quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Retrospectiva Brasileirão 2014: São Paulo

O time do São Paulo vice-campeão brasileiro e semi-finalista da Copa Sul Americana foi sendo montado aos poucos. No início da temporada, ainda com Juvenal Juvêncio como presidente, e poucos reforços, Muricy Ramalho foi obrigado a montar um time com o que julgava que tinha de melhor. Com isso, para o primeiro jogo da temporada, na derrota por 2 a 0 para o Bragantino, ele montou um 4-3-1-2 com um meio de campo lento e previsível, apático demais em campo, que tinha Denílson recuando entre os zagueiros para fazer a "saída lavolpiana." E isso se manteve no excelente segundo semestre tricolor.

Denílson em grande parte de 2014, além de ter uma função semelhante a de "box-to-box", fazia a saída de três para liberar os laterais para o apoio. (Reprodução: PFC/SporTV)

Mas os reforços foram chegando aos poucos. Alexandre Pato veio em troca de Jadson. Kardec foi contratado de forma polêmica, e Dorlán Pábon veio por empréstimo junto de Álvaro Pereira. E Muricy foi aproveitando o campeonato paulista para montar a equipe. A princípio, montou um 4-2-3-1 com Osvaldo e Pábon pelas pontas e Ganso no centro, porém, na época, o camisa 10 tricolor ainda era apático para criar e marcar, e o treinador tricolor pedia constantemente para que ele entrasse na área. Isso ocorreu raramente, como na partida contra o Internacional, pelo primeiro turno do campeonato, e no golaço que marcou contra o Corinthians no campeonato paulista. Mas ainda era uma equipe previsível e estática, e que foi eliminada pela Penapolense no paulista.

São Paulo foi estático diante da Penapolense, e não conseguiu chegar ao gol.
Com isso, a equipe foi eliminada nos pênaltis.

O campeonato brasileiro chegou, e Muricy, com Alexandre Pato já disponível para jogar, já começou a montar a base que viria a ser vice-campeã do mesmo campeonato. Na estreia contra o Botafogo, um 4-4-2 britânico com dinâmica semelhante a atual, com Ganso já começando a ajudar no trabalho defensivo.


O 4-4-2 da estreia contra o Botafogo. Apoio intenso dos laterais, Pato se movimentando bem, Ganso procurando o centro e voltando pelo flanco, e o passe qualificado dos dois volantes. Maicon viria a deixar o time lento, e foi substituído por Denílson que não comprometeu.



Mas Muricy foi alterando o time, para um 4-2-3-1 compacto onde Alexandre Pato e Ganso revezavam o posicionamento no centro e na ponta direita, Osvaldo ganhou novamente a vaga no flanco oposto e foi líder de assistências do time no primeiro semestre. A linha de defesa avançada foi novidade, mas, a equipe tomava muitos gols, como no 5 a 2 contra o Fluminense, em que o clube das laranjeiras avançou a marcação no segundo tempo e virou o placar no Maracanã.


Linha de defesa avançada do São Paulo, compactando-se as demais linhas no 4-2-3-1. (Reprodução: TV Globo)


Na parada para a Copa do Mundo, já com Alan Kardec, a ideia inicial de Muricy era alocar o camisa 14 na ponta direita, no lugar de Pato, porém, a lesão de Luís Fabiano nesse tempo permitiu que voltasse para a posição de centroavante. No retorno do Brasileirão, vitória convincente sobre o Bahia, num 4-2-3-1 mais moderno, com volantes participando ativamente, mais compactação, e trabalhando com bola no chão, e velocidade nas pontas.






Mas a equipe do São Paulo tinha, e ainda possuí um defeito. A dificuldade de propor o jogo contra times bem compactos. Falta ainda mais sabedoria para criar espaços, e foi isso, e um pouco mais que Kaká trouxe ao São Paulo quando chegou. Ele fez com que o time se ajustasse dentro e fora das quatro linhas, e serviu de exemplo para muitos jogadores evoluírem, como Ganso, que brilhou no segundo semestre. Marcando pelo lado direito e procurando o centro para brilhar, sem comprometer o trabalho defensivo do compacto 4-4-2 (ou 4-4-1-1) do time do Morumbi.

São Paulo do segundo semestre, com compactação curta no 4-4-1-1. (Reprodução: TV Globo)


Aos poucos as peças do time foram sendo modificadas, como a entrada de Auro na lateral, e o retorno de Rafael Tolói, que jamais comprometeu defensivamente. Entretanto, o primeiro começou bem, mas as falhas do jovem lateral direito foram notadas. Ele ainda não recompõe bem na sua posição. Precisa ser trabalhado para que possa apoiar e defender com qualidade.

Contra o Flamengo, percebe-se a "avenida" que Auro deixou na lateral direita. Na sequência da jogada, houve o gol do time rubro-negro. (Reprodução: TV Globo)


Mais aos poucos, foi-se se identificando paradigmas do futebol moderno, como marcação pressão, superioridade numérica no meio de campo, a já citada "saída lavolpiana" e a compactação curta.

São Paulo fazendo pressão no jogador adversário do homem da bola, para recuperar rapidamente a pelota. (Reprodução: PFC/SporTV)

São Paulo fazendo marcação avançada no time adversário. (Reprodução: TV Globo)


O São Paulo aos poucos foi se ajustando, mas falhas de finalização, posicionamento defensivo, e de execução de sua proposta de jogo precisam ser concertadas. Como venho martelando, uma pré-temporada mais extensa, onde o time pode se fortalecer fisicamente num calendário extenso, e, se entrosar para uma Libertadores da América, o sonho maior de qualquer torcedor do tricolor paulista, e de Rogério Ceni.

Por Diogo R. Martins (@diogorm013)