quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Jogando no erro adversário, competitivo Monaco avança às oitavas da UEFA Champions League!


Na França, o Monaco bateu o Zenit por 2 a 0 e avançou à fase final da UEFA Champions League, usando de uma receita de time competitivo e que cada dia mais é tendência no futebol moderno: Jogar reativamente, no erro adversário. O Monaco tem uma das defesas mais sólidas e consistentes da competição e pode surpreender nessas oitavas-de-finais em diante, assim como o outro time classificado desse grupo C, o Bayer Leverkusen, que além da compactação, também se caracteriza pela alta intensidade em todas as fases do jogo. 

O Monaco foi a campo num 4-2-3-1 que fechava um 4-4-2 com duas linhas de quatro sem a posse de bola, deixando João Moutinho e Berbatov mais à frente. Posicionamento defensivo alternando de bloco médio(entre as intermediárias) para bloco baixo, compactação curtíssima entre as três linhas, limitando espaços à progressão vertical entrelinhas e dificultando a ruptura de sua segunda linha de marcação, e também realizando perfeitamente o movimento de basculação defensiva para o lado atacado, contando com a centralização do winger oposto para fechar o espaço por dentro, o que é de certo modo, incomum no futebol brasileiro. A proposta francesa era claramente de se fechar atrás da linha da bola e buscar a saída em velocidade, porém, não conseguia encaixar o contragolpe e também não conseguia reter a posse de bola em campo ofensivo, o que empurrava ainda mais o Zenit para dentro da intermediária defensiva dos donos da casa. 

A equipe russa entrou num 4-3-3 que tentava propor o jogo e se caracterizava pela presença de  dois elementos bem importantes em fase ofensiva: Amplitude e profundidade. Sempre buscava abrir o campo, por vezes com os dois laterais atacando simultaneamente bem abertos(apoio mais forte durante boa parte do jogo com Criscito pela esquerda tentando atacar o corredor aberto quando Danny fazia a diagonal de centralização, também em situações que a bola caía no lado oposto)para alargar o campo de jogo do Zenit e um dos volantes recuava para buscar o jogo, receber o passe dos zagueiros e iniciar a transição, fazendo por vezes, a saída de três lavolpiana e soltando os laterais, que empurravam os wingers franceses para trás. A profundidade era gerada pela presença de Rondón no centro do ataque, prendendo os zagueiros e empurrando a linha defensiva para trás. Na transição da defesa pro ataque, geralmente um dos médios mais avançados ficava mais contido para ser opção de passe na saída de bola, mantendo a proximidade em relação ao volante do primeiro passe, enquanto que Witsel tinha bastante mobilidade e liberdade de flutuação entrelinhas, por vezes indo na diagonal do centro pro lado esquerdo do campo e também chegando entre as linhas de meio e ataque nas costas dos volantes adversários e aprofundando pra topar com a linha defensiva. 

Dentro de sua proposta de jogo, faltava objetividade ao Zenit, que tinha dificuldades para criar espaços e conseguir a penetração diante do compacto e fechado sistema de marcação do Monaco. A proposta de jogo no erro adversária deu frutos do meio pro final da partida. Primeiro por meio da bola aérea ofensiva, com gol de cabeça do zagueiro Abdennour, infiltrando na segunda trave às costas da marcação, e depois em boa jogada de contra-ataque, que resultou em gol do lateral-direito brasileiro Fabinho. 

Nos flagrantes abaixo, pode-se observar alguns aspectos táticos apresentados pelas duas equipes nessa partida:


Compactação é o lema do futebol moderno, por isso, cada vez mais é importante saber ocupar os espaços do campo e jogar em espaços reduzidos, limitados. Nós da Prancheta Tática sempre buscamos mostrar o quanto que isso é fundamental. No primeiro flagrante, observa-se os 20 jogadores de linha ocupando um curto espaço do campo. No segundo, 19 dos 20 jogadores de linha ocupam esse espaço, que é curto se considerarmos de gol a gol e também é um espaço fechado se considerarmos de lateral a lateral. 




Na primeira imagem, observa-se as compactas e estreitas linhas do 4-4-2 do Monaco mantendo curtíssima distância entre si, com a linha defensiva em posicionamento mais alto e distante da própria meta para manter a aproximação com as linhas de meio e ataque. Na segunda imagem, o Monaco está com as linhas mais recolhidas dentro de sua intermediária defensiva, mantendo a compactação curta. Observa-se o perfeito balanceamento defensivo em função da movimentação da bola para proteger o lado atacado, com os atacantes tirando a linha de passe com os volantes do Zenit(opções de retorno mais próximas do setor da bola) e as linhas de defesa e meio seguindo rigidamente o princípio da basculação defensiva. Com o aprofundamento de Witsel e a diagonal de Danny(em situação que a bola está no lado oposto ao seu), a linha defensiva do Monaco fica no 4x4 com o ataque do Zenit. Na direita, Hulk se projeta pra trabalhar jogada e leva o lateral um pouco pra fora da linha defensiva, enquanto que o lateral-direito russo já se projeta pra atacar o espaço nas costas do lateral, entre ele e o zagueiro daquele lado, porém, o winger esquerdo adversário o acompanha corretamente. 




Nos escanteios defensivos, Monaco e Zenit marcavam da mesma forma. Individualmente no bolo da área e dois jogadores marcando a zona na primeira trave. 




Observa-se o aprofundamento de um dos volantes ao centro, espetamento dos laterais para dar amplitude, "jogando" os wingers adversários pra trás e a presença de Rondón entre os zagueiros para dar profundidade ao ataque. Na segunda imagem, Witsel aprofunda entre as linhas de defesa e meio adversárias, como já foi destacado nesse post. 



*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)