Pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro, Sport e Palmeiras protagonizaram um duelo de ótimo nível técnico e tático. Dois times bem treinados e que vêm jogando em bom nível. O Verdão vencia por 2 a 1 até os 44 minutos do segundo tempo, quando André marcou e evitou a derrota leonina. Com o resultado, o Sport caiu para o 6º lugar, porém, segue firme na briga, separado do G-4 por apenas 2 pontos. O Palmeiras manteve-se na 7ª colocação e teve sua sequência de vitórias quebrada.
O Sport foi no habitual 4-2-3-1/4-4-1-1, porém, sem um jogador com característica de atacante de velocidade na beirada de campo. Marlone, que vinha atuando aberto à esquerda nos últimos jogos, jogou pelo flanco direito, com o jovem Neto Moura fazendo o lado oposto. Outra ausência sentida foi a do suspenso Rithely, tanto em marcação quanto em qualidade de saída de bola e circulação da pelota em campo ofensivo. Defensivamente, como de costume, apresentou compactação curta, ocupando espaço reduzido do campo e limitando os espaços à ação ofensiva adversária. Na maioria das vezes, os wingers fechavam corretamente por dentro na basculação defensiva com a linha de meio e o Leão marcou predominantemente em bloco baixo, de modo que a primeira linha não exercia muita pressão na intermediária defensiva adversária e a equipe começava a marcar de forma mais ativa e agressiva atrás da linha do meio-campo.
Diferentemente de quando atuava no lado esquerdo do campo(onde costumava cortar pra dentro pra usar a perna direita e procurar o passe diagonal para a parede de André ou Diego Souza, ou tentar a finalização de fora), Marlone buscou jogo mais verticalizado pelo flanco direito, trabalhando nas jogadas de fundo com Samuel Xavier, acionando sua ultrapassagem ou abrindo o campo quando este carregava na diagonal de fora pra dentro. Na esquerda, Neto Moura recuava até campo defensivo na saída de bola pra oferecer linha de passe vertical ao lateral-esquerdo Renê quando este era o portador da bola e costumava fechar mais por dentro ofensivamente, afastando-se da lateral quando a bola caía no seu lado do campo e afunilando mais ainda quando a bola caía no flanco oposto, apresentando-se como opção de passe no mesoespaço, retendo a posse para acionar os volantes, procurando tabela curta pra dentro e gerando o corredor pra passagem de Renê e/ou para algumas diagonais sem bola de Wendel visando a projeção em espaço vazio mais à frente, dando opção de esticada/lançamento ao
portador da bola. Diego Souza buscava ao centro, fazia a parede à frente dos volantes adversários e aprofundava ao centro, aproximando-se de André(que saía bem dos zagueiros e procurava a locomoção principalmente em diagonal para o lado do esquerdo do ataque) , "empurrando" o volante Gabriel para perto da linha defensiva palmeirense e procurando ser opção de lançamento pra disputa da primeira bola por cima em campo ofensivo.
O Palmeiras também foi no 4-2-3-1, com variação para o 4-4-1-1. Defensivamente, também mostrou a compactação curta como característica, porém, subindo as linhas pra pressionar a saída adversária e forçar o erro/passe quebrado com mais frequência e os wingers tinham referência fixamente individual nos laterais do Sport.
Ofensivamente, o volante Gabriel afundava ao centro pra fazer a saída de 3, com os zagueiros abrindo um pouco mais, os dois laterais espetando pra dar amplitude ao ataque e permitindo as diagonais ofensivas de Dudu e Rafael Marques, que trocavam o lado do campo com muita constância, vinham por dentro pra abrir os corredores laterais pras chegadas na linha de fundo, procuravam o deslocamento no entrelinhas do Sport pra ser opção de passe e o winger do lado oposto ao da bola sempre fechava pelo meio nessas ocasiões. Zé Roberto buscava a flutuação às costas dos volantes e balanceava ofensivamente com mais frequência para o lado esquerdo, por vezes formando uma sociedade triangular com João Paulo e Dudu/Rafael Marques. Leandro Pereira dava profundidade ao ataque, procurando espaços pra fazer o pivô e os deslocamentos pra dar opção de infiltração/ruptura da última linha adversária. Os dois volantes mostraram-se fundamentais para o desenvolvimento ofensivo palmeirense. Arouca saía bem com bola dominada, carregava na transição, encostava na linha de meias e Gabriel, além de aprofundar para a saída de 3 lavolpiana, chegava na frente pra dar opção ofensiva e teve participação nos dois gols desta forma. No primeiro gol, aparecendo de trás em diagonal pra desbordar nas costas de Samuel Xavier pelo flanco esquerdo do ataque e cruzando pra Leandro Pereira(que no lance fez inteligente deslocamento na grande área utilizando de sua estatura pra cima do lateral que fechou na cobertura por dentro, no caso, Renê) cabecear pro gol. No segundo gol, apareceu pelo lado direito do ataque, aproveitou o espaço na entrada de área e finalizou pra defesa de Danilo Fernandes. Arouca infiltrou na área pro rebote e Leandro Pereira aproveitou pra marcar.
