terça-feira, 5 de maio de 2015

Guia Tático do Brasileirão 2015: Coritiba

O Coxa vai para a disputa do Campeonato Brasileiro após competir o Campeonato Paranaense com certa tranquilidade. Uma vez que seu maior rival estadual –o Atlético-PR- sequer entrou na fase eliminatória para o título do Paranaensezão, o Coritiba ficou com o vice  do torneio perdendo para o Operário.

Desde 24 de agosto de 2014 até a final do estadual de 2015, o Coxa manteve o mesmo técnico. Marquinhos Santos, no ano passado, variou o posicionamento tático de sua equipe entre 4-2-3-1, 4-1-4-1 e 5-4-1. Já para esse ano, esse técnico estabilizou no 4-1-4-1 e no 4-2-3-1. Com as chegadas desses reforços –João Paulo do Atlético-PR, Alan Santos do Santos, Wellington Paulista do Internacional e Negueba do Flamengo- para o time titular, o novo posicionamento ganhou ainda mais condições de realizá-lo.


Com a base de 2014 somada aos novos contratados, o Coritiba de 2015 conquistou o vice-campeonato Paranaense jogando nessas maneiras:

4-1-4-1 coxa-branca estabilizado do qual ficou com o vice paranaense. Troca de passes curtos, veloz transição defensiva e movimentos ofensivos sincronizados fizeram do Coxa o vice estadual de 2015. Além do 4-1-4-1, essa equipe também variou para o 4-2-3-1.


Em poucas partidas, os comandados de Marquinhos Santos jogaram no 4-2-3-1 durante o Campeonato Paranaense. Mesmo variando o esquema, os wingers e o centroavante atacavam e defendiam da mesma maneira.

A exemplo do esquema tático da final do Paranaense, o Coritiba já atuara com Carlinhos como winger esquerdo. Com esse jogador nessa posição, o Coxa , assim como o próprio Marquinhos Santos já assumiu, ou joga no 4-1-4-1 ou no 4-2-3-1 (caso do campinho tático acima) "disfarçado". Já que Wellinton passa a atuar na lateral-esquerda e Norberto, ainda como lateral-direito, passa a atuar com a necessidade para avançar para gerar amplitude ofensiva pela direita, pois Negueba entra frequentemente para a faixa central do campo.

Sistema defensivo

A maioria dos jogadores do Coritiba se posiciona no 4-1-4-1 e encosta no adversário mais próximo, mas em duas posições o tipo de marcação é diferente: no volante e nos wingers. O único volante desse esquema de Marquinhos Santos marca, normalmente, por zona. Nos últimos jogos disputados, o jogador de que mais ocupou essa posição em campo foi Alan Santos. A sua leitura de jogo, tanto em fase ofensiva quanto defensiva, fez com que ele encaixasse na posição e realizasse as funções dela mais naturalmente possível. 


No flagrante acima na partida contra o Rio Branco-PR, o Coritiba está posicionado defensivamente no 4-1-4-1, e Alan Santos –assim como foi descrito anteriormente- é o único volante do time.

Já nesta imagem, percebe-se Helder na volância e de que ele está marcando o espaço –por zona. Mesmo sem nenhum adversário por perto, esse volante não “encostou” em ninguém e manteve o posicionamento entre as linhas de 4 da sua equipe. Desse modo, realizando marcação por zona e evitando com que o time adversário usufrua deste setor coxa-branca.

Já em relação aos wingers –que normalmente são Negueba e Wellington Paulista-, esses marcam somente o lateral adversário. Mesmo sendo assumidamente estudioso no meio do futebol, Marquinhos Santos ainda não conseguiu fazer com que o seu time realmente marcasse no 4-1-4-1 em todos os momentos defensivos. Uma vez de que os wingers só marcam o lateral adversário mais próximo, quando o Coritiba está sendo atacado constantemente o mesoespaço oposto é cedido.


No caso desse flagrante, nota-se que não há a composição defensiva de Wellington Paulista nem ao lado de Alan Santos e nem na reta de Norberto, já que esse winger direito ficou só marcando o lateral-esquerdo do Londrina.

Já no caso dessa imagem, percebe-se novamente a falta de balanço defensivo do winger oposto da jogada. No exemplo dessa situação, o Cascavel usufruiu do espaço onde deveria estar o winger esquerdo do Coxa e, assim, fazendo com que a bola chegasse para um jogador livre em campo defensivo coxa-branca.

Transição defesa-ataque

Para sair de situação defensiva para a ofensiva, a Coxa –assim como todos os times do mundo- utiliza de duas velocidades para chegar até o campo ofensivo: a rápida e a lenta. Para a veloz, esse time de Marquinhos Santos procura um dos dois meias ou um dos dois wingers do qual esteja livre para que então o passe longo seja realizado. Uma vez que há quatro jogadores à frente de um volante, as chances de encontrar deles para então realizar o lançamento são grandes.

