Na
16ª rodada do Campeonato Brasileiro, Palmeiras e Atlético-PR se encontraram no
Allianz Parque. Para que a vitória rubro-negra se concretizasse, aos 30 do
segundo tempo, ambas as equipes começaram a partida em seus esquemas
tradicionais com seus atuais técnicos: o 4-2-3-1.
Na
imagem, a composição do trio de meias do Verdão está diferente do que
normalmente foi no jogo. Diante do Furacão, o Palmeiras teve Rafael Marques na
direita, Robinho no centro e Dudu na esquerda.
O
4-2-3-1 do Atlético-PR contra o Porco.
Com
a torcida alviverde lotando o estádio, o Palmeiras foi quem iniciou tentando
propor o jogo, tanto que foi o time que mais realizou viradas de jogo certas na
partida (9). Para iniciar a transição defesa-ataque do Verdão, Gabriel/ Andrei
Girotto afundava entre os zagueiros para realizar a saída de três no time. Ao
mesmo tempo em que um volante recuava para facilitar a saída de jogo, Victor
Ramos e Leandro Almeida abriam, Rafael Marques e Dudu entravam na diagonal e
Lucas e Egídio avançavam no espaço gerado pelas movimentações de seus wingers.
Diante de um posicionamento defensivo inicial do Atlético-PR no 4-4-1-1, veja o
que acontecia quando o mandante do jogo realizava a saída de três:
Inicialmente
em ação defensiva, o Atlético-PR se posicionava no 4-4-1-1 e se compactava
entre intermediárias. Todavia, enquanto toda equipe rubro-negra marcava por
zona, Marcos Guilherme era o único que só marcava Egídio. Veja o que acontecia
quando o Palmeiras realizava a sua saída de três:
Com
Gabriel entre os zagueiros, Victor Ramos e Leandro Almeida abriam, Rafael
Marques e Dudu entravam na diagonal e Lucas e Egídio avançavam no espaço
gerado. No entanto, repare onde está Marcos Guilherme na imagem acima. Sem
Marcos Guilherme, o Verdão constantemente saiu para o jogo através de Leandro Almeida.
Em
campo ofensivo e tentando abrir o placar da partida, o Palmeiras continuou
atacando com muitos jogadores, assim como aconteceu contra o Vasco –a última
partida do Verdão no Brasileirão. Em ação ofensiva, o time alviverde avançava
simultaneamente os seus laterais, procurava ter duas opções de retorno para o
jogador com a bola, Rafael Marques atacava mais posicional, Dudu se movimentava
por todo terço ofensivo, Robinho se projetava para os espaços vazios e Leandro
Pereira criava a profundidade ofensiva. Era ataque posicional.
No
flagrante acima, percebe-se todos os aspectos táticos e ofensivos anteriormente
descritos. Além desse ataque posicional, repare onde está Dudu e quem, então, passava
a alargar o campo no lado esquerdo do Verdão. Com o camisa 7 do Palmeiras
sempre “abandonando” o seu lado, Egídio era o responsável para gerar amplitude
pela esquerda.
No
entanto, apesar desse ataque posicional, o Palmeiras não conseguia chegar com
grande perigo na meta de Weverton, já que o sistema defensivo do Atlético-PR
não deixava. Além de iniciar posicionado no 4-4-1-1 e compactado entre intermediárias,
em ação defensiva, o Furacão também variava o seu posicionamento para o
4-1-4-1. Nesta situação de jogo, uma vez que o Verdão procurava ter dois
jogadores para opção de retorno, Bruno Mota se alinhava a Hernani, pois este se
desalinhava de Otávio para marcar o adversário com a bola.
Na
foto anterior, veja que Hernani se desalinha de Otávio para pressionar o
adversário com a bola. Esta movimentação deste volante rubro-negro é uma
constante no sistema defensivo atleticano, por isso que defensivamente, o
Furacão variava freqüentemente para o 4-1-4-1.
Além
de não deixar o sistema ofensivo alviverde atacar com facilidade, o Atlético-PR
procurava transitar ofensivamente também. Para a transição ofensiva, o Furacão
a realizava de duas maneiras: veloz ou através de passes curtos desde o seu
campo defensivo. Para o contra-ataque, a equipe rubro-negra se defendia com nove
jogadores atrás da bola tendo um jogador à frente e variava o posicionamento
defensivo entre 4-4-1-1 e 4-1-4-1, como acima. Para a transição curta e mais
devagar, Weverton esperava para ver como o Palmeiras se comportava diante do
posicionamento do Furacão em seus tiros-de-meta. Era saída curta desde o
goleiro.
Em
toda partida, Weverton esperava para ver qual decisão que o 4-2-3-1 do
Palmeiras iria tomar em relação aos seus tiros-de-meta. Como Vilches e Kadu
abriam nas pontas da área, Marcos Guilherme e Nikão entravam na diagonal e
Matheus Ribeiro e Sidcley avançavam, algum atleticano sempre sobrava quando os
jogadores do Verdão realizava o encaixe de marcação no setor. No caso da imagem
acima, veja que Dudu ficou no “limbo” entre Vilches e Matheus Ribeiro e
Weverton tocaria para o seu lateral-direito, já que Marcos Guilherme havia
retirado Egídio daquele setor.
Além de sair curto
desde o seu goleiro, o Atlético-PR continuava a usufruir do modo como o
Palmeiras marcava. O encaixe de marcação no setor alviverde tinha Robinho
marcando Otávio, mas como o Furacão saía através de passes curtos, o meia do
Verdão constantemente partia solitariamente para marcar o jogador adversário
com a bola já em campo ofensivo.