No segundo tempo, com o Sport em desvantagem, Eduardo Baptista teve coragem nas substituições. Acionou Samuel na vaga de Neto Moura(Samuel ocupou o extremo direito, "jogando" Marlone para atuar como melhor rende, aberto na esquerda), Régis na vaga de Wendel e Danilo no lugar de Renê(visando dar mais força ofensiva ao flanco esquerdo, além de que o camisa 6 já estava amarelado e o Palmeiras buscava explorar suas costas com Kelvin, que entrou na vaga de Dudu). Desta forma, Diego Souza passou a atuar como volante, na mesma linha de Rodrigo Mancha, com Régis fazendo a meia central. O camisa 87 passou a ser ainda mais ativo na posse e distribuição de jogadas, armando o time de trás com lançamentos, procurando o passe entrelinhas, virando o jogo e sendo fundamental na fase inicial de construção de jogadas da equipe. Marlone, além da liberdade de cortar pra dentro, também passou a movimentar mais em diagonal sem bola, aparecendo para a recepção do passe entre as duas linhas de quatro, às costas dos volantes palmeirenses para dar continuidade à posse no último terço ou tentar a jogada na frente de área. Pelo lado direito, Samuel tentava a infiltração no facão entre João Paulo e Leandro Almeida pra dar opção de lançamento ao portador da bola e por vezes fazia a diagonal curta pra aparecer no mesoespaço e abrir o corredor pra passagem de Samuel Xavier ou saindo na diagonal do mesoespaço pra beirada pra dar opção ao camisa 27 quando este era o portador da bola pela lateral. Régis também mostrava-se "penso" pro lado direito, tentando aproximação curta no setor e por vezes até Rodrigo Mancha aparecia em diagonal pra dar opção no setor e liberar a condução lado-centro de Samuel Xavier com a bola. Pelo lado palmeirense, Marcelo Oliveira também mexeu na lateral-esquerda com a entrada de João Pedro(que desperdiçou boa chance de matar o jogo após infiltrar em diagonal longa pra receber lançamento e sair cara a cara com o goleiro Danilo Fernandes) no lugar de João Paulo e buscou reforçar o poder de marcação no meio-campo com Andrei Girotto na vaga de Zé Roberto. No final, o gol leonino saiu numa incursão de Samuel Xavier no entrelinhas adversário, pegando o rebote ofensivo e acionando André, que fez perfeitamente a diagonal curta de ruptura no espaço entre os dois zagueiros adversários e estufou as redes do goleiro Fernando Prass.
Em diversas situações ao longo da partida, Fernando Prass salvou o Palmeiras e pode ser considerado como um dos grandes responsáveis pelo resultado. O Verdão vem numa boa crescente após a chegada de Marcelo Oliveira, tem um elenco muito bom, com muitas opções e com qualidade e tende crescer ainda mais e se fortalecer na briga na parte de cima da tabela ao longo do campeonato. O Sport caiu um pouco na tabela, porém, o futebol apresentado é de bom agrado e as expectativas continuam sendo as melhores possíveis. Porém, o Leão tem que voltar a vencer o mais rápido possível pra permanecer firme na briga por G-4. Próximo domingo, diante do São Paulo, é uma boa oportunidade. Tricolor Paulista de Juan Carlos Osório também vem crescendo taticamente e tecnicamente. Promessa de mais um jogo de ótimo nível. Aguardemos...
*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)
