quinta-feira, 5 de março de 2015

Em jogo complicado, Inter vence o bom Emelec e garante 3 pontos na Libertadores

Foi um jogo complicado. Diante de 35 mil torcedores, o Inter venceu o bom time do Emelec e garantiu 3 pontos importantes na 3a rodada da Libertadores. O 3 a 2, com gols de Nilmar, Alex e Réver foi um jogo recheado de todos os ingredientes possíveis em uma partida, mas que mostrou, além da força do time, toda a fragilidade de um sistema defensivo ainda não ajustado por Aguirre.

1o tempo: Inter sai na frente, mas sofre a virada

Diego Aguirre optou por escalar o seu time no já tradicional 4-2-3-1, que há muito vem sendo utilizado. Mais uma vez, a mudança se deu nas peças: dois volantes de contenção, Nico Freitas e Nilton, postados na primeira linha, tendo à frente uma linha de 3 com Vitinho na esquerda, Sasha centralizado e D'Alessandro na direita. Assim como no jogo contra a La U, Sasha e Dale trocavam de posição constantemente, o que confundia a marcação dos adversários.


                                          Heatmaps de Dale e Sasha: presença intensa nos três lados do campo


AA AO Inter conseguiu chegar ao seu primeiro gol muito rápido, em um desses lances no qual ocorreu a inversão de posição dos meias: pelo centro, quase na esquerda, D'Ale tirou um passe da cartola e serviu Nilmar, que marcou. As imagens abaixo mostram o momento em que Nilmar parte em velocidade e se mete no meio de dois adversários. Mesmo com a primeira linha de 4 bem montada, o Emelec não consegue evitar o gol.

Principio da jogada: mesmo marcado de perto, Dale consegue fazer o lançamento.
Repare que ele está na linha de meio-campo, quase do lado esquerdo - um posicionamento totalmente diferente do qual havia no início da partida

2o momento: Nilmar parte em velocidade. Ele se mete no meio de dois adversários e recebe a bola na frente - mesmo com a linha de 4 bem compactada do Emelec


3o momento: de frente pro gol, Nilmar desloca o goleiro e faz 1x0


 O gol fez com que o Internacional se acomodasse na partida. Quem passou a ditar as ações da partida e jogar com a posse de bola a seu favor foi o Emelec. Postado num 4-5-1 em duas linhas que por vezes virava 4-4-2 com o avanço de Mena, a equipe equatoriana mostrou grande organização e muita velocidade, principalmente com os homens de frente - Mena, Burbano e Bolaños. A válvula de escape do time equatoriano era Narváez no lado direito. A dupla Narváez-Burbano incomodou demais, e contou com a "ajuda" de um sonolento lado esquerdo Colorado.

No Inter, enquanto Vitinho não fazia a recomposição defensiva no lado esquerdo, Fabrício também não voltava quando ia para o apoio, fazendo com que Réver e Alan Costa tivessem que se virar contra 2, as vezes 3 adversários. Apesar disso, curiosamente, no lance do primeiro gol do Emelec o Inter tinha superioridade numérica de defensores: num lance de 7 contra 5, faltou capacidade para acompanhar o winger Burbano - tarefa que, na minha concepção, era de Fabrício. O meia recebeu sozinho ao fazer a diagonal e deslocou Alisson pra empatar o jogo, como mostram as imagens abaixo.

Origem do lance: Bolaños parte com a bola. Burbano está na extrema direita, fora do vídeo. Perceba a 1a linha de defesa do Inter agrupada, mas com Fabrício muito distante dos outros três defensores

2o momento: Bolaños passa e Burbano parte nas costas de Fabrício. São 8 defensores do Inter para 5 jogadores do Emelec. E por esse frame, parece que o lateral Colorado vai cortar o passe...

O que não acontece: Fabrício fica olhando, Burbano parte sozinho e empata o jogo pro Emelec



O Inter, que já estava perdido no jogo, sentiu demais o gol de empate. Passou a errar mais passes e ter muitos problemas na saída de bola. Com dois volantes de pouca aptidão ofensiva e dois laterais que erravam muitos passes, o Colorado chegou a ficar 10 minutos sem conseguir sair do seu campo defensivo. Foi nesse momento que o Emelec fez o segundo gol, com Mena. A jogada começou em um erro de passe de Fabrício.

Um dado importante: o Inter errou 47 passes, 9 cruzamentos (acertou apenas 1) e 43 lançamentos. Ou seja, o time deu a bola 99 vezes para o seu adversário.

1o tempo: Emelec ataca, Inter defende



2o tempo: Inter vai pra cima e consegue a virada

Aguirre perdeu Dale no final do primeiro tempo e colocou Alex para fazer a mesma função do argentino. O meia - mesmo atuando fora da posição de sua preferência - passou a ditar o ritmo do Inter na partida, mudando o panorama do jogo. Quando a bola chegava em Alex, o time chegava à frente com força, embora atrás seguisse mostrando problemas defensivos.

Curiosamente, o gol de empate do Inter saiu num momento em que o Emelec era levemente superior na partida: lançado por Nilmar, Alex entrou em velocidade pelo lado esquerdo e deu um toque por cima, num lance muito semelhante ao do primeiro gol Colorado: 2 a 2.
Pouco depois, Aguirre sacou Nico Freitas e colocou Jorge Henrique, se jogando definitivamente no ataque. O Colorado, mesmo cometendo muitos erros de passe, passou a amassar o adversário, tendo a iniciativa do jogo. O Emelec cansou, e o técnico Gustavo Quinteros não percebeu. O retardo na hora de fazer as alterações custou caro para o treinador equatoriano: na base do "abafa", já no final do jogo, o Inter marcou o terceiro gol com Réver, num escanteio.

Apesar da boa partida feita pelo Emelec, o Inter mostrou que tem qualidade para superar as adversidades. Entretanto, se não ajustar o sistema defensivo, Aguirre terá problemas com o Colorado nas próximas fases da competição continental.