quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Barcelona derruba muralha da China e se garante na final do Mundial

O Barcelona chegou ao Japão como o grande postulante ao título da Copa do Mundo de Clubes da FIFA. E não é pra menos, o clube é disparadamente o líder técnico da competição. Mesmo sem Messi (cólica renal) e Neymar (poupado no banco por lesão no músculo adutor da coxa), o clube blaugrana chegou com amplo favoritismo diante do Guangzhou Evergrande da China, time comandado por Felipão e que conta com uma legião de brasileiros. O time chinês já havia disputado em 2013 a Copa do Mundo de Clubes no Marrocos, perdendo, por 3 a 0, na semifinal para o Bayern, após eliminar o Al-Ahly na primeira fase. O mesmo ocorreu nessa temporada, onde o time eliminou na primeira fase o América do México e perdeu pelo mesmo placar para o Barça, também na semifinal. Com uma invencibilidade que perdurava desde maio desse ano, o Guangzhou chegou como franco atirador, enfrentando o atual campeão da Champions League e todo poderoso Barcelona vivendo um momento “confuso”, há três jogos a equipe não vencia, mas também não perdia. O Barcelona veio escalado da seguinte maneira: Bravo; Daniel Alves, Mascherano, Piqué e Alba; Busquets, Rakitic e Iniesta; Sergi Roberto, Munir e Suárez. E o Guangzhou com: Li, Linpeng, Feng, Kim e Zou; Bowen, Paulinho, Zhi e Long; Ricardo Goulart e Elkeson.

Barcelona no 4-3-3 e Guangzhou no 4-4-1-1
O jogo iniciou com o Guanghzou fazendo marcação em bloco médio e rapidamente descendo-o de acordo com a progressão blaugrana. As referências eram a bola, os adversários e o espaço, deixando os companheiros como último ponto, caracterizando uma zona pressionante, diferente da zona clássica.

O Barcelona muito estático com apenas algumas movimentações protocolares. Sergi Roberto centralizava e Alba dava amplitude pelo lado esquerdo. Pelo lado direito, Munir dava amplitude, enquanto Daniel Alves se posicionava no meso-espaço. Rakitic e Iniesta procuravam explorar o entrelinhas, mas encontravam dificuldades devido as referências mais individualizadas do que espaciais da equipe chinesa pelo centro do campo. Busquets procurava jogar as costas de Elkeson, mas era constantemente pressionado por Goulart, que ora saía na pressão sobre os zagueiros fechando a linha de passa para Busi, ora compensava encaixando no volante culé. Quando o ex-Cruzeiro saía na pressão, Elkeson, por vezes, compensava e encaixava em Sergio.

As referências individuais pelo espaço ficavam mais claras com os encaixes pelos lados do campo, onde Bowen retornava em função de Alba e Long em função de Daniel Alves, o segundo flutuava pelo centro em busca do lado forte, já o primeiro tinha um ponto referencial mais baseado no lateral-esquerdo do Barcelona. As perseguições na última linha eram constantes, usualmente médias, mas podendo ser curtas, procurando sempre respeitar o setor. 

4-4-1-1 do Guanghzou, zona pressionante e compactação. Perseguições médias e curtas na última linha. Referência posicional: bola. Referências-alvo: espaço e adversário. No centro do campo, os companheiros também serviam como referência-alvo secundário.
Referências de espaço e adversário nas laterais com Long formando uma teórica linha de 5, devido a aproximação de Dani.
Diante de tal situação, o Guangzhou não ameaçava e a cada minuto que se passava era mais acuado no campo de defesa. Apenas as tentativas transicionais com Elkeson e Goulart não bastavam para a equipe chinesa ameaçar Bravo.

