Na primeira fase do Campeonato Catarinense,
Figueirense e Joinville fizeram campanhas bastante distintas, mas conseguiram a
classificação para o hexagonal semifinal. O JEC, apesar de vencer o rival de
Florianópolis no jogo da fase inicial, na Arena Joinville, foi muito irregular, sem triunfar fora de casa e, dentro de seus
domínios, somava pontos sem convencer seu torcedor, chegando à segunda fase da
competição com a pior campanha entre os classificados.
A vitória em casa na primeira rodada do hexagonal,
contra o Metropolitano, deu esperanças de que o JEC finalmente entraria nos
eixos na temporada e a visita a Florianópolis, para enfrentar o Figueirense, era
para confirmar isso. O alvinegro da capital, que veio para o hexagonal com a
segunda melhor campanha e sem enfrentar riscos, recebia o tricolor do norte do
estado tentando manter o 100% de aproveitamento dentro do Orlando Scarpelli.
Durante a semana, muito se falou na imprensa sobre
a forma como os dois técnicos montariam seus times, já que o Figueirense tinha
dois titulares como dúvida, Ricardinho e Marcão, além de Paulo Roberto fora por
lesão e Roberto Cereceda ainda aprimorando a forma física para sua reestreia pelo
Figueira. Pelo lado do JEC, Hemerson Maria também fez mistério e novamente foi
a campo com um onze inicial diferente, já que ainda não encontrou algo próximo
de um time ideal para a temporada.
Mistério desfeito, o Figueirense foi a campo no
4-2-3-1 que Argel Fucks tem utilizado nessa temporada, com a confirmação das
ausências de Marcão e Ricardinho, sem condições ideais de jogo. Neste sentido,
o alvinegro atuou sem um centroavante fixo, com Clayton ocupando a posição mais
avançada e dando mobilidade entre os zagueiros adversários, mas se movimentando
bastante e trocando de posição constantemente com Mazola e Dudu, além de sair
para carregar um defensor e abrir espaço para a infiltração de Rafael Bastos,
que chegava bem pelo meio e conseguiu fazer sua melhor partida desde que chegou
a Florianópolis.
Sem os lesionados Marcelo Costa, Anselmo, Fabinho,
Jael, Bruno Furlan e Rafael Costa, o Joinville foi escalado por Hemerson Maria
no 4-3-1-2, sistema que tem sido usual na temporada. Havia a possibilidade de
Rogério ser zagueiro e Wellington Saci lateral-esquerdo, mas logo no início do
jogo foi possível perceber que o ex-jogador do Figueirense estava posicionado
no meio, pela esquerda da trinca de meio-campistas tricolores que ficava atrás de
Tiago Luís, o ponta-de-lança, enquanto Fernando Viana e Welinton
Júnior formavam um ataque bastante móvel. No meio-campo, logo nos primeiros
minutos, Maria teve de fazer uma substituição, já que Ítalo sentiu um problema
físico e precisou dar lugar a Eduardo, sem mudar, contudo, as características
de maneira muito relevante.
Neste sentido, o jogo começou com uma intensidade
pouco comum ao futebol catarinense, com o Figueirense reclamando de um pênalti
sofrido por Mazola e não marcado por Célio Amorim e criando algumas
oportunidades contra a meta de Oliveira, e o Joinville respondendo à altura e
também assustando o goleiro Alex Santana. Com a movimentação constante entre os
quatro homens mais avançados, o Figueirense acabou tendo um domínio maior da
bola e das ações ofensivas durante a primeira etapa, embora o JEC não deixasse
por menos e também criasse boas opções, marcando com seus três jogadores à
frente da defesa e saindo com bastante velocidade nos contra-ataques iniciados
geralmente por Saci e Eduardo, que se aproximavam de Tiago Luís, enquanto
Welinton Júnior e Fernando Viana tentavam dar profundidade à frente.
Em sua fase defensiva, o JEC posicionava três
jogadores à frente da defesa para compactar suas duas linhas de marcação e
dificultar o trabalho de bola do Figueirense (Reprodução/Premiere)
Após um primeiro tempo intenso e polêmico, os dois
times voltaram com as mesmas formações para a etapa derradeira e a conjuntura
do duelo não se modificou durante os primeiros minutos, até que Hemerson Maria resolveu
mexer e colocou o jovem Danrlei na vaga de Wellington Saci, tentando reforçar a
marcação no meio-campo e apostar ainda mais nos contra-ataques, já vendo o
empate como um resultado satisfatório. Com a substituição, o JEC passou a atuar
em um 4-2-3-1, com a dupla de volantes formada por Naldo e Danrlei e uma linha
de três atrás de Fernando Viana, que tinha Welinton Júnior pela direita, Tiago
Luís por dentro e Eduardo pela esquerda. Sem a bola, o tricolor fazia uma linha
de quatro para se defender, com Eduardo e Welinton Júnior se juntando aos
volantes.
O Figueirense, cada vez mais com o monopólio da
bola e das chances criadas, foi sendo modificado aos poucos por Argel, que
colocou Carlos Henrique e Fabinho nos lugares de Clayton e França, mantendo a
formação tática. Pelo conjunto visitante, Augusto César foi promovido à vaga de
Eduardo, fechando as substituições de Hemerson Maria.
Com as mudanças, o Figueira conseguiu abrir o
placar com inteligência para quebrar as linhas de marcação tricolores. Trocando
passes no meio-campo, Dener observou que Welinton Júnior centralizou demais na
marcação e deixou Leandro Silva solto às suas costas. Desta forma, o volante virou
o jogo para o lateral e Rogério precisou sair da linha de defesa para dar o
combate, deixando Dudu livre para receber o passe em profundidade na direita.
Gutti ainda saiu para fazer a cobertura, mas não chegou a tempo de impedir que o
camisa 11 fizesse o cruzamento, a bola passasse por Carlos Henrique e chegasse
para Mazola completar no segundo pau e anotar o primeiro gol alvinegro.
Após o gol, Argel deixou a euforia para a torcida e
modificou o time taticamente para ajustar o sistema defensivo e continuar
atacando quando tinha a bola. Yago entrou no lugar do extenuado Dudu e o
Figueira passou a atuar em um 4-1-4-1, com Dener à frente da defesa e uma
segunda linha de quatro formada por Mazola, Fabinho, Yago e Rafael Bastos. Essa
segunda linha de quatro, além de ter sido estruturada para acertar a marcação,
era formada por quatro jogadores que trabalham bem no ataque. Neste sentido, o
Figueirense conseguiu acertar um contragolpe com Yago carregando a bola,
soltando para Carlos Henrique e recebendo de volta na cara de Oliveira para
bater de primeira e fechar o marcador.
Fechado e saindo no contra-ataque, o Figueirense não
sofreu na defesa e ainda conseguiu aumentar o placar no Scarpelli
A segunda rodada do hexagonal chega ao fim e
Chapecoense e Figueirense, que também dominaram a primeira fase, dividem a
liderança com quatro pontos, seguidos pelo Metropolitano e pelo Joinville, que soma três e continua
sem encontrar a melhor forma de jogo após as importantes perdas no elenco com
relação à histórica temporada passada. O Figueirense, que talvez tenha feito
sua melhor partida no ano, vai evoluindo a cada jogo e consegue dar um passo importante e confirmar o mando de campo,
algo primordial para quem quer se dar bem no futebol catarinense.
Por João Marcos Soares (@JoaoMarcos__)