sábado, 19 de setembro de 2015

Análise tática de BOA Esporte 0x1 Botafogo

Os desenhos iniciais de BOA e Botafogo. O BOA no 4-2-3-1, porém as movimentações de Chapinha para a esquerda, e de Wilson Júnior alinhando-se de Tadeu criavam a variação ao 4-4-2. Já o Botafogo, geralmente esteve no 4-4-2. Uma variação em 4-2-3-1 podia ser vista com a centralização de Daniel Carvalho, juntamente com o posicionamento de Lulinha mais à direita.
O BOA de Nedo Xavier veio em um esquema que alternava entre o 4-2-3-1 e o 4-4-2. A equipe propôs o jogo, sempre circulando a bola com passes curtos. O foco na fase ofensiva era avançar pelos lados e alçar bolas à área, ou infiltrar com a ajuda dos laterais, sempre projetados na fase ofensiva. A flexibilidade dos meias da equipe mineira era notável, com Chapinha e Wilson Junior posicionando-se em diversos setores do campo.

O Botafogo veio a campo no 4-4-2, porém, em algumas situações do jogo o 4-2-3-1 também pode ser visto. Na dupla de volantes, Serginho guardava a posição na fase ofensiva, enquanto Arão tinha mais liberdade para avançar, pelo centro, ou caindo pelo flanco direito quando havia espaço. Fernandes ficava aberto pela esquerda, geralmente partindo do mesoespaço esquerdo para o centro em diagonal, quando não avançava mantendo-se nessa faixa. Já Daniel Carvalho jogava aberto pela direita, porém centralizava em diversos momentos, auxiliando a construção do jogo. Em relação a dupla de atacantes, havia bastante mobilidade de ambos, principalmente Lulinha, que flutuava atrás de Sassá e se aproveitava dos espaços gerados, principalmente na direita.

A proposta da equipe alvinegra foi geralmente reativa, em alguns poucos momentos apenas sendo propositora. A saída de bola, nos casos em que era curta, era prioritariamente pelos flancos, utilizando os laterais, que tentavam penetrar as linhas adversárias com velocidade. Em muitos outros momentos, o passe longo era a alternativa usada, diversas vezes por Willian Arão ou por um dos zagueiros, que buscavam quem estivesse se projetando pelo flanco. Defensivamente, a equipe se postava em bloco baixo com duas linhas de quatro razoavelmente próximas (ou em alguns casos com um homem entre as linhas), e baixa compactação. Havia perseguições individuais, com as linhas defensivas diversas vezes se orientando pelo jogador adversário, e não pela posição da bola ou pelo espaço.

A lenta recomposição dos extremos alvinegros sobrecarregou os laterais durante todo o jogo. Estes, em muitas oportunidades, ficavam no 1x1 com os rápidos extremos adversários, que tinham facilidade para alçar bolas à área alvinegra. As infiltrações, já mencionadas, foram outro problema para a defesa alvinegra, que constantemente estava em desvantagem pelos lados, na fase defensiva.

O gol solitário do Botafogo surgiu em uma ligação direta de Renan Fonseca, que encontrou Willian Arão em plena projeção na direita com um belo passe. Este, com um cruzamento rasteiro pôs a bola no meio da área para Sassá. O zagueiro do BOA tentou afastar sem sucesso, e Fernandes, chegando em velocidade finalizou com qualidade.

Apesar do gol, o domínio das ações ofensivas no primeiro tempo era da equipe do sul de Minas, que, circulando com qualidade envolvia o Botafogo. A equipe carioca tinha marcação razoável pelo centro, mas deixava enormes espaços pelos flancos, exatamente por onde a equipe do BOA construía seu jogo sem encontrar muita resistência. Além disso, na bola parada, o BOA também conseguiu boas oportunidades, todas salvas pelo goleiro Jefferson, em ótima noite.

No segundo tempo, a troca de Lulinha por Luis Henrique gerou o 4-2-3-1 "assimétrico" no Botafogo, esquema já bastante utilizado em 2015. Luis Henrique fechava pela direita, mas na fase ofensiva encostava em Sassá, alinhando-se, principalmente nos momentos que a jogada se desenvolvia pelo outro lado. Logo que se iniciou o segundo tempo, era notável o esforço alvinegro para reter mais a posse, e desenvolver o jogo através de passes curtos, porém, a equipe continuava com as fragilidades defensivas já mencionadas, e isso fez com que, em pouco tempo, a equipe adotasse uma postura mais cautelosa. Elvis entrou no lugar de Daniel Carvalho e teve boa participação, em termos ofensivos. Defensivamente trouxe equilíbrio, já que Daniel, cansado, tinha dificuldades para recompor, nessa etapa do jogo.
O 4-2-3-1 "assimétrico", panorama da segunda etapa.
O BOA continuou a criar boas oportunidades ao longo do segundo tempo da mesma forma, enquanto o Botafogo tentava se fechar, apenas especulando no contra-ataque. Com imensas dificuldades na precisão das finalizações, a equipe mineira desperdiçou diversas chances de empatar, e dessa forma a equipe do Botafogo conseguiu segurar a vitória até o fim. Contra adversários de mais qualidade técnica, porém, a equipe alvinegra precisa ser mais eficiente na marcação pelos flancos e nas bolas paradas, assim como melhorar o repertório ofensivo, hoje pouco criativo e com baixa variedade de movimentações. Caso contrário, os resultados custarão a vir.

Por Felipe de Faria