Na
Ilha do Retiro e diante de um Sport organizado devido ao trabalho contínuo de
Eduardo Baptista há um ano e quatro meses, Marquinhos Santos, além do 4-1-4-1
instaurado diante às entradas recentes de Thiago Galhardo e de Ruy no time
titular, apresentou duas novas movimentações –uma ofensiva e outra defensiva-
para a partida contra o Leão.
Da mesma maneira que o contínuo trabalho de Eduardo Baptista diante ao
Sport, Marquinhos Santos também está tendo a possibilidade de dar continuidade
no Coritiba há 10 meses como técnico coxa-branca. Devido a isso, o Coxa é uma
organizada equipe com princípios atuais em diversas fases de jogo. Além disso,
essa equipe paranaense também consegue variar facilmente a sua proposta de
jogo: propõe, através de movimentações coordenadas de jogadores e de formações
de triângulos de passes, quando está
com a bola; e é reativo, através de curta compactação, quando está sem ela.
Para
propor o jogo, os jogadores do Coritiba constantemente formavam triângulo de
passe –assim como mostra o flagrante acima. Desse modo, o portador da bola –no
caso é Norberto- sempre terá duas opções de passe, e se o sistema defensivo
adversário não estiver organizado e próximo, uma dessas opções estará livre
para receber a bola –no exemplo da imagem, a opção livre é Ruy.
Desde
que houve a instauração do 4-1-4-1 com Ruy e Thiago Galhardo como wingers, o
canhoto Ruy se posiciona inicialmente na direita e entra na diagonal para
explorar as costas dos volantes adversários. No entanto, como o Sport se
defendia com duas linhas de quatro bem próximas –assim como mostra o flagrante
acima-, viu-se frequentemente esse jogador coxa-branca recuando até à frente
dos volantes do Leão, pois ele não conseguia receber a bola atrás desses. Ao
receber de costas, na faixa central e com diversos jogadores adversários
próximos, constantemente o sistema ofensivo do Coritiba não passava do terço
central do campo.
Por
outro lado, o que se viu de nova movimentação ofensiva do Coxa foi a entrada na
diagonal de Thiago Galhardo. Da maneira do que o winger oposto –Ruy- faz desde
que entrou na equipe titular coxa-branca, Galhardo, diante do organizado Sport,
passou a entrar na diagonal também –assim como se vê na imagem acima.
Já
sem a bola, o Coritiba se defendeu frequentemente no 4-1-4-1 tendo Hélder entre
as duas linhas de quatro que já estão próximas, assim como mostra o flagrante
anterior. Curta compactação sem a bola mais movimentações organizadas com
intuito de formar triângulos de passe com a bola = futebol moderno.
A novidade
defensiva coxa-branca: no início da transição ataque-defesa do Coritiba, o
princípio do encaixe de marcação individual por setor fez com que
momentaneamente o time paranaense transitasse do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1. Isso
acontecia durante a virada de jogo curta no início da transição defesa-ataque
do Sport: enquanto a bola saía de um lado do campo do Leão e era transportada
até o outro através de passes curtos, o volante oposto do Coxa abria para dar
combate no lateral o qual recebeu a bola. Com essa abertura do volante oposto,
a equipe paranaense alterava o seu posicionamento do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1,
pois seguia o princípio do encaixe individual por setor nessa fase do jogo.
Pela
imagem, já percebe-se o Coritiba posicionado no 4-2-3-1 tendo o volante João
Paulo posicionado na linha dos outros dois meias da equipe. Uma vez que a bola
saiu do lado esquerdo do Sport e chegara ao seu lado direito através de passes
curtos, e de que o winger oposto do início da jogada do Coxa estava
centralizado; o volante João Paulo acabou abrindo para realizar o combate em
Samuel Xavier, o lateral-direito do Leão. Com essa abertura e seguindo o
princípio do encaixe individual por setor, o alviverde paranaense passava a ser
se posicionar no 4-2-3-1, conforme a imagem acima.
O Sport a partir do 4-2-3-1, fechando duas linhas de quatro em fase defensiva, em bloco médio/baixo, caracterizando-se pela compactação curta e ofensivamente contando com a seguinte movimentação: Wendel recuava à esquerda na saída de bola, "empurrando" Durval um pouco mais para o centro da zaga e liberando Renê à esquerda pra avançar e induzir o recuo do winger paranaense daquele lado, enquanto Neto Moura deixava o flanco esquerdo e centralizava pra ser opção de passe mais próximo de Rithely. Neto Moura e Mike trocavam o lado do campo com certa constância e buscavam as diagonais ofensivas para abrir os corredores laterais. Neto ia de fora pra dentro pra participar do processo de construção de jogada na entrelinha paranaense e à frente dos volantes rubro-negros. Teve boa atuação, destacando-se pela mobilidade no setor ofensivo, dando velocidade e fluidez à posse leonina e inclusive procurando mais as infiltrações no ataque e chegando mais na área, como no lance do gol.
Inicialmente, o Leão jogou de forma mais propositora, se impondo, trabalhando a posse e jogando no campo adversário, apesar das dificuldades em alguns momentos que o Coritiba marcava de forma mais agressiva e adiante, subindo as linhas e os encaixes a partir da saída de bola pernambucana e também em fase de ataque organizado pela escassez de espaços. Porém, o gol saiu na hora certa, com boa movimentação de Régis(que buscava o arranque e aparição nas costas dos volantes paranaenses) na diagonal do centro pro flanco. Com isso, o Coritiba passou a ceder mais espaços e o Sport passou a jogar da forma que mais gosta: Compactando atrás da linha da bola e saindo em velocidade na transição defesa-ataque.
Para
o segundo tempo e com o placar desfavorável, Marquinhos Santos utilizou do
outro esquema de que recorreu nesse: o 4-2-3-1. Com a entrada de Wellington
Paulista no lugar de Rosinei, o Coritiba passou a ter alinhado nas meias: Ruy,
Rafhael Lucas e Thiago Galhardo. Vale lembrar de que mesmo alterando o esquema
tático, as propostas de jogo se mantiveram as mesmas: propõe, através de
movimentações coordenadas de jogadores e de formações de triângulos de passes,
quando está com a bola; e é reativo, através de curta compactação, quando está
sem ela.
Com
a entrada de Welligton Paulista na referência do ataque, Rafhael Lucas acabou
recuando e alinhou-se a Ruy e Thiago Galhardo. No entanto, o Coritiba continuava
a propor o jogo com movimentações para formar triângulos de passe e marcava com
linhas próximas. O Coxa não é só 8 ou 80, mas sim joga futebol com e sem a
bola.
Porém, o Sport recuou ainda mais suas linhas na segunda etapa e cedeu campo ao Coritiba. Além disso, se livrava muito fácil da bola, cometia muitos erros técnicos na saída de bola e não conseguia retê-la em campo ofensivo, nem puxar os contragolpes. Com as entradas de Elber, Danilo e Diego Souza nos lugares de Mike, Neto Moura e Régis, os leoninos migraram pro 4-1-4-1, que em fase defensiva fixava individualmente Elber em Ivan e Diego Souza só acompanhava Norberto até a primeira parte da intermediária, com Danilo encostando um pouco mais pra auxiliar no combate, já que Wendel(que fazia essa diagonal de cobertura pra não expor tanto Renê), passou a atuar um pouco mais à direita no tripé de volantes da faixa central. O Sport não conseguiu jogar, porém, foi aguerrido na marcação e conseguiu segurar bem a vitória.
*Por Caio Gondo(@CaioGondo) e João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)