1/4-3-3. Com a bola o Bayern, como já é de praxe, buscava a saída curta,
sempre com Xabi Alonso afundando entre os zagueiros. Quando esse afundamento
ocorria, os laterais se adiantavam até a linha, ou de Rode, ou de Hojbjerg, já
que normalmente um desses dois recuavam, oferecendo como opção de progressão da
jogada. Quando a bola se aproximava do terço final, começava a intensa
movimentação do Bayern. Robben e Ribery ora abriam ora centralizavam, Hojberg e
Rode encostavam, além de Rafinha e Bernat também alternando o seu
posicionamento, ora encostando em Rode e Hojbjerg, ora caindo bem abertos pelos
lados, no espaço deixado pelos wingers.
Sem a bola o Bayern mantinha compactação curta. A
marcação pressão em bloco alto da equipe era sempre feita com pelo menos 7
jogadores participando ativamente, ocupando o campo de ataque e buscando cortar
as linhas de passe do adversário. Se o primeiro bloco de pressão realizado pela
equipe era ultrapassado, rapidamente a equipe recompunha suas linhas, deixando
somente Lewandowski mais a frente.
Bayern
no 4-1-4-1/4-3-3 que, antes de ficar com um a menos, marcava alto e imprimia
intensa movimentação no terço final do campo
O primeiro tempo iniciou-se com um Bayern
avassalador. A equipe bávara não dava espaço para a que os jogadores do City
pudessem sair de seu campo de defesa pelo chão. Pressionava até recuperar a
posse da bola e, quando recuperava, trabalhava pacientemente na intermediária
ofensiva, acelerando no terço final, sempre buscando o passe para romper a
última linha defensiva adversária. Isso quase rendeu resultado ainda no início
da partida, com Rode desperdiçando chance cara a cara com Hart.
A
imagem acima retrata bem o que foi o Bayern até poucos minutos antes da
expulsão: Pressing em bloco alto, com até 7 jogadores ocupando o campo
ofensivo, dificultando assim a saída de bola adversária.
Já o City, por conta da pressão, não conseguia
sair trabalhando a bola pelo chão, restando a ligação direta como alternativa.
Esse recurso acabou mostrando-se muito útil já que, por conta das linhas
avançadas do Bayern, a bola longa normalmente pegava, ou Navas, ou Aguero, em
velocidade, causando constantes problemas. E foi em um desses lances de bola
longa que originou-se o pênalti, convertido por Aguero, que ainda ocasionou a
expulsão de Benatia.
Com um a menos, Guardiola colocou Dante no lugar
de Rode, recompondo a sua última linha defensiva, passando a equipe para o
4-4-1. A vantagem numérica fez o City adiantar seu bloco de pressão, de modo
que o Bayern mal conseguia passar da linha de meio campo, algo que também foi
auxiliado por um posicionamento mais fixo dos jogadores Bávaros. Além disso,
houve ainda a mudança de postura na marcação do Bayern, que passou a somente
cercar, o que permitiu ao City fazer a saída de bola pelo chão e, aproveitando
dos minutos de desconcentração do adversário, criar chances trabalhando a bola
de pé em pé. Porém, o empate no gol de falta de Xabi Alonso fez com que o
Bayern voltasse a buscar o controle total do jogo, trabalhando novamente a bola
no campo ofensivo, o que acabou sendo premiado com a virada ainda no fim do
primeiro tempo, quando Lewandowski completou cruzamento de Boateng, que saiu de
sua posição vindo até a intermediária ofensiva.
No Flagrante
a jogada do segundo gol do Bayern. Boateng sai de seu posicionamento de
zagueiro para chegar a intermediária ofensiva e efetuar o cruzamento que
proporcionou o gol de Lewandowski(Reprodução: ESPN)
O segundo tempo foi, com exceção do final, mais
tranquilo que o primeiro. O Bayern, até por ter um a menos, segurava mais a
posse de bola na intermediária ofensiva, buscando esfriar ao máximo a partida.
E quando o City, que havia mudado para o 4-2-3-1, com Milner aberto pela
esquerda e Nasri centralizado na linha de 3, conseguia roubá-la, esbarrava no
excelente posicionamento apresentado pelas linhas defensivas da equipe alemã,
que ocupavam os espaços e faziam com que seus adversários inevitavelmente
recuassem a bola para os seus zagueiros.
As entradas de Jovetic e Zabaleta nos lugares de
Milner e Sagna alteraram o posicionamento da equipe, com Nasri e Jovetic
alternando entre o centro e a esquerda, e também melhoraram a retenção de bola
no terço final do campo, com a equipe passando a finalizar mais a gol. Porém, o
Bayern de Guardiola, que terminou de queimar suas substituições colocando
Schweinsteiger e Shaquiri nos lugares de Ribery e Lewandowski, conseguia manter
o placar com relativa segurança. Até que duas falhas individuais proporcionaram
a virada do City nos minutos finais.
Equipes
nos minutos finais de jogo: City no 4-2-3-1, buscando, e conseguindo, a virada.
Já o Bayern fechou-se num 4-4-1, buscando negar espaços e segurar a vitória
Primeiro Xabi Alonso errou um passe no meio de
campo, no exato momento em que o Bayern estava com praticamente todos os seus
jogadores no campo de ataque. Com isso Aguero, que recebeu a bola em velocidade
de Jovetic, saiu cara a cara com Neuer e marcou o gol de empate. Empate que,
aos 46 minutos, se transformou em virada. Um chutão despretensioso foi mal
dominado por Boateng, que perdeu a bola para Aguero novamente superar Neuer e
dar números finais ao jogo e, logo após, sair muito aplaudido por seus
torcedores, dando lugar a Demichelis.
A vitória inacreditável do City o recolocou com
força na briga por uma das vagas nas oitavas de final da Champions. Agora basta
a equipe inglesa vencer a Roma no Estádio Olímpico, tarefa nada fácil, e torcer
para que o CSKA não vença o Bayern na Allianz Arena, em jogo que também servirá
para que os jogadores da equipe Bávara mostrem que as falhas individuais, e a
virada nos minutos finais, não abalaram a confiança de uma das principais favoritas
ao título da UEFA Champions League.
Por Andrey Hugo(@Andrey_Hugo)