Agora para a transição lenta, a equipe de Marquinhos Santos procura sair jogando através de passes curtos. Os jogadores ficam virando o lado da bola até achar um dos laterais ou o volante para que, então, possa avançar terreno do campo. Como esse volante –que é normalmente Alan Santos- é linha de passe para todos os jogadores de defesa, constantemente ele realiza os primeiros passes da transição defesa-ataque coxa-branca.


Com a bola em um dos laterais, esse jogador do Coritiba tem a opção de avançar com ela e de passá-la. Ao optar por tocá-la, o lateral terá como opções com marcação menos apertada: o volante –no caso é João Paulo- e o zagueiro mais próximo. Através dessas opções é que o time de Marquinhos Santos consegue avançar terreno, pois ele faz com que a bola chegue até o lateral oposto que está muito livre –veja como não há adversário próximo de Carlinhos no caso dessa imagem.


Já quando a bola sai pelo volante, os dois laterais abrem ainda mais, porque desse modo gera-se amplitude na saída de bola. Ao se espaçar em campo defensivo, ou o sistema defensivo adversário se alarga para o volante continuar a sair com a bola, ou um dos dois laterais do Coxa irá ficar livre para receber a bola.

Sistema ofensivo

Já em campo ofensivo, as movimentações do 4-1-4-1 aconteciam com maior facilidade do que o 4-2-3-1. Além disso, os atuais jogadores do elenco coxa-branca atuam melhor no primeiro esquema do que o segundo. Considerando essas situações, é que Marquinhos Santos deve ter estabilizado a sua equipe no 4-1-4-1.

Essa fase de jogo -com as movimentações organizadas e os triângulos de passe gerando amplitude, profundidade e opções de retorno para o portador da bola- fez esse Coritiba se destacar em seu campeonato estadual.

Com a bola saindo por um dos laterais, o winger daquele lado recua trazendo consigo o lateral adversário enquanto que o meia do Coxa mais próximo entra no espaço gerado –no exemplo da imagem, o winger é Mazinho e o meia é Pedro Ken.

Ainda no terço ofensivo, as movimentações organizadas já aconteciam. No 4-2-3-1, os volantes não avançam tanto, a profundidade é criada por Rafhael Lucas e a amplitude pelo lateral-direito e o winger esquerdo –no caso do flagrante são Norberto e Carlinhos respectivamente. Essa amplitude criada pelo lateral-direito é feita graças à entrada na diagonal ofensiva de Wellington Paulista. Pela figura acima, veja onde ele está e note tanto de espaço que Norberto teve para avançar.


Para continuar a sua transição lenta através de passes curtos, os comandados de Marquinhos Santos procuravam realizar triângulos de passe e mais a opção de retorno. Com tantas opções de passe, freqüentemente o sistema ofensivo coxa-branca avançava em campo.

Esse flagrante apresenta todas as situações ofensivas que o Coritiba realiza: há movimentações organizadas –quando Negueba corta da esquerda para dentro, Rafhael Lucas recua para ser opção de passe e Wellignton Paulista entra diagonal para ocupar o espaço gerado e criar profundidade-; há o triângulo de passe entre Negueba, Rafhael Lucas e Wellignton Paulista; amplitude gerada por Carlinhos e Norberto; e opções de retorno com Helder e João Paulo para o portador da bola. E, aliás, essa movimentação ofensiva foi constante no Coxa em 2015, veja:



Nesses dois flagrantes, a movimentação é a mesma!

Transição ataque-defesa

Ao perder a bola, essa equipe do Coritiba procura apertar o adversário com a bola para ela tenha tempo para se compactar entre intermediárias. Uma vez posicionada no 4-1-4-1 ou 4-4-1-1 nesse espaço do campo, uma vez que o time adversário entre nesse setor, a marcação passa a ser intensa no portador da bola. Além do aumento de intensidade defensiva, a compactação se mantém mesmo com a equipe adversária avançando e há a possibilidade de mudança de posicionamento defensivo para o 4-4-2 organizadamente.

Ao perder a bola, a marcação é intensa no portador da bola. Isso acontece, pois assim o restante do time do Coritiba consegue ter tempo para se posicionar entre intermediárias, como é o caso da imagem adiante.

Nessa situação, percebe-se já o Coxa organizadamente posicionado no 4-1-4-1 e entre intermediárias do campo.

Postada no 4-1-4-1, o avanço de um dos meias para até se alinhar ao centroavante em situação defensiva é possível e está organizado para tal. Essa movimentação defensiva acontece graças à sincronia do avanço defensivo do meia –Pedro Ken- e do avanço defensivo no espaço vazio do volante –João Paulo. Deixando assim o posicionamento defensivo do 4-1-4-1 para o 4-4-2, da mesma maneira que está o próximo flagrante.


Já nessa situação, nota-se já o Coxa no 4-4-2 –graças ao avanço defensivo de Rosinei e Helder.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)