segunda-feira, 11 de maio de 2015

No Brasileirão, Sport atropela o Figueirense e começa com o pé direito!


No pior momento do time no ano, o Figueirense visitou a Ilha do Retiro com reservas, já que Argel Fucks preferiu poupar os titulares para o confronto decisivo contra o arquirrival Avaí, pela Copa do Brasil. Em um 4-4-2, com dois meio-campistas abertos e atacantes de boa movimentação à frente, o Figueira foi com uma proposta de se defender em duas linhas e aproveitar as chances de bola parada, além de dar preferência ao ataque transicional, já que a baixa qualidade técnica dos reservas alvinegros e a reconhecida boa recomposição tática dos times de Eduardo Baptista dificultariam o ataque posicional do Furacão.

A primeira parte foi bastante difícil para o Figueira, que sofria nas bolas paradas pela baixa estatura do time escalado por Argel, apesar de conseguir se defender bem quando tinha as duas linhas de quatro formadas. A bola parada, inclusive, foi de onde surgiu o primeiro gol do Sport, marcado por Matheus Ferraz.


A dificuldade de Ricardinho e Jean Deretti em armar o time e comandar as transições a partir das pontas fez com que Argel voltasse para o segundo tempo com Léo Lisboa na vaga de Deretti, modificando a estrutura tática do time. Com Léo, o Figueira passou a atuar num 4-3-1-2, com a trinca de meio-campistas que tinha Dener na proteção pelo centro e Ricardinho e Jéfferson como interiores.  Leo Lisboa era o enganche que completava o losango e tinha a responsabilidade de executar as jogadas mais agudas da Máquina do Estreito para as subidas dos laterais e para a profundidade que Dudu e Everaldo tentavam oferecer à frente.

Com a baixa produtividade de Dudu no ataque, Argel promoveu Mazola, que geralmente é titular mas vive fase bastante irregular, para ser o novo companheiro de ataque de Everaldo. A alteração melhorou um pouco o Figueira, principalmente após o segundo gol do Sport, anotado por Diego Souza em cobrança de pênalti que ele mesmo sofreu. Com dois gols de desvantagem, o Figueirense foi pra cima e conseguiu diminuir em jogada de Ricardinho e Leo Lisboa, que Renê completou contra o próprio gol.

O jovem Figueirense ainda perdeu o experiente Nirley, com torção no tornozelo, que deu vaga a mais um garoto alvinegro, o zagueiro Henrique. A inexperiência da dupla de zaga do Furacão levou o Figueira a cometer mais um pênalti com Bruno Alves, que foi expulso após levar o segundo cartão amarelo. A partir daí, Argel tentou reestruturar seu time para se defender em duas linhas de quatro, mas a inferioridade numérica permitiu ainda mais espaço ao Sport, que conseguiu construir uma goleada e amenizar a crise que ronda a Ilha do Retiro.

A ideia de Argel, ao ir com um time mais fragilizado para Recife, era descansar seus principais jogadores, que vêm de três decisões consecutivas em duas semanas, e precisavam se recuperar física e emocionalmente para buscar a virada contra o Avaí, na próxima quarta, no Orlando Scarpelli. A desastrosa estreia não é parâmetro para o que deve ser a temporada alvinegra na Série A, mas liga o alerta para a dificuldade do clube em repôr peças para algumas posições. O goleiro Felipe e o meio-campo Carlos Alberto devem estar disponíveis logo, além do volante João Vitor e do atacante Thiago Santana, que devem ser anunciados oficialmente a qualquer momento para reforçar o elenco alvinegro para disputa da temporada de 2015, bem como outros reforços que o clube ainda busca.

