sábado, 13 de dezembro de 2014

Retrospectiva Brasileirão 2014: Atlético-PR

Continuando a retrospectiva tática do Campeonato Brasileiro de 2014, estamos agora com o 8° colocado, o Atlético-PR. O Furacão, durante o Brasileirão, teve quatro técnicos. O primeiro deles foi mais diferente em terras tupiniquins, o espanhol Miguel Ángel Portugal.



Com este técnico, o Atlético-PR atuou de forma europeia. O 4-4-2 em linha foi o esquema utilizado desde o começo da passagem de Miguel Ángel. Neste esquema, o time se compactava em curto espaço entre intermediárias, variava a altura da linha defensiva, o sistema defensivo era formado somente com as duas linhas de 4, o sistema ofensivo era formado pelos os dois laterais ao mesmo tempo e, momentos antes dos cruzamentos, os quatro do quarteto de frente entravam na área para tentar o cabeceio. 

Flagrante do 4-4-2 em linha do Atlético-PR compactado entre intermediárias e em curto espaço (Reprodução: FOX Sports).


Um dos movimentos mais marcantes da Era Miguel Ángel Portugal era a entrada na área adversária do quarteto ofensivo momentos antes do cruzamento acontecer. Movimentação que aumentava as chances de gol, mas que não surtiu tanto efeito prático (Reprodução: FOX Sports).

Como Miguel Portugal foi eliminado na fase de grupos da Taça Libertadores da América e foi mal no início do Campeonato Brasileiro, ele foi demitido após o empate por 1 x 1 contra a Chapecoense, na 5ª rodada. Em seu lugar, veio o interino Leandro Ávila.

Com Leandro Ávila, o Atlético-PR teve bons resultados e ficou invicto até a parada da Copa do Mundo. Ao todo, este técnico venceu o Coritiba e o Figueirense, e empatou com Corinthians e São Paulo. Com este interino, que iria aparecer mais uma vez no comando rubro-negro no ano de 2014, o Furacão jogou no 4-3-1-2. Neste esquema, o Atlético-PR marcava entre intermediárias, não ligava tanto para a compactação, marcava com perseguições médias, com os três volantes faziam a proteção à frente da linha defensiva e a equipe voltou a jogar com um meia central –algo, na época, muito pedido pela torcida do Furacão.

Flagrante do 4-3-1-2 do Atlético-PR quase compactado entre intermediárias e com a volta de um meia central, no caso do jogo contra o Coritiba, Marcos Guilherme foi quem ocupou tal posição (Reprodução: Sportv/ PFC).

Na parada da Copa do Mundo, a diretoria do Atlético-PR anunciou Doriva como técnico do clube. Com este técnico, o Furacão passou a variar entre 4-2-3-1 e 4-3-3, voltou a procurar a curta compactação em todas as ações do jogo, a marcar pressão desde a saída de bola adversária, a jogar com linha alta defensiva, a procurar o passe curto em todo momento e a superioridade numérica no setor da bola (seja com ou sem a bola). Eram aspectos bem modernos e muito procurados em terras brasileiras.

Flagrante do 4-2-3-1 do Atlético-PR compactado em curto espaço (Reprodução: Bandeirantes).

A busca da superioridade numérica no setor da bola era constante, tanto com quanto sem a bola. Na imagem acima, o flagrante de quatro jogadores do Atlético-PR no setor da bola contra somente dois do Fluminense. Com mais jogadores no setor da bola, as chances de recuperar a bola são maiores (Reprodução: Bandeirantes).


Porém como nem tudo era só alegria no Atlético-PR com Doriva, algumas faltas de adaptação e compreensão de função ofensiva e, principalmente, defensiva prejudicaram o sistema tático deste técnico. A busca da superioridade numérica no setor era tão constante que os jogadores faziam isso mesmo sem o jogador adversário com a posse da bola estivesse sendo realmente pressionado. Além disso, o que mais prejudicou o trabalho de Doriva foi a falta de noção defensiva dos jogadores que ele colocava para fazer as funções de wingers.

