sexta-feira, 17 de julho de 2015

Com gols no segundo tempo, River derrota Guaraní e fica bem perto da final!


No Monumental, o River Plate teve dificuldades para furar o compacto Guaraní-PAR, porém, conseguiu, venceu por 2 a 0 e está bastante próximo da grande decisão, com boa vantagem para o jogo de volta no Defensores del Chaco. 

Os argentinos foram no 4-3-1-2 losango, tomando a iniciativa, propondo o jogo, trabalhando a posse e jogando em campo adversário. Atacava principalmente pelos flancos, com a formação de duplas, principalmente pelo lado direito com Sánchez e Mercado. O camisa 8 aparecia mais em diagonal do centro pro lado pra trabalhar jogada na beirada de campo e dobrar com Mercado, enquanto que o vértice lateral oposto(Lucho González) não chegava tanto pra jogar pelo lado, mas procurava o passe diagonal pro setor e encostava pra ser linha de passe diagonal curta ao portador da bola(o lateral do setor), ocupando o mesoespaço. O River atacava com 6 ou 7 jogadores geralmente: O lateral do setor, os três homens mais avançados do losango, os dois atacantes e muitas vezes o lateral oposto também. Quando ocorria o apoio simultâneo dos dois laterais(Kranevitter postava-se mais próximo aos zagueiros, que ofensivamente davam opção de retorno nas proximidades do grande círculo, iniciava a construção ofensiva da equipe e mesmo sem afundar entre os zagueiros ao centro, ajudava a soltar os laterais), dando opção na intermediária ofensiva pra alargar o campo, criava-se amplitude, com a profundidade do ataque sendo gerada pela presença dos dois atacantes(Mora e Alario) ou de um deles(o balanceamento ofensivo do ataque do River era bem feito, já que sempre que um deles se locomovia pro lado ou recuava pra buscar, o outro fechava como opção entre os zagueiros) pra tentar "prender" a linha defensiva paraguaia. 

Dos atacantes do River, quem se mexia mais era Rodrigo Mora, que procurava a movimentação para os flancos, pra procurar jogada de fundo de campo pra cruzar, enquanto que Alario fechava entre os zagueiros, e abria espaço pra chegada de pelo menos um(por vezes os dois infiltravam simultaneamente) dos vértices laterais do losango(geralmente Lucho González), vindo de trás pra dar opção ofensiva na grande área. Por vezes, os deslocamentos de Mora acarretavam em formação de sociedade triangular pelo lado quando o atacante fazia o balanço ofensivo pro lado da bola. Ele balanceava com mais frequência para o extremo direito, mas também chegava a cair pela esquerda. O meia-central Ponzio participava da posse, porém, com tendências mais recuadas na intermediária, sem entrar na área e com pouca movimentação sem bola pra atacar espaço vazio ofensivamente. Abaixo, pode-se observar alguns aspectos ofensivos do River: 

Nessa ocasião, o River Plate ataca com 6 jogadores: O lateral do lado da bola(Mercado), o vértice lateral do setor da bola(fazendo a dobra com o lateral por ali), os outros dois componentes da parte mais avançada do losango e os dois atacantes(Alario e Mora), que fecham na área como opção entre o zagueiro central e o zagueiro do lado oposto ao da bola. 
Novamente, observa-se a formação de dupla no lado em que a bola é trabalhada. Lucho se projeta no mesoespaço esquerdo, Vangioni passa no corredor. Na frente, novamente a questão do balanceamento ofensivo. Alario se projeta pra ruptura da última linha paraguaia em diagonal curta, no espaço entre o zagueiro da esquerda e o zagueiro central, enquanto que Mora vai fechar em diagonal pra ser opção na área, assim como o vértice lateral oposto(Sánchez), que chega pra dar opção ofensiva. Isso ocorria com certa frequência também entre Sánchez e Lucho González. O do lado da bola abre pra trabalhar posse e o oposto fecha e aparece de trás pra atacar o entrelinhas adversário e chegar na área ou ser opção pra sobra de bola. 

