sábado, 28 de fevereiro de 2015

Em confronto recheado de alternativas, Tijuana vira pra cima do Pachuca e mantém a liderança no México

Pela oitava rodada do Clausura da Liga MX, o líder Tijuana recebeu o Pachuca, no Estadio Caliente. Apresentando o melhor futebol atualmente no México, os Xolos buscavam a terceira vitória consecutiva para manter a ponta na tabela e encaminhar a classificação para a Liguilla, a fase de mata-mata que define o Campeonato Mexicano do segundo semestre no calendário do país.

O Pachuca, que vencera o León na rodada anterior, visitou a fronteira com um time bem postado taticamente em campo e com bastante velocidade nos jogadores de frente. O uruguaio Diego Alonso escalou os Tuzos em um 4-3-3, que tinha Rodolfo Pizarro, Diego de Buen e o equatoriano Junior Sornoza no meio-campo, além de um ataque com extrema velocidade pelas pontas com Jürgen Damm e Cristian Penilla, que trabalhavam com a referência do argentino Ariel Nahuelpan, conhecido simplesmente como Ariel no Brasil, com passagem destacada pelo Coritiba.

Daniel Guzmán, o comandante do conjunto local, repetiu o esquema tático que vem sendo utilizado pelo Tijuana na temporada: um 4-4-2 em linhas, com dois atacantes fortes fisicamente, Ricardo Jesus (ex-Ponte Preta e Avaí) e Dayro Moreno, e jogadores bastante velozes atuando pelos extremos, sobretudo o argentino Gabriel Hauche, recém-chegado procedente do Racing, e que se adaptou rapidamente ao futebol mexicano, sendo o principal jogador dos Xolos e um dos destaques da competição. Hauche divide o protagonismo do Tijuana com o veterano Juan Arango, especialista em cobranças de falta e que no auge dos seus 34 anos trabalha como box-to-box no meio-campo e é o responsável por administrar a posse de bola e tomar as decisões, atuando ao lado de Javier Güemez, o primeiro volante que dá maior sustentação ao lado dos zagueiros Gandolfi e Chávez para que o ofensivo Tijuana possa trabalhar com a maior quantidade possível de atletas no campo do adversário.

4-3-3 de Diego Alonso foi à fronteira tomar a iniciativa contra o líder Tijuana

O Pachuca iniciou a partida surpreendentemente pressionando o Tijuana contra o seu campo, sobretudo pelo lado direito, onde Salinas, Pizarro e Damm, o principal jogador da primeira parte, formavam uma sociedade extremamente bem sucedida. Incisivo, o jovem Damm, formado na tradicional cantera do Atlas e que integra o elenco tuzo desde 2013, castigou o lateral Greg Garza, que não se mostrou capaz de conter os avanços do extremo. Durante a primeira parte da etapa inicial, o domínio foi pleno do Pachuca e o Tijuana não conseguia ter a bola pela marcação pressão feita pelo quadro visitante que impossibilitava aos comandados de Guzmán que trocassem passes e cadenciassem o jogo. Aos 11 minutos, em cobrança de escanteio de Heriberto Olvera, de Buen completou no segundo pau e abriu o placar a favor dos Tuzos.

Após avassaladores 20 minutos, o jogo caiu um pouco de intensidade e o Tijuana conseguiu equilibrar as ações, criando algumas oportunidades e obrigando o interminável Óscar “Conejo” Pérez a trabalhar. Apesar do crescimento de produção do conjunto xolo, a equipe visitante ainda assustava e, após chute cruzado de Jürgen Damm, Rodolfo Pizarro, em condição irregular não observada pelo assistente, completou para o gol de Cirilo Saucedo para ampliar a vantagem tuza.

Ainda na primeira parte, Daniel Guzmán substituiu Greg Garza por Joe Corona, mantendo o plano tático, mas mudando a configuração de seu time. Juan Carlos Nuñez saiu da lateral-direita para a esquerda, enquanto Richard Ruiz recuou da segunda para a primeira linha de defesa, ocupando a posição de Nuñez e deixando a sua para Corona. A substituição, feita nos minutos finais da primeira parte, passou a ser sentida no início da etapa complementar, quando o Tijuana começou a dominar as ações e o lado esquerdo de sua defesa deixou de ser um ponto vulnerável a ser explorado por Salinas, Pizarro e Damm.

Com o controle do jogo, o quadro local diminuiu o placar aos 11 minutos, em cobrança de falta perfeita de Juan Arango, um dos maiores especialistas neste expediente no futebol mundial. Logo após o gol do Tijuana, o colombiano Aquivaldo Mosquera levou o segundo amarelo e acabou expulso pelo árbitro Erim Ramírez, que viu um toque de mão em um domínio do capitão tuzo que na realidade foi com a barriga. Com inferioridade numérica em campo, Diego Alonso sacou o importante Sornoza para recompor a defesa com Miguel Herrera, formando um 4-4-1 para tentar segurar a grande vitória fora de casa.

Pachuca tentou se defender com duas linhas de quatro após a expulsão de Mosquera (Reprodução/TV Azteca)

Na sequência da partida, Guzmán colocou José Ayoví e Alfredo “Chango” Moreno nas vagas de Güemez e Ricardo Jesus, trazendo Joe Corona para trabalhar por dentro no meio-campo e deixando Hauche e Ayoví pelos extremos. Ainda mais ofensivo que o habitual, o Tijuana pressionava cada vez mais os comandados de Alonso, que entrou com Hirving Lozano na função do equatoriano Penilla pelo lado esquerdo. Com uma intensidade impressionante, os Xolos chegaram ao empate novamente com Arango, que, partindo de trás, distribuiu o jogo na direita, foi chegando e recebeu novamente para avançar com a bola, tabelar com “Chango” Moreno e finalizar de dentro da área no canto direito de Óscar Pérez. O outro atacante do conjuto mandante, Dayro Moreno, que perdera oportunidades preciosas de vazar a meta do “Conejo”, foi premiado, nos acréscimos da partida, com o gol da vitória do Tijuana, após receber sozinho em mais uma jogada de pivô de Alfredo Moreno, o homem que ajudou a mudar o jogo a favor dos Xolos.

Com superioridade numérica, o Tijuana amassou o fragilizado Pachuca sem mudar de esquema tático durante o segundo tempo

A desastrosa arbitragem da noite de sexta-feira na fronteira mexicana, que cometeu erros capitais contra os dois lados, não tirou o brilho de mais um duelo vibrante neste Clausura, que tem o Tijuana como principal equipe até aqui. Após não conseguir alcançar a Liguilla no Apertura, o conjunto fronteiriço se reforçou bem na virada do ano e aparece como um dos favoritos à conquista do Clausura da Liga MX. O Pachuca, que se classificou para a Liguilla no Apertura, e foi eliminado logo de cara pelo vice-campeão Tigres, tenta novamente chegar ao mata-mata, porém a campanha irregular faz o time ultrapassar a oitava rodada fora da zona de qualificação. A derrota para o Tijuana, entretanto, pode dar esperanças para a hinchada tuza, já que Diego Alonso parece estar encontrando uma maneira de jogar que dominou o badalado líder do campeonato por 45 minutos e, caso o homem do apito, Erim Ramírez, não tivesse expulsado equivocadamente Equivaldo Mosquera, a história do confronto poderia ter sido diferente, com um final mais satisfatório para o clube de Hidalgo.

Por João Marcos Soares (@JoaoMarcos__)