sábado, 24 de janeiro de 2015

O VASCO NO SUPERSERIES: O DUELO CONTRA O FLAMENGO!

Um time novo, recém formado, com muitas novidades, um treinador novo e qual o primeiro desafio imposto a ele? SIMM! Um jogo contra o maior rival, mais estruturado no aspecto coletivo e mais entrosado. Somando a isso a pressão imposta pela vitoria, por presidente e torcida, num momento em que o desenvolvimento da equipe é mais importante, nada disso poderia ser bom. Mas ate que não foi tao ruim quanto se pensava...

Vejamos. Vasco x Flamengo se enfrentavam em Manaus, numa atmosfera de clássico um tanto pre-matura para o que ambas as equipes poderiam oferecer. Muita pegada e pouco futebol de qualidade. Venho aqui para analisar como a equipe do Vasco se mostrou, o que Doriva pareceu pensar e minhas primeiras impressões desse Vasco de 2015.

Ambas as equipes se postaram com uma ESTRUTURA TÁTICA (as "linhas de ônibus") parecidas: dois 4-2-3-1, com propostas ate semelhantes, mas com notáveis diferenças em suas dinâmicas. Veja abaixo:

4-2-3-1 em ambos os lados: Vasco e Flamengo buscando acelerar nos contra-ataques e muitas dificuldades de ambos os times para para-los

O jogo começou ate bem intenso, pouco natural para um jogo de pre-temporada. Vasco prendia mais seus laterais e buscava com seu trio de meias acelerar o ritmo quando roubava a bola. Pressionava a saída de bola rubro-negra bem em cima com o quarteto de frente. Bernardo era o jogador mais buscado na esquerda e puxava sempre descair para o meio com a bola, mas a notável falta de entrosamento entre ele, Marcinho, Montoya e Rafael Silva fizeram o jogo do Vasco ficar travado quando tinha a bola no pé. Dependia e muito do espaço que o Flamengo dava quando tentava atacar e mesmo assim muitas vezes as decisões tomadas pelo quarteto não eram as melhores. Natural para um time em formação.

Tabela do Vasco no meio, espaço da lateral aberto para subida e Jean Patrick preferiu ficar mais atras. Observe em amarelo que, se tivesse se projetado a frente, teria muito tempo e tranquilidade pra decidir o que fazer.

Passados vinte minutos muito mais de marcação e tentativas de puxar contra-ataque por ambas as equipes, o Vasco resolveu tentar ganhar campo. Botou a bola no chão e subiu ainda mais a marcação da linha de frente. Tentou combinar entre seus atacantes, mas parava na falta de entrosamento e nos erros de passe na intermediaria avançada. Perdeu Guinazu, lesionado e colocou Lucas para estrear, jogador de menos pegada, porem de bom passe. Chegou a ter chance clara perdida, num contra-ataque rápido que pegou a defesa mulamba desprevenida e Marcinho desperdiçou para boa defesa do goleiro adversário. Observe a sequencia de frames:

Na ordem de cima-baixo, direita-esquerda: Vasco ataca com volantes, meias e atacante. Busca Bernardo, que corta para o meio. Nisso, Lucas ataca espaço a frente e arrasta o marcador rival, abrindo clarão para o passe mortal para Marcinho, que perde gol claro.

So que sofria na velocidade do contra-ataque rubro-negro. Os volantes ficavam muito atras, pouco contribuíam para manter a posse de bola e davam espaço para que as transições flamenguistas pudessem fluir pelo centro. Quando a linha de frente subia e marcava pressão na saída adversaria, Lucas e Sandro não acompanhavam e deixavam um amplo espaço para o Flamengo subir com tranquilidade pelo setor. Os laterais, quando raramente atacavam, não tinham a cobertura devida pela linha de defesa, que ficava muito atras devido a esse posicionamento fundo dos volantes. Doriva inclusive percebeu isso na coletiva pós-jogo, com razão:

"No primeiro tempo, tivemos uma postura importante, uma compactação na zona intermediária. Temos que ter um pouco mais de força para adiantar as linhas, marcar mais adiantado. Perdendo a partida, até queríamos isso, mas faltava força." - Doriva

Frames flagrando o espaço que os volantes e a linha de defesa davam por erros de posicionamento. Ultima linha tem que acompanhar subida do time quando pressiona!