Mora se desloca em diagonal curta pra procurar jogada de fundo pela direita. Na primeira imagem, Alario também vem de trás e não aprofunda entre os zagueiros presentes na área e posta-se mais próximo ao lateral oposto que fecha na cobertura por dentro, tirando a referência de marcação dos zagueiros. Assim, abre espaço pra Lucho González e Sánchez infiltrarem no centro da área. Primeiro, Lucho cabeceia pra defesa do goleiro Aguilar e no rebote, Sánchez acerta a trave. Na segunda imagem, Mora novamente busca o lado do campo. Desta vez, Alario fecha na referência e Sánchez tenta a chegada de trás pra ser opção. 

Na primeira imagem, Mora busca jogo no fundo do campo, formando o triângulo no setor com Sánchez e Mercado, que são opções mais atrás, enquanto Alario fica entre os zagueiros e Lucho González entra na área vindo de trás pra ser opção. Na segunda imagem, novamente observa-se a formação da sociedade triangular na região da bola, com Sánchez projetado no mesoespaço direito, entrando como linha de passe diagonal ao portador da bola(Mercado), enquanto que Mora balanceia ofensivamente pra direita novamente e abre bem na lateral pra ser opção de passe curta. Nesta ocasião, é possível ver que o River ataca com 7 jogadores, já que o lateral oposto(Vangioni) também apoia na esquerda, ficando bem aberto para dar amplitude, enquanto que a profundidade é gerada pela presença de Alario topando com o zagueiro adversário. Outro detalhe é o posicionamento de Ponzio, sendo opção de retorno curto, o que prova suas tendências de movimentação por zonas mais recuadas em campo ofensivo. Outro detalhe é que os dois vértices laterais do losango argentino ocupam o espaço entre as linhas de defesa e meio paraguaias, o que prova a agressividade dos mesmos ofensivamente, atacando espaços, formando sociedades, infiltrando e sempre dando opção. 

Defensivamente, Mora e Alario pressionavam mais à frente os zagueiros na saída de bola adversária, na tentativa de forçá-los ao passe quebrado ou ligação direta na procura do centroavante Santander e as linhas de meio e defesa avançavam na intermediária pra manter a compactação na subida de pressão. Porém, os dois atacantes não participavam da recomposição da equipe atrás da linha da bola, de modo que apenas 8 jogadores participavam mais ativamente dessa fase de defesa organizada(linha defensiva+tripé de meio+Ponzio). O médio tripé fazia corretamente o balanceamento defensivo em função da movimentação para proteger o lado atacado, com o vértice lateral do lado da bola dando o primeiro combate ao portador da bola no setor, Kranevitter fechando a possibilidade de saída em diagonal de fora pra dentro e o vértice oposto, juntamente com o homem da ponta do losango(Ponzio) fechavam as linhas de passe com os volantes adversários. Abaixo, observa-se um pouco do sistema de marcação do River Plate: 

Na primeira imagem, observa-se o balanceamento defensivo do tripé de meio para o lado da bola, com o vértice do setor fazendo a pressão inicial ao portador da bola, enquanto que Kranevitter fica mais atrás e o homem mais avançado do losango fecha a linha de passe com o volante adversário do lado da bola e o vértice oposto fecha com o volante oposto. Na segunda imagem, fica mais nítido, já que tanto o tripé de meio quanto a linha defensiva fazem a "gangorra". Porém, nesse caso, é Kranevitter quem fecha a linha de passe com o volante do setor da bola, enquanto que Ponzio fecha com o volante oposto. 

O Guaraní foi no habitual 5-4-1, mantendo as características que o marcaram ao longo de toda a Taça Libertadores. Adotando proposta reativa, compactação curta defensivamente, negando espaços ao adversário e procurando a saída em velocidade na transição defesa-ataque. Defensivamente, alternava entre momentos de pressão mais à frente, subindo o bloco, com 5 jogadores(linha de 4+Santander) ocupando a intermediária defensiva adversária pra forçar o erro/passe quebrado, recuo pra trás e lançamento e momentos de compactação em bloco baixo, atrás da linha do meio-campo, com 9 jogadores atrás da linha da bola. Santander fazia o para-brisa entre os zagueiros e chegava a pressionar até nos recuos de bola para o goleiro Barovero. Um dos volantes costumava apresentar comportamento mais agressivo nas subidas de pressão, exercendo pressão sobre o portador da bola e também chegando pra abafar em cima do receptor do passe/recuo de jogo. Nessas ocasiões, linha média subia até o campo adversário(como já foi dito) e defesa avançava na intermediária pra manter a compactação, passando a postar-se em linha um pouco mais alta. O problema estava nas situações em que a equipe paraguaia adiantava as linhas, porém, não exercia pressão na frente ou exercia com baixa intensidade, preocupando-se mais em ocupar espaços do que forçar o erro, pois sempre que o River conseguia sair, encontrava espaços pra progressão no campo defensivo paraguaio. Quando abaixava as linhas, era possível observar a correta basculação das linhas defensiva e média, com o sucessivo sistema de coberturas na linha de 5 atrás e com os wingers da linha de meio fechando corretamente por dentro quando a bola caía no lado oposto, apesar de que Benítez muitas vezes fixava no lateral adversário e era lento pro balanço com a linha de meio quando o fazia. Abaixo, pode-se observar um pouco dos aspectos defensivos apresentados pelo Guaraní:

Na primeira imagem, observa-se a compactação curta do Guaraní, em espaço reduzido do campo, ocupando poucos metros e linhas corretamente balanceadas. Na segunda imagem, com as linhas ainda mais recolhidas, percebe-se novamente a ótima basculação defensiva da equipe para o lado da bola, com 9 homens defendendo e fechando espaços atrás da linha da pelota. Pelo lado do River, nota-se novamente a formação da dupla Sánchez-Mercado, bem abertos pela direita e a questão do balanceamento ofensivo entre os atacantes, com um deles procurando deslocamento curto pra receber no entrelinhas do Guaraní e o outro permanecendo fixo entre os zagueiros. 

Na imagem acima, observa-se a postura defensiva do Guaraní em cobranças de escanteio adversárias. Marcação individual no bolo da área e dois jogadores marcando a primeira trave. 

Ofensivamente, os melhores momentos do Guaraní eram transicionais. Roubada de bola em campo defensivo e tentativa de transição veloz procurando o apoio dos wingers pelos flancos. Santander flutuava no entrelinhas adversário e balanceava para o lado da bola, buscando espaços pra fazer a parede, acionar quem vem de frente, segurar a bola, dar continuidade à posse/ação ofensiva e até abrir espaços pra possibilidade de entrada de um dos wingers no facão. Era o eixo do time. O winger do lado da bola abria pra trabalhar com o apoio do lateral, enquanto que o do lado oposto fechava em diagonal e por vezes um dos volantes chegava pra tabelar, dar opção e até tentar a infiltração na área. Na saída de bola paraguaia, os zagueiros de lado abriam mais, laterais avançavam, ficando na mesma linha dos volantes e os wingers também se adiantavam pra topar com os laterais na linha defensiva adversária e ficar na mesma linha de Santander. Desta forma, o 5-4-1 se transformava em 3-4-3/3-4-2-1 em fase ofensiva, como pode-se observar na imagem abaixo:

Guaraní tentando sair da defesa pro ataque, mas com dificuldades pela marcação-pressão exercida pelo River. Percebe-se os laterais abertos na linha de 4 com os volantes e os wingers na mesma linha de Santander, que se desloca pro setor da bola pra receber e tentar fazer o pivô. 

Na segunda etapa, o River Plate alterou sua configuração tática, passando do 4-3-1-2 losango para o 4-4-2 em linhas, com Ponzio passando a atuar na mesma linha de Kranevitter e Martínez entrando na vaga de Lucho González. Desta forma, o time argentino passou a atacar de forma ainda mais intensa pelos flancos para furar o bloqueio paraguaio. E conseguiu por meio da bola parada. Após sobra de bola na área, Mercado mandou pras redes. Logo depois, ampliou com Rodrigo Mora, que se aproveitou do posicionamento em linha alta da defesa do Guaraní e do pivô de Alario, e fez a infiltração de ruptura entre o zagueiro da esquerda e o do centro para receber na frente e encobrir o goleiro Aguilar. Com o gol sofrido, o Guaraní também mudou o esquema com as substituições. O meio-campo passou do formato linear para o formato de losango(5-3-1-1), com um jogador atuando mais próximo de Santander. Tentou atacar, porém, encontrou dificuldades, já que é um time de características essencialmente reativas. É acostumado a jogar no erro adversário e tem dificuldades quando precisa propor o jogo para construir ou correr atrás do resultado. Desta forma, o River não teve grandes problemas pra assegurar a vitória. 


*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)