segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Férias!No último jogo do ano, Sport bate o São Paulo na Arena Pernambuco!

Com a temporada já resolvida, o São Paulo veio a campo na Arena Pernambuco com um time mesclado para a última rodada do campeonato brasileiro, entretanto, o esquema tático do time se manteve, o 4-4-2. Entretanto, os comandados de Muricy Ramalho apresentaram muitos defeitos que precisam ser corrigidos caso queira ter um time competitivo para faturar a Libertadores de 2015.

Abaixo segue o panorama tático do jogo:



Com a bola, mais do mesmo, posse de bola, tocando-a no chão, e lateralizando demais as jogadas, sem aproximação dos demais jogadores da equipe, sem muita inversão de jogo, dando assim tempo para o Sport impor a sua proposta reativa, que basculava defensivamente de modo muito correto, com os 4 jogadores da segunda linha de quatro do 4-1-4-1 pernambucano. Ainda nos primeiros minutos o São Paulo realizou uma marcação mais avançada, fechando linhas de passe para forçar o "chutão" dos jogadores do Leão Pernambucano na saída de bola.

São Paulo realizando marcação avançada. (Reprodução: PFC/SporTV)

Muitas falhas individuais de basculação defensiva foram notadas nessa partida, como se pode notar nos flagrantes táticos abaixo:


São Paulo posicionado no 4-4-2 com as duas linhas de quatro. Percebe-se que Michel Bastos não bascula corretamente para o lado da bola, sem se alinhas aos volantes para gerar superioridade numérica na meia-cancha, entretanto, o camisa 7 acompanhava individualmente o lateral adversário, o que não condiz com a marcação por zona. (Reprodução: PFC/SporTV)

No único gol marcado na partida, percebe-se a falha de recomposição da linha de defesa do São Paulo quando tomava contragolpe. Renê avançou por dentro e de frente pra defesa são-paulina deu o passe de ruptura. Percebe-se o espaço livre entre Edson Silva e Reinaldo para Joelinton marcar o tento leonino. Esse espaço livre deveria ser ocupado por Reinaldo, para ter um equilíbrio defensivo nesse momento, porém, o mesmo se atrasou na recomposição pela esquerda. (Reprodução: PFC/SporTV)

Novamente falha de basculação defensiva da linha de defesa do São Paulo. Percebe-se que Edson Silva da condição para Mike, que infiltra em diagonal nas costas de Reinaldo, que se atrasa pra fechar por dentro e bascular com a linha defensiva. Foi outra chance do Sport, defendida por Dênis. (Reprodução: PFC/SporTV)


O 4-1-4-1 do Sport marcava em bloco baixo, com as linhas postadas dentro da própria intermediária defensiva e 4 componentes da linha de meio participando da basculação defensiva para o lado da bola(como de costume, ponta oposto com referência fixamente individual no lateral). Outro aspecto comum do sistema de marcação leonino apresentado nesse jogo foi a falta de intensidade de Diego Souza na recomposição pelo lado esquerdo, exigindo compensações espaciais(diagonais de cobertura dos volantes) nos espaços às costas de Renê para evitar a superioridade numérica adversária no setor. Abaixo, pode-se observar algumas características defensivas leoninas:


Observa-se a compactação curta do Sport no 4-1-4-1, com curta distância entre as linhas de defesa e meio. Na primeira imagem, observa-se a falta de intensidade defensiva de Diego Souza, que não participa da ação defensiva ativamente e obriga Rithely a sair na diagonal do entrelinhas pra esquerda pra cobrir o espaço às costas de Renê que foi atacado por Michel Bastos. Também observa-se Mike(o ponta oposto) acompanhando Reinaldo a média/longa distância. Na segunda imagem, Diego Souza participa mais ativamente da marcação quando a bola cai no seu flanco, acompanhando a subida do lateral-direito Auro. 4 jogadores(os 3 volantes+o winger do lado da bola) balanceiam defensivamente pro lado atacado e o winger oposto(James Dean, que substituiu Mike) não aparece na imagem por causa da sua fixação individual no lateral-esquerdo Reinaldo, que não subiu ao ataque na situação acima(pois o São Paulo trabalha com apoio alternado dos laterais, assim como a esmagadora maioria dos times que usam linha de 4 no sistema defensivo). (Reprodução: PFC/SporTV)


