quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Brasil vence mas ainda tem problemas de jogo coletivo

Logicamente o gol logo aos 38 segundos de jogo aliviou a equipe brasileira que entrou pressionada após a forma como se portou perante o Chile, mas já se pode ver que a seleção ia procurar avançar a marcação e jogar muito pelos lados do 4-2-3-1, que defensivamente se desdobrava em duas linhas quatro, e com isso foi se escancarando os problemas do time de Dunga.

A equipe forçou muito pelos lados e com isso não tinha jogadores para receber a bola no meio de campo e fazer a construção de jogo, tampouco os jogadores brasileiros se aproximavam para receber a bola, embora Willian tenha se destacado bastante pela sua movimentação constante para gerar oportunidades de jogo para si e mesmo e os seus companheiros, sendo premiado com dois gols.

Veja o meio de campo vazio da seleção brasileira, poucos jogadores para receber a bola e ter uma saída de bola limpa, com isso a única opção para Filipe Luís tocar é Douglas Costa na ponta-esquerda, sendo que todos os seus companheiros estão atrás da marcação, não há um trabalho de jogo entre-linhas. (Reprodução: TV Globo) 

Mas vale também destacar a presença dos volantes que ficaram mais soltos, diferentemente da postura diante do Chile, projetando-se no espaço vazio em direção do gol.

Sem a bola a seleção brasileira se fechava com duas linhas de quatro, mas a intensidade da equipe fazia com que as linhas mesmo assim ficassem espaçadas, com seus jogadores distantes entre si, contra uma seleção mais forte isso pode ser fatal. O jogo coletivo da seleção brasileira, apesar da vitória importante, ainda é fraco.

Seleção brasileira postada defensivamente com duas linhas de quatro, mas repare o espaço entre os jogadores, e mais do que isso, onde estão Willian e Douglas Costa! Recomposição lenta. (Reprodução: TV Globo)

Na segunda etapa a Venezuela, que no primeiro tempo foi mais reativa e compacta também no 4-2-3-1, foi para cima no segundo tempo, apostando demais no jogo aéreo para conseguir o gol. Na cobrança de escanteio veio o gol de Christian Santos.

Se Oscar estava apático em jogo, ou quando se movimentava ele pecava na tomada de decisão (qualidade ele tem, mas falta ter um pensamento mais rápido!) que num pequeno espaço e tempo pode decidir um lance, Lucas Lima deu mais dinâmica ao meio de campo verde-amarelo, acionando os volantes e pontas para procurar Ricardo Oliveira, com isso a equipe brasileira passou a ter uma criação melhor no meio de campo, o que certamente falta na equipe de Dunga.

Com a bola está Lucas Lima, que veio receber dos zagueiros para armar o jogo e esperar a aproximação dos jogadores de frente para gerar mais linhas de passe. Essa função Lucas Lima faz com primor no Santos, e pode ser uma solução para o problema de saída de bola da Seleção Brasileira, assim como uma saída "lavolpiana". (Reprodução: TV Globo)
As entradas de Kaká e Hulk não alteraram o esquema tático, mas fizeram o camisa 10 ser posicionado no centro do ataque, e o "Vingador" se posicionar pela ponta esquerda.

Mas, dentro do contexto que a equipe vive, foi um bom jogo da seleção brasileira, apesar de muitas coisas terem a obrigação de serem corrigidas, e mais do que dar tempo de trabalho para o treinador, é preciso também que Dunga revise seus conceitos de jogo.

Por Diogo R. Martins (@diogorm013)