sábado, 14 de março de 2015

River no geral apresenta mais volume, mas somente empata com o Juan Aurich

A equipe do River necessitava da vitória. Afinal, estava em último lugar em seu grupo, com apenas dois pontos. A vitória levaria a equipe aos 5 pontos e lhe daria a segunda colocação no grupo de modo que dependeria apenas das próprias pernas para o returno da fase de grupos, onde terá dois jogos em casa, contra as duas equipes adversárias contra quem disputará uma das vagas, já que a outra provavelmente ficará com a equipe mexicana do Tigres, líder do grupo com 7 pontos. Já o Juan Aurich necessitava vencer pelo simples fato de que, no returno, terá dois jogos fora de casa, sendo um deles na altitude de Oruro, algo que certamente trará dificuldades a equipe, por enquanto, uma das classificadas para as oitavas de final.

A equipe do Juan Aurich, dona da casa, veio a campo em um 5-4-1 que variava para o 3-4-2-1, já que, com a bola, . A equipe tinha como responsáveis por sua saída de bola sua dupla de volantes, Rojas e Vílchez, com seus wingers Valoyes e Pacheco realizando movimentações diferentes, onde o primeiro buscava sempre "cortar" pro meio, abrindo assim espaço para a descida do ala do setor, enquanto que o segundo buscava sempre entrar em diagonal, realizando inclusive constantes trocas de posicionamento com Tejada, que muitas vezes ocupava o lado esquerdo, servindo como opção de passe para as descidas de Céspedes, ou então trazendo a bola para o meio, buscando espaço para a finalização.

Sem a bola, como já citado anteriormente, a equipe apresentava-se no 5-4-1, porém, com algumas peculiaridades. A primeira e talvez mais notável era que nem sempre os dois alas voltavam e fechavam a primeira linha com 5 jogadores, deixando-a muitas vezes como uma linha de 4. Quem mais causava isso era o ala-esquerdo Céspedes, que nem sempre alinhava-se aos seus companheiros de defesa. Com isso, Delgado por vezes saía do seu posicionamento mais central para cobrir o lado esquerdo. A outra era a lenta, e por vezes falha, recomposição dos seus wingers, que nem sempre conseguiam voltar e alinhar-se para formar a segunda linha de 4 e manter uma estrutura defensiva organizada.

 
 Juan Aurich no 5-4-1 que, com a bola, virava um 3-4-2-1 e forçava o jogo pelos lados, principalmente pela esquerda com Céspedes e Tejada, que constantemente invertia com Pacheco

Já o River veio a campo no seu tradicional 4-3-1-2. Com a bola, a saída de bola normalmente era feita pelo chão, sempre buscando os vértices laterais do tripé de volantes, que faziam a transição defesa ataque em velocidade, além de se apresentarem no campo de ataque como opção de passe. Quando não era realizada pelo chão, a equipe buscava lançamentos a média altura na direção de um dos atacantes, que abriam pelos lados e, assim que recebiam a bola, acionavam Pisculichi, o responsável pela armação da equipe, sempre buscando uma enfiada de bola ou então a finalização a média distância. Um aspecto visto no jogo foi a pouca presença dos laterais da equipe no terço final do campo, ao menos no primeiro tempo, possivelmente para ajudar a neutralizar as saídas do adversário por essa região.

Sem a bola, a equipe argentina mantinha a estrutura, que mostrava excelente compactação e tinha seu trio de volantes balançando para o lado da bola, com o enganche Pisculichi sempre se aproximando para auxiliar na marcação desse tripé, ajudando tanto na diminuição dos espaços como no pressing em si.

4-3-1-2 do River que tinha Téo Gutierrez e Mora saindo para os lados e Pisculichi centralizando a criação das jogadas

O primeiro tempo iniciou-se com uma forte pressão da equipe da casa, que avançava suas linhas e pressionava a saída de bola da equipe adversária, e, quando a recuperava, sempre imprimia velocidade, principalmente pelos lado esquerdo com Céspedes e Tejada, que constantemente se procuravam, com o segundo sendo bastante ativo também nas finalizações de média distância, já que a equipe não conseguia penetrar a linha defensiva adversária. Porém, após alguns minutos, a equipe argentina conseguiu equilibrar as ações, algo que foi auxiliado pela distância apresentada entre a segunda linha do Juan Aurich e do seu homem mais avançado, já que que os mesmos recuaram mais suas linhas e deixaram somente Tejada como responsável pelo pressing. Com esse espaço para trabalhar melhor a bola, aos poucos o River conseguiu ocupar melhor o campo de ataque, tendo Pisculichi como o principal responsável pela criação ofensiva. Porém, mesmo com Pisculichi apresentando-se em bom nível, a equipe só conseguia levar perigo nas finalizações de média distância e na bola parada.

