segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Aspectos táticos em Corinthians 1x0 Flamengo

Em caminhada tranquila rumo ao título, a equipe do Corinthians encarou o rival Flamengo, que apesar de ter mostrado algumas boas ideias, persistiu em conceitos questionáveis, o que foi decisivo para a vitória do adversário. O Corinthians não fez uma grande exibição e teve dificuldades para impor seu estilo de jogo inicialmente, mas teve tranquilidade e soube explorar os erros do Flamengo. Alguns pontos interessantes foram detalhados e explanados nessa postagem.

Escalações e formações básicas

Corinthians (4-1-4-1): Cássio; Edílson, Felipe, Gil, Guilherme Arana; Ralf; Jadson, Elias, Renato Augusto, Malcom; Vágner Love.

Flamengo (4-2-3-1): Paulo Victor; Pará, César Martins, Wallace, Jorge; Márcio Araújo, Jonas; Paulinho, Alan Patrick, Éverton; Guerrero.

A bem sucedida pressão rubro-negra

A marcação alta do Flamengo dificultou a saída limpa por parte do Corinthians.
Inicialmente, o Corinthians utilizou apenas os quatro defensores e Ralf para iniciar a saída de bola, com os meias raramente recuando para auxiliar. Oswaldo de Oliveira desde o início subiu a marcação rubro-negra, o que forçou o Corinthians a muitas vezes 'quebrar' a bola rapidamente para o ataque. Uma interessante ideia, já executada por Oswaldo em outras oportunidades, mas que não é uma constante no Flamengo.

Recomposição lenta do Corinthians

Éverton explora o espaço deixado no lado direito da defesa corintiana (Reprodução: globoesporte.com).
Ao longo da primeira etapa, a transição ofensiva em velocidade do Flamengo gerou algum perigo à meta da equipe paulista. Essa forma de atacar foi potencializada pela lenta recomposição dos extremos do Corinthians, principalmente Jadson, e assim o lado esquerdo, por onde o veloz Éverton se projetava, foi repetidas vezes explorado pela equipe carioca. Ralf, que normalmente é quem cobre os espaços deixados por Jadson, muitas vezes não conseguia chegar a tempo de dar o combate.

No mapa de calor do Flamengo no primeiro tempo, fica evidenciada a preferência pelo lado esquerdo (lado direito da defesa adversária) (Reprodução: WhoScored.com).

No lance do gol, um encaixe individual gerou espaço para a projeção de Love

A perseguição de Jorge a Jadson gerou enorme espaço na defesa rubro-negra, culminando no único gol da partida (Reprodução: globoesporte.com).
O gol corintiano, no último minuto do primeiro tempo, teve origem com o recuo de Renato Augusto. Essa movimentação, já estudada por outros analistas, tem por objetivo agilizar e qualificar a saída de bola. Com sua visão Renato realizou um passe que cruzou uma das linhas de marcação adversária e encontrou Jadson, que centralizava e se tornava opção de passe. Outro conceito utilizado por Tite, a coordenação dos movimentos. A sequência do lance evidenciou o uso do encaixe individual por Oswaldo de Oliveira. Jadson, se movimentou em direção ao centro, e 'arrastou' consigo Jorge, que o perseguia. Isso gerou um enorme buraco no lado esquerdo da defesa, justamente por onde Love infiltrou para fazer o gol.

Um exemplo da coordenação de movimentos da equipe do Corinthians, a partir da organização em 4-1-4-1. Recuo de Renato Augusto para buscar a bola, centralização de Jadson, diagonal de Malcom, abandono de referência e abertura de espaço por Love.
Compactação e modernos conceitos defensivos

Em pouco mais de 30 metros, é possível ver todos os dez homens de linha do Corinthians (Reprodução: globoesporte.com).
O trabalho coletivo da equipe de Tite já é algo de conhecimento geral, e nessa partida não foi diferente, principalmente no segundo tempo. Em fase defensiva, o Corinthians mantinha a equipe com compactação curta e com linhas 'balançando' para o lado da bola. A organização defensiva era uma constante, com concentração de jogadores no setor da bola e obstrução de linhas de passe, o que facilitava a recuperação da bola, e tornava difícil a infiltração através de passes curtos por parte do Flamengo. Na imagem em questão, o Flamengo terminou por alçar a bola à área, encontrando Guerrero, que isolado, rapidamente foi desarmado.

No segundo tempo, mais uma vez o Corinthians provocou o erro defensivo do adversário

Pará perseguiu Malcom até o centro, escancarando o corredor para Guilherme Arana (Reprodução: globoesporte.com).
Como no lance do gol, os conceitos de Tite e Oswaldo culminaram em outra oportunidade a favor do Corinthians. Malcom parte do seu posicionamento usual na esquerda para o centro, para receber de Jadson. Novamente, ocorre a perseguição do lateral rubro-negro ao extremo do Corinthians, mas nesse caso Pará é quem sai do seu setor atrás de Malcom. Este último rapidamente volta com Jadson, e este aciona Guilherme Arana, que inteligentemente se projeta no corredor aberto por Malcom. Movimentos coordenados, que na sequência geraram nova oportunidade de gol.

Por Felipe de Faria (@Felipe_de_Faria)