O
Coxa vai para a disputa do Campeonato Brasileiro após competir o Campeonato
Paranaense com certa tranquilidade. Uma vez que seu maior rival estadual –o
Atlético-PR- sequer entrou na fase eliminatória para o título do Paranaensezão,
o Coritiba ficou com o vice do torneio perdendo
para o Operário.
Desde
24 de agosto de 2014 até a final do estadual de 2015, o Coxa manteve o mesmo
técnico. Marquinhos Santos, no ano passado, variou o posicionamento tático de
sua equipe entre 4-2-3-1, 4-1-4-1 e 5-4-1. Já para esse ano, esse técnico
estabilizou no 4-1-4-1 e no 4-2-3-1. Com as chegadas desses reforços –João Paulo do
Atlético-PR, Alan Santos do Santos, Wellington Paulista do Internacional e
Negueba do Flamengo- para o time titular, o novo posicionamento ganhou ainda
mais condições de realizá-lo.
Com
a base de 2014 somada aos novos contratados, o Coritiba de 2015 conquistou o vice-campeonato
Paranaense jogando nessas maneiras:
4-1-4-1
coxa-branca estabilizado do qual ficou com o vice paranaense. Troca de passes
curtos, veloz transição defensiva e movimentos ofensivos sincronizados fizeram
do Coxa o vice estadual de 2015. Além do 4-1-4-1, essa equipe também variou
para o 4-2-3-1.
Em
poucas partidas, os comandados de Marquinhos Santos jogaram no 4-2-3-1 durante
o Campeonato Paranaense. Mesmo variando o esquema, os wingers e o centroavante
atacavam e defendiam da mesma maneira.
A exemplo do esquema tático da final do Paranaense, o Coritiba já atuara com Carlinhos como winger esquerdo. Com esse jogador nessa posição, o Coxa , assim como o próprio Marquinhos Santos já assumiu, ou joga no 4-1-4-1 ou no 4-2-3-1 (caso do campinho tático acima) "disfarçado". Já que Wellinton passa a atuar na lateral-esquerda e Norberto, ainda como lateral-direito, passa a atuar com a necessidade para avançar para gerar amplitude ofensiva pela direita, pois Negueba entra frequentemente para a faixa central do campo.
Sistema
defensivo
A
maioria dos jogadores do Coritiba se posiciona no 4-1-4-1 e encosta no
adversário mais próximo, mas em duas posições o tipo de marcação é diferente:
no volante e nos wingers. O único volante desse esquema de Marquinhos Santos
marca, normalmente, por zona. Nos últimos jogos disputados, o jogador de que
mais ocupou essa posição em campo foi Alan Santos. A sua leitura de jogo, tanto
em fase ofensiva quanto defensiva, fez com que ele encaixasse na posição e
realizasse as funções dela mais naturalmente possível.
No
flagrante acima na partida contra o Rio Branco-PR, o Coritiba está posicionado
defensivamente no 4-1-4-1, e Alan Santos –assim como foi descrito
anteriormente- é o único volante do time.
Já
nesta imagem, percebe-se Helder na volância e de que ele está marcando o espaço
–por zona. Mesmo sem nenhum adversário por perto, esse volante não “encostou”
em ninguém e manteve o posicionamento entre as linhas de 4 da sua equipe. Desse
modo, realizando marcação por zona e evitando com que o time adversário usufrua
deste setor coxa-branca.
Já
em relação aos wingers –que normalmente são Negueba e Wellington Paulista-,
esses marcam somente o lateral adversário. Mesmo sendo assumidamente estudioso
no meio do futebol, Marquinhos Santos ainda não conseguiu fazer com que o seu
time realmente marcasse no 4-1-4-1 em todos os momentos defensivos. Uma vez de
que os wingers só marcam o lateral adversário mais próximo, quando o Coritiba
está sendo atacado constantemente o mesoespaço oposto é cedido.
No
caso desse flagrante, nota-se que não há a composição defensiva de Wellington
Paulista nem ao lado de Alan Santos e nem na reta de Norberto, já que esse
winger direito ficou só marcando o lateral-esquerdo do Londrina.
Já
no caso dessa imagem, percebe-se novamente a falta de balanço defensivo do
winger oposto da jogada. No exemplo dessa situação, o Cascavel usufruiu do
espaço onde deveria estar o winger esquerdo do Coxa e, assim, fazendo com que a
bola chegasse para um jogador livre em campo defensivo coxa-branca.
Transição
defesa-ataque
Para
sair de situação defensiva para a ofensiva, a Coxa –assim como todos os times
do mundo- utiliza de duas velocidades para chegar até o campo ofensivo: a
rápida e a lenta. Para a veloz, esse time de Marquinhos Santos procura um dos
dois meias ou um dos dois wingers do qual esteja livre para que então o passe
longo seja realizado. Uma vez que há quatro jogadores à frente de um volante,
as chances de encontrar deles para então realizar o lançamento são grandes.
