quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Em ascensão, Figueirense tira o 100% da Chapecoense e alcança o Verdão na tabela

No confronto entre líder e vice-líder do Campeonato Catarinense, a Chapecoense recebeu o Figueirense no Índio Condá para um público decepcionante, de pouco mais de seis mil torcedores, que viram o time da casa tentar confirmar o bom início e manter o 100% de aproveitamento, juntamente com a liderança da competição.

Vinícius Eutrópio encontrava o Figueirense pela primeira vez desde sua demissão do Furacão do Estreito, no início do Brasileirão de 2014, quando o quadro alvinegro começou mal a competição e mesmo o acesso conquistado em 2013 e o título catarinense de 2014 não foram suficientes para que a diretoria mantivesse o treinador no comando do time da capital, em uma decisão bastante controversa que não agradou a torcida e a imprensa de Florianópolis.

O agora comandante do Verdão do Oeste, que tem encontrado dificuldade em repetir a equipe por causa de lesões que têm assombrado seu elenco, voltou a ter problemas na escalação, precisando recorrer ao veterano goleiro Nivaldo, já que Danilo e o reserva imediato, Sílvio, lesionaram-se e desfalcaram o time em Chapecó. Além de Nivaldo, Abuda e Neném continuaram no time titular, substituindo Gil e Camilo. O sistema de jogo foi mantido: o 4-2-3-1 que venceu Inter de Lages, Guarani de Palhoça, Criciúma e Avaí continuou sendo o esquema da Chape para o clássico com o Figueirense.

Argel Fucks não encontra os mesmos problemas físicos que Eutrópio para escalar o Figueirense, mas sente dificuldades na montagem da equipe. Diferente do companheiro de profissão, que encontrou um sistema de jogo desde o início do estadual, Argel precisou testar várias formações até encontrar uma que o agradasse minimamente. Nas três primeiras rodadas, com duas vitórias e uma derrota, Argel não ficou satisfeito com o losango de meio-campo, que teve Ricardinho e, depois, Leo Lisboa como enganches. A dificuldade para encontrar um camisa 10 que o agradasse fez o treinador mudar para o 4-2-3-1 na última rodada contra o Guarani. Com Mazola e Clayton pelas pontas, Ricardinho passou a ser o meia mais centralizado, embora não tenha as características que o treinador procura para a posição. O recém-chegado Rafael Bastos, revelado pelo Bahia e que volta ao Brasil após anos no exterior, é a esperança, porém ainda precisa aprimorar a forma física.

Com os dois times montados em uma estrutura parecida, que valoriza a posse de bola no meio-campo, mas que também sabe explorar a transição em velocidade para os contragolpes, o jogo de Chapecó era o mais esperado da rodada com relação ao ponto de vista tático.

Espelhados no 4-2-3-1, Chapecoense e Figueirense disputaram a liderança em partida bastante equilibrada no oeste catarinense

O primeiro tempo foi de ações igualadas, com o conjunto mandante criando as melhores oportunidades com finalizações de fora da área, já que a compacta defesa alvinegra dificultava a chegada pelos lados, ponto forte dos comandados de Eutrópio, com a boa recomposição de Clayton e Mazola pelos extremos, ao fecharem a segunda linha de quatro da fase defensiva do Figueirense. Sem a bola, a Chape executava o mesmo movimento, tendo William Barbio e Ananias como os wingers que compunham a segunda linha com Wanderson e Abuda quando da posse de bola adversária. O Figueirense, que também tem na bola parada uma de suas forças, teve dificuldades neste expediente, e pouco assustou o rival em bolas aéreas, levando perigo à meta de Nivaldo apenas em contra-ataques puxados por Ricardinho, Mazola e Clayton.

A segunda etapa começou no mesmo panorama tático da primeira, e, após os primeiros 5 minutos de pressão da Chapecoense, o Figueirense tomou conta da partida, com Ricardinho se comportando mais como um meia-armador central e menos como um terceiro homem de meio, que é a posição onde se sente mais à vontade. Embora atue centralizado no esquema do Figueirense, é visível a disposição do camisa 8 em sair para o lado direito quando a bola está com o Figueirense, deixando um vazio no centro do campo que seria interessante se um dos volantes alvinegros tivessem boa chegada ao ataque para explorar este espaço, o que não é o caso de França e muito menos de Paulo Roberto, que melhorou muito o trabalho de bola no meio-campo do conjunto de Argel pela qualidade que tem em distribuir o jogo, mas que pouco aparece no ataque. Contra a Chape, surpreendentemente o camisa 11 surgiu na entrada da área em uma jogada de rebote e conseguiu finalizar para a defesa de Nivaldo, em uma das boas chances criadas pelo Figueirense na etapa derradeira.

A Chapecoense continuava a ter dificuldades de infiltrar na defesa adversária e não mais conseguia encontrar espaços para os chutes de média distância que tanto assustaram Alex Santana na primeira parte. Neste sentido, o Verdão levava perigo apenas em situações de bola parada. Em um escanteio para o quadro mandante, a defesa alvinegra afastou o perigo e, em contra-ataque muito bem tramado por Ricardinho, Mazola e Clayton, o garoto da base alvinegra recebeu na esquerda e cortou para a direita, acertando, com ajuda de um desvio na defesa, o canto de Nivaldo para abrir o placar no Índio Condá.

Com o gol de Clayton, Vinícius Eutrópio entrou com Richarlyson no lugar de Abuda para melhorar a qualidade do meio-campo com a bola nos pés e, na sequência, promoveu o garoto Hyoran e o centroavante Bruno Rangel às vagas de Neném e William Barbio. Desta forma, a Chapecoense passou a ter dois homens de referência dentro da área e dois homens no meio-campo para levar a bola ao ataque, além de Richarlyson, que se juntava a Hyoran e Ananaias. Argel Fucks, por sua vez, foi aumentando o poder de marcação de seu meio-campo aos poucos, com as entradas de Dener e Fabinho nos lugares de França e Mazola e a substituição de Clayton por Dudu, para renovar o gás na puxada de contra-ataque.

Sem muita organização, Chapecoense partiu pro abafa e Figueirense se fechou na defesa buscando o contragolpe para matar o jogo

Pouco organizada, mas com muita vontade, a Chapecoense deixava espaços para o Figueirense contra-atacar e, em uma transição veloz, Dudu carregou a bola e passou para Marcão que, livre, não conseguiu dominar e perdeu uma oportunidade impressionante de liquidar a fatura. Na jogada seguinte, o abafa da Chape fez a bola sobrar para Bruno Rangel que, ainda longe de ser aquele de 2013, perdeu chance incrível de empatar o duelo, cara a cara com Alex Santana.

Com o resultado, o Figueira alcança a Chape na tabela, porém a liderança continua com o Verdão do Oeste pelo saldo de gols. Além da vitória e da aproximação ao líder, o Figueirense conseguiu derrubar o último invicto da competição, que vinha com 100% de aproveitamento e era (e ainda é) o time melhor ajustado no Campeonato Catarinense, favorito a ficar com a primeira vaga para o hexagonal, mas não mais tão longe dos adversários, já que o Figueirense se aproximou na pontuação e, sobretudo, no encaixe de um time que tem os mesmos objetivos que a Chapecoense na temporada: brigar pelo título estadual e, principalmente, fazer uma campanha sem sustos na Série A do Brasileirão.

Por João Marcos Soares (@JoaoMarcos__)