Continuando
a retrospectiva tática do Campeonato Brasileiro de 2014, estamos agora com o 8°
colocado, o Atlético-PR. O Furacão, durante o Brasileirão, teve quatro
técnicos. O primeiro deles foi mais diferente em terras tupiniquins, o espanhol
Miguel Ángel Portugal.
Com
este técnico, o Atlético-PR atuou de forma europeia. O 4-4-2 em linha foi o
esquema utilizado desde o começo da passagem de Miguel Ángel. Neste esquema, o
time se compactava em curto espaço entre intermediárias, variava a altura da
linha defensiva, o sistema defensivo era formado somente com as duas linhas de
4, o sistema ofensivo era formado pelos os dois laterais ao mesmo tempo e,
momentos antes dos cruzamentos, os quatro do quarteto de frente entravam na
área para tentar o cabeceio.
Flagrante
do 4-4-2 em linha do Atlético-PR compactado entre intermediárias e em curto
espaço (Reprodução: FOX Sports).
Um
dos movimentos mais marcantes da Era Miguel Ángel Portugal era a entrada na
área adversária do quarteto ofensivo momentos antes do cruzamento acontecer.
Movimentação que aumentava as chances de gol, mas que não surtiu tanto efeito
prático (Reprodução: FOX Sports).
Como
Miguel Portugal foi eliminado na fase de grupos da Taça Libertadores da América
e foi mal no início do Campeonato Brasileiro, ele foi demitido após o empate
por 1 x 1 contra a Chapecoense, na 5ª rodada. Em seu lugar, veio o interino Leandro
Ávila.
Com
Leandro Ávila, o Atlético-PR teve bons resultados e ficou invicto até a parada
da Copa do Mundo. Ao todo, este técnico venceu o Coritiba e o Figueirense, e
empatou com Corinthians e São Paulo. Com este interino, que iria aparecer mais
uma vez no comando rubro-negro no ano de 2014, o Furacão jogou no 4-3-1-2.
Neste esquema, o Atlético-PR marcava entre intermediárias, não ligava tanto
para a compactação, marcava com perseguições médias, com os três volantes faziam
a proteção à frente da linha defensiva e a equipe voltou a jogar com um meia
central –algo, na época, muito pedido pela torcida do Furacão.
Flagrante
do 4-3-1-2 do Atlético-PR quase compactado entre intermediárias e com a volta
de um meia central, no caso do jogo contra o Coritiba, Marcos Guilherme foi
quem ocupou tal posição (Reprodução: Sportv/ PFC).
Na
parada da Copa do Mundo, a diretoria do Atlético-PR anunciou Doriva como
técnico do clube. Com este técnico, o Furacão passou a variar entre 4-2-3-1 e
4-3-3, voltou a procurar a curta compactação em todas as ações do jogo, a
marcar pressão desde a saída de bola adversária, a jogar com linha alta
defensiva, a procurar o passe curto em todo momento e a superioridade numérica
no setor da bola (seja com ou sem a bola). Eram aspectos bem modernos e muito
procurados em terras brasileiras.
Flagrante
do 4-2-3-1 do Atlético-PR compactado em curto espaço (Reprodução: Bandeirantes).
A
busca da superioridade numérica no setor da bola era constante, tanto com
quanto sem a bola. Na imagem acima, o flagrante de quatro jogadores do
Atlético-PR no setor da bola contra somente dois do Fluminense. Com mais
jogadores no setor da bola, as chances de recuperar a bola são maiores (Reprodução: Bandeirantes).
Porém
como nem tudo era só alegria no Atlético-PR com Doriva, algumas faltas de
adaptação e compreensão de função ofensiva e, principalmente, defensiva
prejudicaram o sistema tático deste técnico. A busca da superioridade numérica
no setor era tão constante que os jogadores faziam isso mesmo sem o jogador
adversário com a posse da bola estivesse sendo realmente pressionado. Além
disso, o que mais prejudicou o trabalho de Doriva foi a falta de noção
defensiva dos jogadores que ele colocava para fazer as funções de wingers.