Eduardo Baptista ainda não conseguiu encontrar, de fato, 11 titulares e a formação ideal para o Sport. Diante do Figueira, foi no 4-2-3-1, que formava um 4-4-2 com duas linhas de quatro em fase defensiva, tendo Diego Souza e Samuel abertos e Elber por dentro. Defensivamente, marcava em bloco baixo e com pouca agressividade. Samuel e Diego Souza marcavam apenas o lateral adversário e não basculavam defensivamente para o lado da bola com a linha de meio. No caso do segundo, muitas vezes ele só acompanhava o lateral até a primeira parte da intermediária defensiva leonina e não ia até o fim com ele na segunda linha rubro-negra, obrigando Wendel a encostar pra auxiliar Renê no setor. Com essa compensação de Rithely e Wendel terem de balancear um pouco mais para o lado esquerdo defensivo(setor da bola nessas ocasiões), dava espaços pra que numa virada da ponta pro meio, um médio do Figueirense recebesse com um bom espaço para progressão à sua frente no entrelinhas leonino e pegando a bola de frente para a linha defensiva. Na maioria das situações, o médio buscava o passe de ruptura para os facões e diagonais curtas de um dos atacantes catarinenses, porém, a linha de defesa do Sport saía na hora certa para deixá-lo em impedimento. 

Ofensivamente, o Sport estava um pouco travado inicialmente. Com dificuldades de progressão, erros técnicos, Joelinton com dificuldades pra fazer o pivô e segurar a bola na frente, e poucas alternativas. Com a posse de bola, Diego Souza vinha buscar e dar linha de passe curta na saída de bola e tinha liberdade de sair de fora pro centro do campo e alternar com Elber(que também buscava os desmarques e aparições pelo lado fazendo a diagonal oposta) gerando o corredor esquerdo pra Renê, que ganhava mais liberdade de circular em campo ofensivo, já que Wendel recuava à esquerda para cobrir suas costas, puxando Durval para o centro da defesa e fazendo uma "saída de 3" meio torta. Elber era talvez a única válvula de escape do Sport para acelerar o jogo e a transição defesa-ataque, procurando as arrancadas verticais a partir da intermediária e entre as linhas catarinenses. Ou seja, a principal arma de velocidade leonina estava por dentro e não pelos flancos. 

O gol de Matheus Ferraz, por meio da bola parada, aliviou a situação do Sport em campo. Em boa parte deste primeiro semestre nas competições regionais, foi "característica" do Leão jogar em bom ritmo na primeira etapa e desacelerar totalmente no segundo tempo. Porém, neste caso, pode-se dizer que os rubro-negros voltaram com bem mais intensidade em relação à parte inicial. Veloz, agressivo, jogando no campo adversário, controlando o jogo e tendo mais espaços para jogar(consequência do gol marcado ainda no primeiro tempo). Diego Souza passou a desequilibrar pegando mais a bola de frente, procurando as arrancadas, jogadas individuais e com um campo de visão ampliado para desfrutrar de sua qualidade técnica e de passe. Já vencendo, Eduardo Baptista colocou Régis em campo no lugar de Joelinton atuando mais por dentro, próximo do gol ao lado de Elber e sem grandes obrigações em fase defensiva. Ou seja, da forma que ele rende melhor. Sport melhorou ainda mais sua dinâmica, com contragolpes eficientes, jogo transicional forte, quarteto ofensivo com muita mobilidade. Samuel e Diego Souza ainda fechavam os lados, porém, tendo a liberdade de trocar de posição com Elber e Régis ofensivamente e fechar as diagonais. Com a entrada de Mike, Samuel foi pro centro. Defensivamente, nos poucos minutos que jogou, Mike melhorou o balanceamento defensivo da linha de meio, fazendo corretamente o movimento de fechar por dentro quando a bola caía no lado esquerdo e ofensivamente fez boa tabela com Régis no lance do quarto gol, onde Samuel também foi importante pela movimentação sem bola, tirando a atenção do zagueiro e abrindo o espaço pra progressão e finalização. 

Jogo contra time misto do Figueirense talvez não seja o melhor dos parâmetros, porém, a diferença de atitude e agressividade do Sport em relação aos jogos de Pernambucano e Nordestão já ficou bem notória. A goleada não pode mascarar as deficiências. Há pontos positivos, mas também há o que ser corrigido pra sequência da competição e para que se possa fazer um campeonato regular e sem sustos. 


*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz) e João Marcos Soares(@JoaoMarcos_)