Já o Barcelona buscava alguma forma de entrar na defesa chinesa, e encontrou em um Iniesta inspirado a solução. Primeiro com uma linda bola no espaço para Munir parar no goleiro Li e na segunda vez numa trama onde chegou a linha de fundo e colocou na cabeça do jovem espanhol, que finalizou para fora. Os espaços começaram a aparecer, e o Barcelona procurava aumentar o volume de jogo. Uma fatalidade aos 32 minutos tirou Zou do certame, em seu lugar entrou Xuepeng.

O jogo continuou numa espécie de ataque contra defesa e aos 38 minutos, Rakitic recebeu com certa liberdade e arriscou de fora da área, Li espalmou e Suárez abriu o placar conferindo o rebote. O gol mostrou um caminho até então inexplorado pelo Barcelona, o conceito de atração, muito comum nos tempos de Guardiola. Alba atraiu com a condução central a marcação de Bowen e Zhi, devido ao sistema de marcação do Guangzhou, Long não fechava e se mantinha encaixado em Daniel Alves. Com o espaço gerado, Rakitic se aproveitou e chutou com tempo para se equilibrar.

Após o gol, o Guangzhou se lançou ao ataque e chegou por meio de bolas paradas. Elkeson quase empatou aos 40 numa cabeçada após falta cobrada pelo lado direito, Bravo apareceu bem e evitou o gol. O time chinês buscou subir nas transições e conquistou uma sequencia de escanteios, onde criou alguns riscos para o time azul-grená. 

Raro momento do Barcelona marcando em bloco baixo. Conceitos como pressão sobre a bola e compactação muito bem trabalhados por Luis Enrique e percebemos um 4-1-4-1 estruturado. Pouquíssimas linhas de passe e adversário, com a bola, muito mal orientado (costas pro jogo).

No segundo tempo, mais do mesmo. Um Barcelona proativo buscando encontrar os espaços e um Guangzhou esperando uma oportunidade ou erro da equipe espanhola para buscar o empate. A diferença foi o volume de jogo dos blaugranas, que procurou criar profundidade e ganhou em mobilidade, atacando a última linha com ferocidade, característica da equipe perdida no primeiro tempo.

Não demorou muito para Suárez fazer 2 a 0. Mascherano atraiu a marcação de Bowen, fazendo-o se “despregar” de Alba, abrindo linha de passe. O lateral encontrou o apoio de Suárez que trouxe consigo em perseguição o zagueiro Feng. O uruguaio fez o passe para Iniesta que com muito espaço, devido à coordenação de movimentos, deu uma linda assistência para a movimentação fantástica de “El Pistolero”.

Aos 12 minutos, Long deixou o gramado e Yu entrou para buscar acrescentar velocidade à equipe que já perdia por 2 a 0. Mas aos 21 minutos do segundo tempo, Munir sofreu pênalti e novamente Suárez converteu e anotou um hat-trick, matando a remota esperança chinesa. Elkeson saiu para a entrada de Gao Lin.

Após o terceiro gol, o time catalão levou o jogo em “banho-maria”, claramente se poupando e se resguardando para a final. Munir aos 26 quase fez o quarto do Barcelona após bonita jogada e chute de fora da área. E foi também aos 26 que Luis Enrique iniciou os seus trabalhos de substituições, com a saída Sergi Roberto para a entrada de Sandro, depois aos 31, Alba deu lugar à Adriano e aos 35 minutos o dono do meio-campo Iniesta foi substituído por Samper.
Os minutos finais foram de relativa calmaria, o ritmo do jogo caiu naturalmente e o resultado acabou por ser o esperado. A invencibilidade de seis meses caiu, a muralha da China foi derrubada e o Barcelona se classifica para a final.

Estatísticas que ajudam expressar o que foi o jogo. 17 chances do Barcelona contra apenas 3 do Guanghzou.
Enquanto do outro lado, o River sofreu pra bater o Hiroshima, o time catalão “jogou pro gasto” e se garantiu na final da competição. Essa que acontece no domingo, às 8:30, no estádio de Yokohama.


Por Emanuel Serafim (@EmanuelFSerafim)

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