Mapa de calor da movimentação de Pisculichi: O meia da equipe argentina movia-se por quase todo o campo de ataque e era o principal articulador da equipe(Reprodução: Footstats)

Bola parada que deu a equipe o seu único gol na partida, com Balanta subindo sozinho e efetuando boa cabeçada, sem chances de defesa. Mesmo com o gol, o panorama foi mantido, com o River trabalhando mais a bola no campo ofensivo, sempre com velocidade, enquanto que o Juan Aurich buscava fazer um jogo mais baseado na transição defesa ataque em velocidade, dando campo ao adversário e, quando recuperava a posse da bola, buscava sair em velocidade, sempre com o intuito de obter uma finalização a longa distância, ou então o cruzamento.

No intervalo, buscando obter uma melhor ocupação do campo ofensivo, o treinador da equipe da casa efetuou uma alteração, colocando Ubierna no lugar de Gambetta. Com isso, a equipe foi reorganizada em um 4-2-3-1, que tinha Ubierna e Rojas como volantes, com Vilchez sendo avançado para ocupar a posição central na linha de 3 da equipe. Com as substituições a equipe peruana conseguiu trabalhar melhor a bola no campo de ataque, onde Vilchez era o principal responsável por isso, servindo como opção tanto de retenção como de velocidade. Porém, a equipe, se já ocupava melhor o ataque, ainda tinha dificuldade em furar o bloqueio adversário. Sendo assim, o treinador buscou efetuar mais uma alteração na equipe, colocando Rengifo no lugar de Rojas, o que reoganizou a equipe em uma espécie de 4-2-4, com Vilchez voltando a fazer a função de volante ao lado de Ubierna.

Flagrante do Juan Aurich defendendo-se com somente 6 jogadores no segundo tempo(Reprodução: Fox Sports)

Após as substituições, a equipe do Juan Aurich tornou-se mais direta e, quando perdia a bola, fechava-se somente com seis homens, deixando assim mais espaços ao adversário. Com isso, o River, assim que recuperava a bola buscava sair em velocidade para aproveitar os espaços e, quando perdia a bola, normalmente estava desorganizada e cedia espaços ao adversário, mostrando assim um jogo mais espaçado, algo que aumentava as chances de sair um gol na partida. E foi o que ocorreu, com Rengiro invadindo a área do River em velocidade pela esquerda e empatando o jogo.

Com o empate no placar, o treinador Marcelo Gallardo efetuou alterações, buscando logicamente melhorar a produção ofensiva da equipe, que havia caído. Sendo assim, entraram Mayada e "Pity" Martínez nos lugares de Mora e Pisculichi. Com isso, Mayada passou a ocupar a posição de enganche, com características diferentes das de Pisculichi, já que enquanto que Pisculichi carregava a bola mas também conseguia distribuir o jogo, Mayada é mais um condutor. Já Martínez atuou como uma espécie de segundo atacante, aberto pela direita e esperando o passe para poder puxar pro meio e finalizar.

Após as substituições, passou a ocupar novamente o campo de ataque com maior frequência, apresentando inclusive uma maior presença de seus laterais no terço final do campo. Mas, como a equipe apresentava um bom volume de jogo sem conseguir ser efetivo na conclusão, "Muñeco" Gallardo efetuou sua última alteração, colocando Cavenaghi no lugar de Sanchez, trazendo assim Mayada para ocupar a posição de vértice direito do tripé de volantes e deixando Cavenaghi como homem mais avançado da equipe. Mesmo com as alterações e com o volume de jogo apresentado pelo adversário, a equipe do Juan Aurich, que ainda teve mais uma alteração com Reyes entrando no lugar de Valoyes, além da expulsão de Cuba no final do jogo, conseguiu segurar o empate no placar.
Equipes no final da partida: Aurich se segurando em uma espécie de 3-4-2 após a expulsão de Cuba e River em uma espécie de 4-3-3 que tinha volume e ocupava o campo de ataque, mas não conseguia ser efetivo nas finalizações

O empate não chegou a ser um resultado de todo ruim para ambas as equipes. Porém, é necessário ler as circunstâncias dos próximos jogos das mesmas no torneio. O River tem pela frente o mesmo Juan Aurich e a equipe do San José em casa, além do Tigres fora. Ficou claro para quem viu os jogos da equipe no torneio, que os Millionarios tem um conjunto superior ao de Juan Aurich e San José, sendo assim, a equipe terá que ganhar do Juan Aurich em casa para assim necessitar ao menos do empate, podendo levar a decisão da vaga para o seu estádio, contra o San José. Já o Juan Aurich tem um confronto complicado contra o River já no início do returno dessa fase de grupos. Uma vitória e o sonho da classificação poderá continuar vivo, embora enfrentar tanto o Tigres em casa como o San José fora não devam ser tarefas consideradas das mais fáceis.

Por Andrey Hugo(@Andrey_Hugo)