domingo, 14 de dezembro de 2014

Retrospectiva Brasileirão 2014: Santos

2014 não foi um grande ano para o Santos FC. Porém, considerando o nível do elenco como um todo, a equipe dificilmente teria forças para alcançar voos mais altos. Dois treinadores estiveram no comando do Santos durante o campeonato, com Oswaldo de Oliveira dirigindo a equipe durante praticamente todo o primeiro turno, e Enderson Moreira sendo o comandante no segundo. A decisão da diretoria de mudar o comando foi considerada controversa, e ao fim das 38 rodadas, o rendimento do time não foi muito diferente do que havia tido até então.

A equipe de Oswaldo de Oliveira, ao longo do primeiro turno, exibia como desenho mais frequente o 4-2-3-1. Na ação ofensiva, tinha ênfase na construção de jogo pelos flancos, alternando passes longos, com a ocasional circulação da bola, geralmente em busca dos wingers. O ataque tinha pontas abertos, e era flexível em relação à posicionamento, principalmente quando Gabriel era o centroavante. Este também costumava sair da referência de ataque, dando espaço para incursões de um dos pontas, ou do ponta-de-lança (geralmente Lucas Lima). No caso de Leandro Damião fazer o centro de ataque, o posicionamento era mais fixo. Arouca era outra peça que se aproximava da área em alguns momentos. Sob a tutela de Oswaldo, este jogador funcionava como um carrillero, ou seja, muitas vezes carregando a bola a partir da intermediária até próximo à área, para realizar um passe à frente ou aos flancos, ou concluir em gol. Além disso, o Santos possuía laterais ofensivos, que avançavam alternadamente. Estes buscavam construir juntamente com os pontas situações de superioridade numérica no setor, assim como buscar os espaços deixados pelo ocasional 'facão' realizado pelos pontas.
O 4-2-3-1 do Santos de Oswaldo de Oliveira, contra o Criciúma (Rep.: Premiere FC). 
Defensivamente, a equipe se posicionava frequentemente no 4-4-1-1, em bloco alto ou médio, com baixa ou média compactação. A marcação era zonal, com encaixes curtos dentro do setor, e efetivamente começava a partir da intermediária adversária, porém em algumas ocasiões os jogadores mais ofensivos buscavam realizar pressão à saída adversária.

Entre as mudanças mais importantes no elenco santista está Cícero. O meia havia sido artilheiro da equipe no Campeonato Paulista e era uma das principais peças da equipe. Mesmo assim, após poucas rodadas de campeonato o atleta foi transferido ao Fluminense. Em agosto, houve a importante volta do ídolo Robinho, por empréstimo junto ao AC Milan. Após sua chegada, este jogador se tornou a referência técnica da equipe, e realizou importantes funções táticas.

O 4-2-3-1 na reestreia de Robinho, em agosto contra o Corinthians.
Em setembro, Enderson Moreira assumiu o comando técnico após a demissão de Oswaldo de Oliveira. Este treinador não realizou grandes mudanças no que diz respeito ao desenho tático da equipe, mantendo o 4-2-3-1, porém algumas alterações foram feitas na filosofia de jogo do Santos. A construção do jogo santista passou a ser mais variada, apesar de muitas vezes a saída ainda ser feita pelos flancos. O jogador Arouca passou a ter função mais relevante na armação, sendo o ponto central nas saídas de bola. O ataque normalmente tinha um posicionamento flexível, e extremos mais próximos à área. Robinho normalmente era um inside forward pela esquerda, porém desempenhou outras funções na equipe, chegando a jogar no centro de ataque como um falso nove, e atrás do atacante central, como um meia-atacante, utilizando sua técnica, e seus atributos de infiltração para criar oportunidades de gol para si e para seus companheiros.
O 4-2-3-1 do Santos de Enderson Moreira (Rep.: ESPN).
As três funções realizadas por Robinho sob o comando de Enderson Moreira. Por ordem de frequência, (1) Inside forward, (2) Falso nove, (3) Meia-atacante.
Em termos defensivos, a equipe se posicionava normalmente no 4-4-1-1 ou no 4-4-2, em bloco médio e alto, com marcação zonal e encaixes curtos no setor da bola. A compactação geralmente era média ou alta, e a pressão à saída de bola era algo ocasional, apesar de ser uma estratégia mais frequente, em relação ao trabalho anterior.
Enderson chegou, em alguns jogos, a utilizar o 4-3-3, geralmente com Alison, Arouca e Souza formando o trio de meias.
O ponto de maior destaque na temporada santista não foi no Brasileiro, e sim na Copa do Brasil, na qual chegou a semifinal, sendo um duro adversário para o fortíssimo Cruzeiro. Por sua vez, no campeonato em questão, apesar da boa sequência em outubro, quando flertou com o G4, tropeçou nos jogos cruciais. O 9º lugar explicita o mau planejamento para o ano de 2014, no qual o clube investiu tudo em Leandro Damião, um atleta há muito em baixa, e não foi capaz de formar um elenco competitivo, o que seria possível com contratações pontuais, pois já possuia diversas peças de qualidade.

Por Felipe de Faria