sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

River Campeão Invicto da Sulamericana: Uma reconstrução com o selo millonario de bom futebol

"El mas grande sigue siendo River Plate, por su estilo, sus estrellas y su gente. Porque River no se vende, porque se lleva en la piel y en cualquier lugar que esté siempre va al frente.."  toca e toca cada vez mais alto o hino do River Plate, o campeão da Copa Sulamericana de forma invicta. 8 vitórias, 2 empates, numa conquista irretocável que recoloca o conjunto de Nuñez na rota de voltas olímpicas em âmbito internacional.Um processo de reconstrução que vai além das quatro linhas e que teve início com o fim da nefasta gestão de Daniel Passarella. Rodolfo D'Onofrio assumiu a presidência apostando pelo retorno de jogadores históricos ao comando gerencial do futebol. Com Beto Alonso e Enzo Francescoli - ídolos dos anos 80 e 90 - como diretores, o River foi atrás de Ramon Diaz, seu histórico e folclórico treinador. O mais vencedor D.T millonario escolheu o bom e velho 4-3-1-2 riverplatense como seu estandarte tático. O título do torneio final de 2014 resgatou o toque de bola e o retorno aos títulos que estancam o orgulho ferido após o traumático rebaixamento em 2011.
Campeão do Torneio Final 2014: Sempre no 4-3-1-2 de Ramon Diaz, o River voltava a ser campeão e mostrar bom jogo
Do time campeão do Torneio Final ainda permanecem 6 titulares: Marcelo Barovero, Gabriel Mercado, Jonathan Maidana, Leonel Vangioni, Ariel Rojas e Teo Gutierrez. No miolo de zaga, Pezzella assumiu a condição de titular na reta final graças a lesão de Jonatan Maidana. Na cabeça de área, após a saída de Lobo Ledesma, Gallardo deu chance a Kranevitter. O jovem saído das canteras millonarias vinha jogando o fino como o encarregado do primeiro passe e da marcação do enganche rival. Contudo, uma lesão séria fez de Ponzio o novo "velho" regista. O veterano se destacou pela inteligencia tática e a boa e velha chegada maliciosa de quem tem temperamento e "maneja los tiempos". Para o lugar do colombiano Carlos Carbonero, o River foi atrás do uruguaio Carlos Sanchez, que havia disputado a B Nacional em 2012, tendo escasso destaque e partindo para terras aztecas. Na armação, o River contratou junto ao Argentinos Juniors, o veterano Pisculichi. O meia, honrando a tradição do clube de La Paternal, foi o fator determinante na conquista, substituindo Lanzini com propriedade. O gol decisivo contra o Boca e o protagonismo na finalíssima, deixam Pisculichi como um dos maiores personagens da conquista. No ataque, Teo Gutierrez e Rodrigo Mora fizeram dupla entrosada e goleadora. Mora, que estava emprestado a La U de Chile, retornou em grande estilo para substituir Fernando Cavenaghi, o centroavante histórico, que perdera o segundo semestre em quase sua totalidade por uma grave lesão.


Na decisão um duro e bem organizado Nacional de Medellín. Juan Carlos Osorio, el profe, foi mais conservador, desfazendo o 3-3-1-3 da primeira partida e espelhando o seu time no 4-3-1-2 com Edwin Cardona como enganche - marcado de perto por Ponzio. Os primeiro 20 minutos foram de "pierna fuerte". Muitas dividas, faltas e chutões. Nesse período vimos 10 faltas em 20 minutos. Pouco jogo e chances apenas em bolas paradas com Pisculichi. O Nacional esperava em 3/4 do campo, especulando com marcações determinadas e saída rápida com Orlando Berrio pelo flanco direito sob a marcação deficitária de Vangioni. Ruiz, o centroavante mais adiantado, ajudava para cobrir o lado direito e as eventuais subidas de Mercado - que retornava após suspensão. Na meia cancha, Mejia era o regista verdolaga. Tudo passava por ele, incluindo o primeiro passe e outros mais longos, de 30 a 40 metros, que eram bem controlados pelos zagueiros German Pezzella e Ramiro Funes Mori. Bernal e Farid Diaz perdiam os seus duelos contra Carlos Sanchez e Rojas, e assim, os millonarios tiveram seus melhores momentos dos 20 aos 35 minutos.O River, mais descansado, mostrava intensidade para roubar a bola dos colombianos em seu campo. Teo Gutierrez e Mora, mano a mano contra Najera e Henriquez, tiveram boas chances frente a frente contra Armani, quando o goleiro argentino do Medellin se fazia luzir a cada intervenção. Teo perdeu três belas chances, mantendo os cafeteros no confronto. Contudo, a grande chance Verdolaga viria em uma ótima trama de contra ataque e uma triangulação de Cardona, Berrio e Ruiz, que só não terminou em gol graças ao pé salvador de Barovero.


A etapa derradeira se eclipsou à partir do precisos pés de Pisculichi. A falha de posicionamento dos colombianos em dois escanteios mortais, inclinariam o confronto justo no momento mais cômodo para os Verdolagas. No primeiro, Gabriel Mercado subiu mais que Ruiz para colocar a redonda junto ao canto esquerdo de Armani. Logo na sequência, como se fosse um replay, Pezzella subiu sozinho e garantiu o título merecido ao River Plate: 2 a 0 e festa no Monumental. Osorio, em uma última cartada colocou Murillo, Guisao e Sherman Cardenas. Assim, voltava a utilizar o esquema 3-3-1-3 com Murillo na zaga pela esquerda, liberando Valencia para a meia cancha. Cardona foi para o flanco esquerdo, deixando Cardenas na armação, ao passo que Guisao ficava como wing direito diante da marcação de Mercado. Apesar do esforço, as chances de gols foram escassas. No final, a superioridade millonaria se desnudava não apenas no placar, como nas estatísticas que mostravam uma ampla vantagem em quanto a remates ao gol. Cavenaghi e Kranevitter entraram nos lugares de Teo Gutierrez e Ponzio sem alterar o esquema tático.

River Campeão, e a certeza de que será o mais forte dos argentinos na próxima edição da Libertadores. O Nacional de Medellín lamenta a perda de um título que eternizaria esse ciclo vitorioso de Osorio. Resta manter as peças fundamentais desse time - Mejia, Bocanegra, Cardona e Berrio - que o credenciaria também a um posto entre os favoritos para levar a Copa Libertadores em 2015.

Por Felipe Bigliazzi