Quando se organizava defensivamente e se postava firme atras, fechava duas linhas de quatro bem compactas, como Doriva disse em sua citação, deixando mais a frente Marcinho um pouco mais recuado do que Rafael Silva, que garantia a profundidade da equipe. Roubava a bola, buscava a dupla mais avançada e esperava as chegadas de Bernardo e Montoya pelos lados. Em muitos momentos ate mostraram ter assimilado bem essa ideia, mas ainda precisa de muitos ajustes.

Rafael fica mais a frente e participa pouco da marcação da equipe. Quando o time rouba a bola, busca ele e espera chegada dos meias

So que também quando conseguia estruturar-se defensivamente, a equipe mostrava problemas de posicionamento. A dupla de volantes se mostrou em muitos momentos com dificuldades de ocupar o espaço da maneira correta. Num sistema de duas linhas de quatro, se os dois do meio da segunda linha se posicionam mal, o meio fica escancarado e os zagueiros tendem a ficar perdidos. Observem:

Nesse primeiro flagrante, fica claro o espaço na região central. Lucas deveria fechar mais pelo meio e  cobrir a região.

No primeiro flagrante, demora para recompor de Lucas e espaço grande no meio (amarelo). No segundo, volantes protegendo demais a zaga e dando espaços vitais (vermelho) ao adversário, que dificultam a pressão na bola.

Outro problema de posicionamento da linha de meio, maior setor-problema aparente para o treinador, foi a dos meias-laterais (Bernardo e Montoya, no caso). Marcar individualmente o lateral tem a vantagem de você anula-lo, porem abre espaços importantes nas costas dos volantes quando eles pressionam em um lado. Muitas vezes, anula-los em uma jogada não serve de nada, já que esses adversários podem sequer ter chances de afetar a situação. Observe:


Vejamos: Em 1, demora de Yago a fechar a segunda linha de 4. Precisa-se de intensidade em todos os momentos de jogo e ele recompôs muito lentamente! Em 2 e em 3, Bernardo (meia-esquerda) esta atraído pelo lateral direito mulambo. So que abre um espaço importantíssimo, marcados pelos círculos e que poderiam ser bem explorados pelo rival. Fechar pelo meio e dar a lateral pro adversário ali seria mais interessante, pois de qualquer jeito, se a bola fosse virada, teria-se tempo para pressiona-lo. Ja em 4, um bom exemplo de como marcar em linha de 4: Montoya fecha pelo centro, anula o espaço e continua tendo acesso ao lateral esquerdo deles, que no momento não importa para a jogada.

Apos um primeiro tempo superior, onde chegou mais ao gol ameaçando nos contra-ataques, o time sentiu um pouco o inicio de temporada. Vendo o desgaste, Doriva baixou as linhas no segundo tempo e esperou o Flamengo chegar. O time teve melhor rendimento defensivo baixando mais as linhas, mas teve muitos problemas em armar os contra-ataques, com um Marcinho ja desgastado e pontas pouco participativos. Tomou um gol em falha individual de Sandro Silva.

Linhas baixas e menos espaços ao adversário. Contra-ataques mais dificultados!

A apatia pós-gol flamenguista me pareceu muito mais devido as condições físicas do que a qualquer outra coisa. Mesmo tentando reoxigenar o time, colocando Marquinhos e Yago nas pontas para abrir o jogo e tentar desequilibrar nos lados, colocando Nei e Henrique no lugar dos cansados laterais, e colocando Julio dos Santos para tentar dar pausa e ordem ao time, a equipe não funcionou. Derrota por 1 a 0, que mostra um pouco a realidade a nosso treinador: MUITA COISA A SE FAZER! Boa sorte, Doriva, porque tu assumiu problema grande!