No
flagrante acima, o Atlético-PR inicia a sua saída curta através de Vilches, o
Palmeiras já está marcando através de encaixes de marcação e, ao perceber que o
zagueiro do Furacão está sem marcação, Robinho sozinho avança para marcá-lo.
Ao
avançar sozinho, Robinho descaracterizou dois aspectos táticos do Palmeiras: o
Verdão constantemente só aumenta a sua intensidade na marcação próximo do meio
do campo e marca em conjunto para poder retomar a bola neste setor do campo. No
entanto, ao subir sozinho para marcar Vilches, Matheus Ribeiro e Kadu passam a
ter ângulo suficiente para tocar facilmente para Otávio, pois o Verdão não está
organizado para subir a marcação próxima ao terço ofensivo do campo. E não era
só isso que Robinho gerava sem bola em ação defensiva.
Já
no terço central do campo, Robinho continuava a subir sozinho para marcar o
zagueiro adversário e, constantemente, deixava Otávio livre para jogar. Em
alguns times, deixar um volante livre para jogar não tem tanto problema, mas no
caso desse jogador atleticano, ao deixá-lo sozinho, o Palmeiras continuava a
ficar sem a bola, devido à qualidade técnica dele. No caso do flagrante acima,
Robinho avançara para marcar Kadu, a linha do meio-de-campo alviverde não
subira junto com o meia e Otávio passa a ficar sozinho na entrelinha dos
atacantes e dos meio-campistas palmeirenses.
Em
campo ofensivo, o Atlético-PR também tinha um ataque posicional: a amplitude
era alargada pelo winger oposto da jogada, Crysan criava profundidade ofensiva,
Bruno Mota se movia na entrelinha adversária, Hernani aguardava como retorno
até achar um espaço vazio e Otávio era sempre opção de retorno no espaço gerado
pelo avanço de um dos seus laterais. Essa movimentação defensiva de Otávio era
constantemente realizada na década de 80 e 90 para “liberar” os avanços dos
laterais, mas ao realizá-la em 2015, Milton Mendes faz com que Otávio não fique
só para cobrir o avanço do lateral, mas, também, para participar da ação
ofensiva e manter o controle da bola.
Em
seu ataque posicional, o Atlético-PR realizou de diferente em relação ao
Palmeiras: amplitude é alargada pelo winger oposto e Otávio se movimentava para
o espaço onde o seu lateral deixou. No entanto, ao mesmo tempo em que a bola
avançava, Otávio avançava junto para se manter como opção de retorno curta para
o seu companheiro com bola.
Sem
a bola, o Palmeiras passava a ficar na proposta de jogo a qual mais venceu
jogos com Marcelo Oliveira: a reativa. Devido aos encaixes de marcação no setor
e como o sistema ofensivo do Atlético-PR pouco trocava de posição, a
compactação da equipe alviverde próxima do meio-de-campo evitava com que o
Furacão chegasse com tanto perigo na meta de Fernando Prass. Para o aumento do
bloqueio do Verdão, o posicionamento defensivo marcava no 4-4-1-1 e, também, no
4-1-4-1, da mesma maneira com que o Furacão fazia.
Flagrante
do sistema defensivo do Palmeiras posicionado próximo do meio do campo e no
4-1-4-1.
A
tônica da partida se manteve a mesma até a entrada de Walter, aos 14 do segundo
tempo. Como o atacante estava voltando de lesão, e ele havia pedido para Milton
Mendes poder jogar diante do Palmeiras, o camisa 18 rubro-negro recebeu a sua
chance de atuar somente na segunda etapa. E ele mudou a história do jogo.
Walter
não mudou o jogo só porque fez o gol, mas também pelo modo como o sistema
ofensivo do Atlético-PR passou se movimentar depois da sua entrada. Com o
camisa 18 em campo, Walter iniciava seu posicionamento no lado direito do
centro e partia para o espaço nas costas do volantes do Palmeiras e de Egídio.
Sem ninguém para marcá-lo, os ataques do Furacão passaram a ser mais constantes
e efetivos, tanto que o time rubro-negro realizou 4 das 5 finalizações do
segundo tempo depois da entrada do seu camisa 18 e todas elas foram no gol de
Fernando Prass.
Quando
o Palmeiras atacava, Walter não se posicionava entre os zagueiros do Verdão,
mas, sim, no lado direito do centro do seu ataque. Nesse posicionamento, este
atacante só tinha um zagueiro para desvencilhar após o Furacão recuperar a
bola.
Já
quando algum atleticano recuperava a bola, Walter se desgrudava do zagueiro
adversário e partia para o espaço nas costas dos volantes palmeirenses e nas
costas de Egídio. O camisa 18 recebeu diversas bolas da mesma maneira e passava
a iniciar os contra-ataques de maneira limpa, pois quase nenhum jogador do
Verdão conseguia desarmá-lo.
Das
três alterações que Milton Mendes fez no Atlético-PR, somente a de Walter
surtiu grande efeito. Deivid e Daniel Hernandez nos lugares de Hernani e Nikão,
respectivamente, pouco modificaram o jogo e não alteraram o esquema e nem algum
modo do Furacão atuar. Da mesma maneira do que estas últimas alterações
rubro-negras, as de três de Marcelo Oliveira pouco alteraram o rumo do jogo.
Andrei Girotto, Kelvin e Barrios nos lugares de Gabriel, Rafael Marques e
Leandro Pereira não mudaram o quadro alviverde diante do Atlético-PR.
Fim
de jogo: Palmeiras e Atlético-PR no 4-2-3-1
Por
Caio Gondo (@CaioGondo)