Agora
para a transição lenta, a equipe de Marquinhos Santos procura sair jogando
através de passes curtos. Os jogadores ficam virando o lado da bola até achar
um dos laterais ou o volante para que, então, possa avançar terreno do campo.
Como esse volante –que é normalmente Alan Santos- é linha de passe para todos
os jogadores de defesa, constantemente ele realiza os primeiros passes da
transição defesa-ataque coxa-branca.
Com
a bola em um dos laterais, esse jogador do Coritiba tem a opção de avançar com
ela e de passá-la. Ao optar por tocá-la, o lateral terá como opções com
marcação menos apertada: o volante –no caso é João Paulo- e o zagueiro mais
próximo. Através dessas opções é que o time de Marquinhos Santos consegue
avançar terreno, pois ele faz com que a bola chegue até o lateral oposto que
está muito livre –veja como não há adversário próximo de Carlinhos no caso
dessa imagem.
Já
quando a bola sai pelo volante, os dois laterais abrem ainda mais, porque desse
modo gera-se amplitude na saída de bola. Ao se espaçar em campo defensivo, ou o
sistema defensivo adversário se alarga para o volante continuar a sair com a
bola, ou um dos dois laterais do Coxa irá ficar livre para receber a bola.
Sistema
ofensivo
Já
em campo ofensivo, as movimentações do 4-1-4-1 aconteciam com maior facilidade
do que o 4-2-3-1. Além disso, os atuais jogadores do elenco coxa-branca atuam
melhor no primeiro esquema do que o segundo. Considerando essas situações, é
que Marquinhos Santos deve ter estabilizado a sua equipe no 4-1-4-1.
Essa
fase de jogo -com as movimentações organizadas e os triângulos de passe gerando
amplitude, profundidade e opções de retorno para o portador da bola- fez esse
Coritiba se destacar em seu campeonato estadual.
Com
a bola saindo por um dos laterais, o winger daquele lado recua trazendo consigo
o lateral adversário enquanto que o meia do Coxa mais próximo entra no espaço
gerado –no exemplo da imagem, o winger é Mazinho e o meia é Pedro Ken.
Ainda
no terço ofensivo, as movimentações organizadas já aconteciam. No 4-2-3-1, os
volantes não avançam tanto, a profundidade é criada por Rafhael Lucas e a
amplitude pelo lateral-direito e o winger esquerdo –no caso do flagrante são
Norberto e Carlinhos respectivamente. Essa amplitude criada pelo
lateral-direito é feita graças à entrada na diagonal ofensiva de Wellington
Paulista. Pela figura acima, veja onde ele está e note tanto de espaço que
Norberto teve para avançar.
Para
continuar a sua transição lenta através de passes curtos, os comandados de
Marquinhos Santos procuravam realizar triângulos de passe e mais a opção de
retorno. Com tantas opções de passe, freqüentemente o sistema ofensivo
coxa-branca avançava em campo.
Esse
flagrante apresenta todas as situações ofensivas que o Coritiba realiza: há
movimentações organizadas –quando Negueba corta da esquerda para dentro,
Rafhael Lucas recua para ser opção de passe e Wellignton Paulista entra
diagonal para ocupar o espaço gerado e criar profundidade-; há o triângulo de
passe entre Negueba, Rafhael Lucas e Wellignton Paulista; amplitude gerada por
Carlinhos e Norberto; e opções de retorno com Helder e João Paulo para o
portador da bola. E, aliás, essa movimentação ofensiva foi constante no Coxa em
2015, veja:
Nesses
dois flagrantes, a movimentação é a mesma!
Transição
ataque-defesa
Ao
perder a bola, essa equipe do Coritiba procura apertar o adversário com a bola
para ela tenha tempo para se compactar entre intermediárias. Uma vez
posicionada no 4-1-4-1 ou 4-4-1-1 nesse espaço do campo, uma vez que o time
adversário entre nesse setor, a marcação passa a ser intensa no portador da
bola. Além do aumento de intensidade defensiva, a compactação se mantém mesmo
com a equipe adversária avançando e há a possibilidade de mudança de
posicionamento defensivo para o 4-4-2 organizadamente.
Ao
perder a bola, a marcação é intensa no portador da bola. Isso acontece, pois
assim o restante do time do Coritiba consegue ter tempo para se posicionar
entre intermediárias, como é o caso da imagem adiante.
Nessa
situação, percebe-se já o Coxa organizadamente posicionado no 4-1-4-1 e entre
intermediárias do campo.
Postada
no 4-1-4-1, o avanço de um dos meias para até se alinhar ao centroavante em
situação defensiva é possível e está organizado para tal. Essa movimentação
defensiva acontece graças à sincronia do avanço defensivo do meia –Pedro Ken- e
do avanço defensivo no espaço vazio do volante –João Paulo. Deixando assim o
posicionamento defensivo do 4-1-4-1 para o 4-4-2, da mesma maneira que está o
próximo flagrante.
Já
nessa situação, nota-se já o Coxa no 4-4-2 –graças ao avanço defensivo de
Rosinei e Helder.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)