Douglas Coutinho, Marcos Guilherme e, principalmente, Marcelo marcaram muito mal os seus setores na Era Doriva. Estes dois flagrantes foram sequencias de uma das consequência da falta do balanço defensivo destes wingers. Com a bola pela direita do Sport, Marcelo não voltou para fazer parte do sistema defensivo do Atlético porque o lateral-esquerdo do Leão não havia avançado (Reprodução: Sportv/ PFC).

Com a bola conseguindo chegar pelo lado esquerdo, Renê –o lateral-esquerdo do Sport- começou a sua projeção e nas costas de Marcelo. Como o jogador do Atlético-PR estava fora do seu setor (círculo vermelho), Renê teve muito espaço e tempo para se projetar ao retângulo amarelo para receber a bola e cruzar a bola na área do Furacão (Reprodução: Sportv/ PFC).

Com tantos defeitos defensivos, Doriva foi demitido após sete jogos do Campeonato Brasileiro. O técnico interino, Leandro Ávila, reassumiu a equipe e a comandou em duas partidas (uma contra o América-RN, pela Copa do Brasil e outra contra o Goiás, pelo Campeonato Brasileiro). Diante do time potiguar, Ávila jogou no 4-2-2-2 e contra o goiano, no 4-3-1-2 –ambos esquemas já utilizados por ele mesmo na primeira passagem pelo Furacão.

Flagrante do 4-3-1-2 da partida contra o Goiás. Contra o time goiano, o Atlético-PR jogou reativamente, mas não conseguiu neutralizar o Goiás e acabou derrotado. Já contra a equipe potiguar, o Furacão jogou propondo o jogo, mas também não convenceu em campo e perdeu a partida. Sem o mesmo desempenho de sua 1ª passagem, Leandro Ávila foi demitido do clube e Claudinei Oliveira veio em seu lugar (Reprodução: Sportv/ PFC).

O início do trabalho de Claudinei Oliveira foi preocupante. Já que o Atlético-PR não conseguia embalar uma sequência de dois jogos sem perder em seus primeiros nove jogos. Porém, após um mês no comando rubro-negro, este técnico conquistou cinco vitórias em seis partidas, livrou o Furacão de qualquer risco de rebaixamento e, o melhor, os seus aspectos táticos se consolidaram na equipe.

Desde a 1ª conquista desta sequência de cinco vitórias, o Atlético-PR passou a ser um time que se defende entre intermediárias, em curta compactação, mas com seus wingers só marcando os laterais adversários; já ofensivamente, a equipe ataca alternadamente com seus laterais, com somente um volante se projetando ao terço ofensivo, com o meia central participando ofensivamente dos dois lados do campo, com Cléo sendo a referência fixa do ataque e com os wingers não tão abertos durante a ação ofensiva. 

O 4-2-3-1 da estreia de Claudinei Oliveira no Furacão. Com este técnico, o Atlético-PR utilizou o 4-2-3-1, o 4-3-3 e o 5-3-2. Porém o esquema tático base da equipe era o 4-2-3-1 (Reprodução: Sportv/ PFC).

Contra o Corinthians, o flagrante do 4-2-3-1 de Claudinei Oliveira se defendendo em curta compactação e com wingers só marcando o lateral adversário mais próximo: na imagem, a equipe se posiciona defensivamente no 4-4-2 em poucos metros e com Douglas Coutinho pendurado no lateral-direito corintiano em vez de balançar para o lado da bola (Reprodução: Bandeirantes). 

Já ofensivamente e contra o Atlético-MG, o Furacão de Claudinei Oliveira permitia as ultrapassagens dos laterais com a atuação dos wingers pela meia do lado atacado: no caso do flagrante acima, com Dellatorre na meia esquerda, Natanael pôde se projetar à linha de fundo. Com este posicionamento ofensivo, os dois laterais do Atlético-PR, Sueliton e Natanael, foram os jogadores que mais realizaram assistências na equipe rubro-negra paranaense. 

Por Caio Gondo (@CaioGondo)