O Centenário palestrino será marcado por momento de doces reminiscências e um enorme desespero futebolístico. Como costuma acontecer com os grandes clubes brasileiros nesses anos festivos - lembre-se de Flamengo, Corinthians e Coritiba - o Palmeiras quis dar um passo maior do que a perna, desdenhando de um plano conservador de consolidação em seu retorno a elite. A falta de visão culminou no flerte constante com o rebaixamento. Apesar do bom rendimento na conquista da série B em 2013, Paulo Nobre nunca confiou no trabalho de Gilson Kleina, causando desconforto interno com sondagens públicas a Vanderlei Luxemburgo, e até mesmo ao badalado Marcelo Bielsa . Contudo, coube ao desprestigiado treinador iniciar a temporada centenária sob pressão de títulos. No Paulista, foi vítima dos sobressaltos e do regulamento pífio de um campeonato estadual que desprestigia a campanha na longa e modorrenta primeira fase.
Gilson Kleina conseguiu manter a espinha dorsal do título da série B: um 4-2-3-1 sólido, porém pouco brilhante |
Líder do Grupo D, com a melhor defesa entre todos os participantes, o Palmeiras bateu o Bragantino nas quartas de final, até esbarrar num jogo eliminatório cheio de infortúnios onde perdeu Prass e Kardec lesionados durante o cotejo que resultou na eliminação para o Ituano no Pacaembu. O sistema tático utilizado durante a campanha foi o mesmo 4-2-3-1 da temporada anterior. A ideia de jogo consistia na compactação à 3/4 do campo, a defesa alinhada, o índice alto nas bolas paradas somado aos lampejos do imprevisível Valdívia. A linha defensiva passava a contar com o experiente Lúcio no miolo de zaga; o campeão mundial de 2002 via seus companheiros se alternando entre Wellington, Tiago Alves e Marcelo Oliveira - de maneira improvisada - dificultando o entrosamento. Nas laterais, Kleina decidiu manter os irregulares Wendel e Juninho, apesar das constantes críticas da exigente torcida alviverde. A dupla de volantes foi formada por Marcelo Oliveira e Wesley, sendo que o ex-santista tinha liberdade para flutuar na linha de armadores ao lado de Valdivia. Pelos flancos, muitos nomes passaram pelo setor de velocidade da linha de armadores, com destaque para Mazinho e Leandro como os mais costumeiros titulares. No comando de ataque, o inteligente Allan Kardec seguiu mostrando o seu valor como peça fundamental do elenco ao se transformar em artilheiro do campeonato Paulista com 9 gols.
A derrota para o Ituano gerou ainda mais pressão para o começo do Brasileirão. Um arranque desastroso marcaria o final da era Kleina. Para piorar, a diretoria não atendeu aos caprichos de Kardec, perdendo o atacante para o São Paulo em negociação polêmica. Eis que, após a derrota para o Sampaio Correia na primeira partida da segunda fase da Copa do Brasil, Gilson Kleina, enfim seria demitido. O interino, Alberto Valentim, assumia o Palmeiras na quarta rodada do Brasileirão após duas derrotas consecutivas contra Fluminense e Flamengo. Os dirigentes decidiram pela manutenção de Valentim até a parada para a Copa do Mundo, sendo que sob o comando do interino, o alviverde imponente somou 10 pontos em 6 jogos, determinando o melhor momento do time na competição. O grande responsável pela sequencia atendia pelos pés goleadores de Henrique, garantindo vitórias magras que acabariam sendo fundamentais para escapar do rebaixamento.
ERA RICARDO GARECA
ERA DORIVAL JUNIOR
Contra o Corinthians no returno: O esquema 4-4-1-1 foi bastante utilizado na tentantiva de estancar os sangramentos defensivos |
Desesperado e sem Valdivia, Dorival apelou para o 4-1-4-1/4-3-2-1 na derrota contra o São Paulo no Morumbi |
Por Felipe Bigliazzi