A proposta leonina funcionava bem, buscando compactar-se atrás da linha da bola e sair em velocidade na transição defesa-ataque, com boa movimentação ofensiva nas suas chances criadas. Diego Souza buscando armar o jogo e ajudar na retenção da posse a partir do setor esquerdo, mas também recuando para buscar jogo na linha dos volantes e por vezes na saída de bola, recebendo o passe vertical dos zagueiros. Mike procurando as diagonais de ruptura, Joelinton novamente apresentando boa mobilidade, buscando a movimentação para fazer o pivô e ser opção de tabelas mesmo fora da zona de referência do ataque, mas também dando profundidade e prendendo a linha defensiva adversária, e Rodrigo Mancha saindo mais pro jogo pra ser opção de passe no ataque e chegando por vezes na diagonal centro-direita, pra buscar jogada na beirada pelo lado direito do ataque rubro-negro. Porém, o time tinha dificuldades quando tinha que propor o jogo(fase de ataque organizado) com as duas linhas de quatro do São Paulo já bem fechadas e compactadas na intermediária defensiva, errando muitos passes e com problemas pra dar continuidade às jogadas.. Esse é um dos principais defeitos do Sport. Tem muita sabedoria e inteligência para explorar os espaços que o adversário lhe dá, mas tem dificuldades pra criar os espaços quando estes são limitados. Abaixo, pode-se observar algumas movimentações do Leão da Ilha em situações que chegou com perigo ao gol são-paulino:



As centralizações do winger da direita(Mike/James) sempre abriam o corredor pra Patric, que é muito forte no ataque ao espaço vazio pelo setor e é a principal válvula de escape leonina para acelerar as jogadas. Na primeira imagem, James fecha por dentro e atrai Reinaldo, enquanto Patric mergulha no imenso corredor pra ser opção de esticada pra Rodrigo Mancha(o portador da bola). Na sequência da jogada(segunda imagem), ele chega ao fundo e James atrai um dos zagueiros, enquanto Joelinton chega de trás, faz a diagonal curta pra receber o passe na área e acerta uma pancada no travessão do goleiro Denis. Na terceira imagem, Ewerton Páscoa vem de trás com bola e progride entre as linhas são-paulinas. Mike faz a diagonal longa pra ser a referência central, enquanto Joelinton recua no entrelinhas pra ser opção de tabela. Rodrigo Mancha "prende" Reinaldo e abre o corredor pra Patric. Mas a sequência da jogada é centralizada mesmo e Páscoa arrisca de fora da área com perigo ao gol defendido por Denis. (Reprodução: PFC/SporTV)




Na primeira imagem, o Sport roubou alto e o portador da bola(Joelinton) atraiu os dois zagueiros, enquanto Auro encaixava em Diego Souza. Com a defesa são-paulina postada em linha muito alta e distante da própria meta na situação acima, Mike fechou no facão em diagonal às costas da linha defensiva e Reinaldo não conseguiu acompanhá-lo(repare que no flanco oposto, Patric já se projetava pra atacar o vazio deixado pela diagonal de Mike, porém, Osvaldo fez bem o princípio do encaixe no setor e fechou com ele pra impedir sua passagem no corredor). Na sequência da jogada, Mike invadiu a área, mas finalizou mal e desperdiçou a chance. Na segunda imagem, Renê tabelou de fora pra dentro com Mike(novamente centralizando e atraindo Reinaldo, repare o imenso vazio na esquerda da defesa paulista que poderia ter sido atacado por Patric, que receberia com muito espaço na inversão diagonal) e acionou a ruptura de Danilo, que infiltrou-se no espaço entre o lateral-direito Auro(atraído por Joelinton) e os zagueiros, porém, também conclui muito mal. Na terceira imagem, Joelinton dá profundidade e empurra os zagueiros pra trás, enquanto James aprofunda a diagonal pra dentro, carrega Reinaldo e abre espaço pra Rodrigo Mancha receber com liberdade pelo meio e com espaço pra arriscar de média distância. (Reprodução: PFC/SporTV)



Muricy Ramalho precisa trabalhar a compactação do time, e a linha defensiva, com laterais que saibam recompor bem, e um zagueiro mais veloz para fazer dupla com Tolói, sem contar com a dificuldade do São Paulo de propor o jogo contra times bem fechados. Uma preparação de pré-temporada mais extensa é adequada para que esses ajustes sejam feitos, e para que o time chegue longe na Libertadores.
O time do Sport deve ser aplaudido de pé, com o trabalho do excelente Eduardo Baptista, que montou um time agrupado fora de campo, compacto dentro das quatro linhas, com vontade de sobra, e que sabe equilibrar a técnica, o talento e a tática. Se conseguir resolver as dificuldades de propor o jogo por parte da equipe do Sport, 2015 pode ser melhor que 2014 para o time pernambucano.


Por Diogo R. Martins (@diogorm013) e João Elias Cruz (@joaoeliascruzzz)