Douglas
Coutinho, Marcos Guilherme e, principalmente, Marcelo marcaram muito mal os
seus setores na Era Doriva. Estes dois flagrantes foram sequencias de uma das
consequência da falta do balanço defensivo destes wingers. Com a bola pela
direita do Sport, Marcelo não voltou para fazer parte do sistema defensivo do
Atlético porque o lateral-esquerdo do Leão não havia avançado (Reprodução: Sportv/ PFC).
Com
a bola conseguindo chegar pelo lado esquerdo, Renê –o lateral-esquerdo do
Sport- começou a sua projeção e nas costas de Marcelo. Como o jogador do
Atlético-PR estava fora do seu setor (círculo vermelho), Renê teve muito espaço
e tempo para se projetar ao retângulo amarelo para receber a bola e cruzar a
bola na área do Furacão (Reprodução: Sportv/ PFC).
Com
tantos defeitos defensivos, Doriva foi demitido após sete jogos do Campeonato
Brasileiro. O técnico interino, Leandro Ávila, reassumiu a equipe e a comandou
em duas partidas (uma contra o América-RN, pela Copa do Brasil e outra contra o
Goiás, pelo Campeonato Brasileiro). Diante do time potiguar, Ávila jogou no
4-2-2-2 e contra o goiano, no 4-3-1-2 –ambos esquemas já utilizados por ele
mesmo na primeira passagem pelo Furacão.
Flagrante
do 4-3-1-2 da partida contra o Goiás. Contra o time goiano, o Atlético-PR jogou
reativamente, mas não conseguiu neutralizar o Goiás e acabou derrotado. Já
contra a equipe potiguar, o Furacão jogou propondo o jogo, mas também não
convenceu em campo e perdeu a partida. Sem o mesmo desempenho de sua 1ª
passagem, Leandro Ávila foi demitido do clube e Claudinei Oliveira veio em seu
lugar (Reprodução: Sportv/ PFC).
O
início do trabalho de Claudinei Oliveira foi preocupante. Já que o Atlético-PR
não conseguia embalar uma sequência de dois jogos sem perder em seus primeiros
nove jogos. Porém, após um mês no comando rubro-negro, este técnico conquistou
cinco vitórias em seis partidas, livrou o Furacão de qualquer risco de
rebaixamento e, o melhor, os seus aspectos táticos se consolidaram na equipe.
Desde
a 1ª conquista desta sequência de cinco vitórias, o Atlético-PR passou a ser um
time que se defende entre intermediárias, em curta compactação, mas com seus
wingers só marcando os laterais adversários; já ofensivamente, a equipe ataca
alternadamente com seus laterais, com somente um volante se projetando ao terço
ofensivo, com o meia central participando ofensivamente dos dois lados do
campo, com Cléo sendo a referência fixa do ataque e com os wingers não tão
abertos durante a ação ofensiva.
O
4-2-3-1 da estreia de Claudinei Oliveira no Furacão. Com este técnico, o
Atlético-PR utilizou o 4-2-3-1, o 4-3-3 e o 5-3-2. Porém o esquema tático base
da equipe era o 4-2-3-1 (Reprodução: Sportv/ PFC).
Contra
o Corinthians, o flagrante do 4-2-3-1 de Claudinei Oliveira se defendendo em
curta compactação e com wingers só marcando o lateral adversário mais próximo:
na imagem, a equipe se posiciona defensivamente no 4-4-2 em poucos metros e com
Douglas Coutinho pendurado no lateral-direito corintiano em vez de balançar
para o lado da bola (Reprodução: Bandeirantes).
Já
ofensivamente e contra o Atlético-MG, o Furacão de Claudinei Oliveira permitia
as ultrapassagens dos laterais com a atuação dos wingers pela meia do lado
atacado: no caso do flagrante acima, com Dellatorre na meia esquerda, Natanael
pôde se projetar à linha de fundo. Com este posicionamento ofensivo, os dois
laterais do Atlético-PR, Sueliton e Natanael, foram os jogadores que mais
realizaram assistências na equipe rubro-negra paranaense.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)