segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Ney Franco iniciou em 4-1-4-1 e explorou as deficiências de Deivid para definir o placar

Teve clássico paranaense: foi pegado, foi disputado e, também, teve tática. Com a vitória de 2 x 0, o Coritiba subiu para a 14ª posição e deixou o Atlético-PR estacionado na 9ª. Para tal conquista, o Verdão iniciou no 4-1-4-1, e o Furacão no 4-2-3-1 dessa maneira:

Atlético-PR no seu tradicional 4-2-3-1 e Coritiba surpreendendo em um 4-1-4-1.

No começo do jogo só dava o Coritiba jogando: era intensidade constante sem a bola e subida de marcação em bloco, assim fechando rapidamente as linhas de passe do adversário com a bola.

Uma vez que para que o Atlético-PR pudesse realizar a saída curta desde o seu campo defensivo tinha somente Otávio que recuava para tal e, ainda, de que o Coxa rapidamente pressionava esse jogador nessa situação do jogo, pouco se viu o Furacão ditando o ritmo do jogo como em outras partidas. Como Deivid avançava sem bola com intuito de tentar arrastar algum coxa-branca consigo para abrir espaço para Otávio e nenhum dos três meias recuava a tempo para auxiliar o seu camisa 5, até os 12 do primeiro tempo, foram constantes retomadas do Coritiba em seu campo ofensivo. 

Com Otávio sendo pressionado constantemente e rapidamente como na imagem, o Atlético-PR não conseguia sair “limpo” do seu campo defensivo. O posicionamento inicial no 4-1-4-1 com Alan Santos de frente com esse volante atleticano contribuiu em muito para essa situação.

Além de pouco colaborar na saída de bola, Deivid, enquanto esteve em campo, apresentou os seus vícios de marcação: referência de marcação no jogador em vez do espaço. Devido a esse princípio de marcação, o Verdão conseguiu fazer o seu primeiro gol: Deivid saiu na “caça” em Negueba e abriu todo espaço a frente da sua linha defensiva. No caso desse gol, foi Henrique Almeida quem arrematou livremente ao gol de Weverton, mas poderia ter sido Lúcio Flávio, pois a sua posição espacial era semelhante ao do autor do gol coxa-branca.

Sem Deivid a sua frente, Henrique Almeida teve espaço para finalizar, mas além dele, poderia ter sido Lúcio Flávio.

Após o gol sofrido, o Atlético-PR passou a ter ainda mais posse de bola (chegando a alcançar 74,44%), já que o Coritiba recuou o seu bloco de marcação: de alto passou para o médio. Apesar de estar reativo, o Coxa passou a apresentar dois destaques posicionais em ação ofensiva: Kléber Gladiador e Lúcio Flávio.

Quando o Verdão estava com a bola, Kléber saia da referência do ataque e recuava nas costas dos volantes do Furacão. Uma vez que Otávio fazia a saída de bola e fazia o jogo de retorno em campo ofensivo (já que Deivid avançava, mas não conseguia fazer esse jogo posicional), Gladiador passava a ter ainda mais espaço na entrelinha dos volantes e dos defensores rubro-negros.

Além do destaque desse atacante coxa-branca, Lúcio Flávio como interior do 4-3-3 procurava a entrelinha dos volantes e dos meias atleticanos para jogar. Como ele estava batendo de frente com Deivid, e este perdia o espaço a marcar devido a marcação individual com perseguição que realizava, o camisa 8 alviverde achou considerados espaços em campo ofensivo. O segundo gol do Coritiba foi a junção desses dois destaques ofensivos coxa-brancas.

Explorando a entrelinha dos volantes e dos meias atleticanos, Lúcio Flávio teve tempo e espaço para realizar o lançamento para Negueba. Além disso, nota-se também que Kléber ficou imóvel na jogada, pois procurava a entrelinha dos defensores e dos volantes rubro-negros. Só jogo posicional.

Ainda no primeiro tempo, Alan Santos e Walter saíram devido a contusões musculares. Em seus lugares, entraram Juan e Dellatorre, respectivamente. Como Juan não tinha o mesmo poder defensivo do que Alan Santos, Ney Franco alterou o esquema do Coritiba no intervalo da partida: do 4-1-4-1 foi para o 4-2-3-1. A ideia era continuar a anular Otávio, seja na saída de jogo, seja em campo ofensivo. No entanto, Milton Mendes também alterou o esquema com a entrada de Ewandro no lugar de Deivid no intervalo do jogo: do 4-2-3-1 foi para o 4-1-4-1.

No 4-1-4-1, Milton Mendes ajustou a saída de bola do Atlético-PR, pois os seus interiores recuavam simultaneamente (vide na próxima imagem) para auxiliar Otávio na saída de bola. Já Ney Franco continuou a privilegiar Lúcio Flávio e avançou Juan para procurar combater constantemente o camisa 5 rubro-negro.

Com Juan sem pressionar Otávio em bloco alto, o volante atleticano conseguia virar o corpo para enxergar todo o campo e, ainda, passou a contar com os auxílios dos interiores do 4-1-4-1 da sua equipe. O que antes já tinha maior posse, no segundo tempo, o Furacão alcançou 81,82% nesse quesito.

Mesmo com uma saída de bola mais “limpa”, o sistema ofensivo rubro-negro não conseguiu ultrapassar o sistema defensivo alviverde, que passou a alterar o bloco de marcação entre médio e baixo. Com as entradas de Paulinho e Rafhael Lucas nos lugares, respectivamente, de Negueba e Kléber, este último por causa de uma contusão, o Coritiba perdeu quem explorasse a entrelinha defensiva e dos volantes atleticanos e quem ganhava os duelos 1 x 1 em campo ofensivo. O sistema ofensivo coxa-branca não era tão eficaz quanto na primeira etapa do jogo.

Aproveitando dessa situação adversária precária, Milton Mendes colocou Crysan no lugar de Eduardo. O esquema tático não alterou, mas o Furacão passou a realizar uma movimentação diferente pelo seu lado direito: Dellatorre entrava na diagonal, arrastava consigo o lateral-esquerdo e abria corredor para o novo lateral-direito rubro-negro, Marcos Guilherme.


Mesmo com tanto tempo para avançar terreno, o sistema ofensivo atleticano pouco usufruiu das subidas de Marcos Guilherme. Já que nenhum interior ajudava o camisa 7 rubro-negro, e Dellatorre, ao entrar no facão, ficava só esperando o cruzamento. Dessa maneira, Marcos Guilherme avançava, tinha que duelar 1 x 1 com Carlinhos e, quanto conseguia chegar na linha de fundo, cruzava a bola.

Como o Atlético-PR pressionava e como exposição de Lúcio Flávio em ação defensiva só aumentava, o camisa 8 alviverde foi expulso após uma tabela rubro-negra pela faixa central do campo. Com um jogador a menos, o Coxa passou a jogar no 4-4-1, enquanto que o Furacão pressionava em seu 4-1-4-1.

Cenário do fim do jogo: Atlético-PR no 4-1-4-1 e Coritiba no 4-4-1.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)