No último
7 de dezembro, chegou-se ao fim o Campeonato Brasileiro de 2014. Para que os
leitores do site não fiquem com pouca análise para ler, a equipe Prancheta
Tática resolveu fazer uma retrospectiva tática de todos os times que
participaram desta edição do Brasileirão. Desde o Cruzeiro até o Criciúma,
diariamente, as 20 equipes terão as suas retrospectivas baseadas no que fizeram
no nosso maior campeonato nacional. Primeiramente, o campeão.
O
Cruzeiro é a equipe com o mais longo trabalho de um técnico no Brasil. Marcelo
Oliveira, sendo que o mais próximo é Muricy Ramalho com um ano recém completado
no São Paulo, completará dois anos no cargo no começo do ano de 2015. Com
tamanha continuidade, este técnico acabou se reinventando ao longo do seu 2°
Campeonato Brasileiro no comando da Raposa.
Neste
ano, o Cruzeiro manteve o seu 4-2-3-1, mas as características ofensivas se
modificaram ao longo do Brasileirão. Se em 2013, a Raposa atacava com
alternância dos laterais, apoio dos volantes e com constante movimentação do
quarteto ofensivo para chegar ao gol adversário através de passes curtos, em
2014, ela se reinventou em 38 partidas. No começo deste Campeonato Brasileiro,
este time azul celeste usava e abusava dos cruzamentos na área. Mas também
pudera, a referência do ataque mudou de característica: em 2013, era Borges, e
em 2014, tornou-se Marcelo Moreno.
O
4-2-3-1 mais utilizado por Marcelo Oliveira no Campeonato Brasileiro de 2014.
Para
que os inúmeros cruzamentos acontecessem, a movimentação ofensiva do Cruzeiro
era realizada para tal. Em ação ofensiva, os wingers entravam na diagonal e,
assim, abriam espaço para a ultrapassagem do lateral mais próximo. Enquanto
isso dentro da área adversária, o centroavante empurrava a linha defensiva
adversária e abria espaços para a entrada de Ricardo Goulart e para o winger
oposto. No flagrante acima, todas as características ofensivas aparecerem. Além destes aspectos ofensivos, a amplitude e a profundidade foram frequentemente criadas pelo sistema ofensivo azul-celeste em 2014 (Reprodução: Sportv).
Assim
como na Europa, e mais especificadamente na Inglaterra, o Cruzeiro percebeu que
cruzar as bolas não é eficaz como tabelá-la até próximo do gol adversário.
Deste modo, já no terço final do Campeonato Brasileiro de 2014, a Raposa passou
a usar os cruzamentos como uma das formas de ataque, mas voltando a priorizar o
passe curto e aproximação dos jogadores para tal. Esta mudança de proposta
ofensiva foi possível, pois a sua referência de ataque, Marcelo Moreno, é um 9
móvel e, assim, abria espaços para ele e para qualquer outro jogador que se
projete na área adversária.
No
terço final do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro voltou a priorizar e a manter
o passe curto como a principal forma de ataque da equipe. Este tipo de passe
era procurado desde a saída de bola –assim como mostra o flagrante acima- até a
finalização na meta adversária.
Já
defensivamente, o Cruzeiro se manteve o mesmo desde 2013. Desde o ano passado,
a Raposa se defende no 4-2-3-1, de forma espaçada, com marcação dos wingers só
nos laterais adversários e com o início da marcação na intermediária defensiva
adversária.
Desde
2013, em ação defensiva, o Cruzeiro se defende da maneira que está no flagrante
acima: 4-2-3-1, de forma espaçada e com wingers só fazendo parte do sistema
defensivo se o lateral adversário que ele está marcando subir.
Como
consequência desta dependência do avanço do lateral adversário, muitas vezes se
viu o Cruzeiro se defender no 4-3-1-2 em vez do 4-4-1-1/ 4-4-2 que é natural do
esquema. Na imagem acima, nota-se que como o lateral-direito do Santos não
atacou, Willian não passou a fazer parte do sistema defensivo azul-celeste e,
assim, formou um 4-3-1-2 para a sua equipe em ação defensiva.
Em
relação a 2013, este time mineiro pode ter mudado só uma parte do seu sistema
ofensivo, mas mesmo assim conseguiu vencer outro Campeonato Brasileiro com
sobras. Já que o diferencial deste time não é como a equipe ataca e defende,
mas sim a intensidade em suas ações de jogo. O Cruzeiro de Marcelo Oliveira é
intenso em ação defensiva, na transição defesa-ataque, em ação ofensiva e na
transição ataque-defesa. Ou seja, dificilmente o adversário consegue ficar com
a bola tranquilamente, pois sempre há alguém da Raposa pressionando e em alta
intensidade. Por isso que nestes dois anos de Marcelo Oliveira no comando azul
celeste, o time dá uma queda de rendimento no final do ano, pois a equipe se
cansa pelo o que fez em todo ano até então. Totalmente natural.
Realizando
rápida troca de ação de jogo –assim como mostra o flagrante acima-, o Cruzeiro
apresenta alta intensidade em todas as ações de jogo. Alta intensidade que faz
a equipe cansar em todo final de ano.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)