domingo, 3 de maio de 2015

Solidez e organização - A análise tática de Botafogo 1x2 Vasco

O Botafogo no 4-2-3-1 com variante em 4-1-4-1, e o Vasco no 4-2-3-1.
A equipe do Botafogo, comandada por Renê Simões, veio em uma formação que variava entre o 4-2-3-1 e o 4-1-4-1. Willian Arão (depois Fernandes), era o responsável pela mudança, quando na fase ofensiva saia da volância ao lado de Marcelo Mattos, para atuar mais à frente, próximo a Tomas. A equipe alvinegra propôs o jogo, com laterais ofensivos e transição ofensiva veloz, geralmente a partir de passes médios e longos. Outro movimento interessante da equipe envolvia Rodrigo Pimpão, que partia da esquerda para o centro, adentrando a área, no momento em que a jogada se desenvolvia pelo lado oposto. Pimpão, que normalmente joga próximo à área, se tornava mais um alvo das muitas tentativas de cruzamento da equipe botafoguense. O time defendeu-se com duas linhas de quatro, com Arão ao lado de Mattos, Tomas à frente delas, e Bill sem grande papel na marcação.

O treinador Doriva organizou a equipe do Vasco no habitual 4-2-3-1. Dagoberto se posicionava atrás de Gilberto, tendo bastante liberdade para avançar pelos espaços que surgissem e inverter posições com os wingers, principalmente Rafael Silva. Este último aproximava-se da área, enquanto Julio dos Santos manteve-se mais próximo à linha lateral. Laterais cautelosos no apoio, volantes postados à frente da defesa e pressão apenas a partir do meio-campo foram padrões bem frequentes na parte inicial da partida. Defensivamente, a meta de Martín Silva era protegida por duas linhas de quatro, com Dagoberto à frente e Gilberto mais livre. Este último ocasionalmente pressionava a saída.

O Botafogo iniciou a partida pressionando vorazmente a defesa adversária, e a partir da recuperação da posse chegou a criar oportunidades de gol. A pressão, porém, não durou muito, e a partida se equilibrou. A baixa compactação de ambas as equipes gerava enormes espaços na área central do campo. O Vasco construía prioritariamente pela esquerda, por onde Rafael Silva, com o auxílio de Dagoberto, incomodava a defesa alvinegra. Apesar disso, a principal arma cruzmaltina foi a bola parada e as jogadas ensaiadas. O Botafogo, sempre que possível, chegava ao ataque com poucos passes, na tentativa de encontrar o sólido sistema defensivo do Vasco desorganizado. Em outros momentos, a equipe buscava circular a bola com mais calma, porém sem muito sucesso na infiltração, terminava por alçar a bola em busca de Bill ou Pimpão. Próximo ao fim do primeiro tempo, Guiñazu passou a realizar pressão aos volantes alvinegros, que passaram a ter dificuldades para acertar os passes, especialmente após a saída de Willian Arão por lesão. Aos 45, em uma esporádica pressão à saída de bola alvinegra, Gilberto desarmou Mattos, passou a Guiñazu, que serviu Rafael Silva, que livre abriu o placar, abrindo uma boa vantagem para os 45 minutos finais.

O heatmap mostra que as ações do Vasco foram prioritariamente pelo lado esquerdo, com Rafael Silva, importantíssimo nas finais, e Dagoberto que diversas vezes apareceu por essa faixa do campo (Fonte: Footstats). 
O segundo tempo começou da mesma forma como o primeiro havia terminado. O apagado Tomas Bastos deu lugar a Diego Jardel, em boa fase. O Vasco passou a utilizar com mais frequência os passes longos aos flancos, imprimindo velocidade aos contra-ataques. Do outro lado, o Botafogo criava boas oportunidades em bolas paradas. Aos 15, o improvisado Luis Ricardo saiu para entrada de Sassá. A busca desenfreada por um gol fazia com que o Botafogo deixasse espaços atrás, dessa forma correndo cada vez mais riscos. Bernardo e Marcinho entraram nas vagas de Dagoberto e Rafa Silva. Lentos na recomposição e fora de ritmo, os dois atletas desestabilizaram a marcação do Vasco, que deixou de ser tão eficiente e organizada. Nesse momento instável o Botafogo alcançou o empate com Diego Jardel, após belo passe de Gilberto. O Glorioso não conseguiu tirar mais proveito do mau momento defensivo do Vasco, o que se tornou tarefa quase impossível aos 40 minutos de jogo, com a expulsão de Fernandes. Mesmo assim, a equipe se lançou ao ataque em um último esforço, e no lance derradeiro da partida um bom contra-ataque vascaíno culminou no gol de Gilberto, o artilheiro da equipe.

A sólida equipe do Vasco da Gama escreveu seu último capítulo neste Campeonato Carioca com mais uma boa atuação, coroada pelo título estadual, após 12 anos de fila. Destaque para os 30 desarmes certos da equipe cruzmaltina, contra apenas 11 do Botafogo.

Por Felipe de Faria