segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O trabalho em longo prazo venceu

O Atlético-PR do técnico interino Leandro Ávila perdeu mais uma vez. Após derrota por 3 x 0 do América-RN, pela Copa do Brasil, o Furacão teve outra derrota, mas agora diante do Goiás e por 3 x 1. Para a construção deste placar, o time paranaense começou no 4-3-1-2 e o goiano no 4-2-3-1:

Atlético-PR no 4-3-1-2 e Goiás no 4-2-3-1

O processo de reestruturação do Atlético-PR depois da saída de Doriva tem influenciado o time em campo. Do 4-2-3-1 costumeiro do antigo técnico, o Furacão em dois jogos já atuou em dois esquemas diferentes: no 4-2-2-2 na partida contra o América-RN e no 4-3-1-2 contra o Goiás. Além disso, de um jogo para o outro de Leandro Ávila, a equipe teve três alterações e o modo de atuar. Muitas mudanças para pouco tempo de treinamento e de compreensão do novo trabalho técnico.

Contra o Esmeraldinho, o Atlético-PR procurou ser reativo no primeiro tempo inteiro. Neste 4-3-1-2, o posicionamento defensivo era formado pelos três volantes balançando defensivamente de acordo com o lado da bola; Marcos Guilherme também se movendo de acordo com o lado da bola, porém sem tantas funções defensivas e com os dois atacantes marcando as subidas dos laterais. O flagrante adiante mostra o explicado anterior:

Com a bola no lado direito defensivo, Paulinho Dias fez o combate à frente de Sueliton, Deivid e Otávio fecharam o meio, Marcos Guilherme se moveu para o setor da bola e Cléo voltou acompanhando o lateral-direito do Goiás (Reprodução: Sportv/ PFC).

Por não ter nenhumas falhas no sentido tático defensivo da equipe rubro-negra, a equipe alviverde as fez aparecerem.  O Goiás atuou iniciava o seu ataque com os dois meias bem abertos –assim criando corretamente a amplitude do ataque-, e com o desenvolver do ataque, Samuel se movimentava para abrir espaços para as entradas de qualquer um dos três meias esmeraldinos entrarem no espaço vazio.  Nas imagens abaixo, veja a movimentação ofensiva do time goiano:

Pelo Heatmap do atacante Samuel, percebe-se que ele se movimentou por quase todo o campo ofensivo da sua equipe. Além de ter tocado bastante na bola, ofensivamente, este atacante foi importante para todo o seu sistema ofensivo. Veja no flagrante adiante, um dos exemplos de suas movimentações inteligentes:


No flagrante, nota-se Samuel se movendo na diagonal e atraindo a marcação de um dos zagueiros do Atlético-PR. Ao atrair o zagueiro da esquerda, o lateral-esquerdo do Furacão ficou com dois jogadores do Goiás para marcar, Erik e Thiago Mendes. Além da falta de combate no adversário com a bola que o time rubro-negro cometeu, o Goiás conseguiu achar a entrada de Erik no espaço vazio criado por Samuel, pois o lateral-esquerdo do Atlético-PR não o acompanhou (Reprodução: Sportv/ PFC).

Além da criação dos espaços gerados por Samuel, o Goiás sempre iniciava o ataque criando com amplitude e profundidade (aspectos estes demonstrados pelas linhas azuis do flagrante anterior).

Se ofensivamente o Esmeraldino estava organizado para fazer criar espaços, defensivamente, o Goiás não foi tão organizado assim. Como é natural do esquema 4-2-3-1, o posicionamento defensivo da equipe alviverde foi o 4-4-1-1, assim como mostra o próximo flagrante:

Flagrante do Goiás se defendendo com duas linhas de 4. Porém, assim como diversas equipes brasileiras, Esquerdinha marcou mal o setor, pois ele só acompanhava o lateral-direito do Atlético-PR. Pelo flagrante acima, percebe-se Esquerdinha não posicionado corretamente defensivamente e, assim, tendo que correr atrás de Sueliton. Pelo heatmap adiante, nota-se a quantidade de vezes que o Furacão atuou neste setor ofensivo (Reprodução: Sportv/ PFC):

Com Esquerdinha marcando mal o setor esquerdo do Goiás, Sueliton aproveitou e fez com que o seu time tivesse maior quantidade de jogadas pelo seu lado do que o lado esquerdo. O lateral-direito do Atlético-PR foi tão bem que foi ele o responsável pela a única assistência do gol do Furacão. Completando deste modo, a sua quinta assistência no Campeonato Brasileiro de 2014.

Com o término do primeiro tempo com o placar adverso por dois gols, Leandro Ávila voltou para o 4-2-3-1 utilizado pelo Doriva. Porém, assim como seu antecessor, o sistema defensivo do Atlético-PR passou a sofrer com o mesmo mal que Doriva passou durante todo o seu trabalho no Furacão: a falta de noção defensiva de Douglas Coutinho e Marcelo. Com a entrada de Douglas Coutinho, o time paranaense passou a jogar no 4-2-3-1 –assim como mostra a próxima imagem- e ter somente Douglas Coutinho e Marcelo fazendo parte do sistema defensivo quando os laterais do Goiás atacavam:

Com Douglas Coutinho e Marcelo abertos no trio de meias da equipe, freqüentemente no segundo tempo, o Atlético-PR se defendeu desta maneira:

Como Douglas Coutinho e Marcelo só marcavam os laterais adversários, como o Goiás já estava ganhando de 2 x 0 e seus laterais não atacavam mais com tanta freqüência, no segundo tempo, freqüentemente, se viu o Furacão se defendendo no 4-2-1 assim como mostra o flagrante acima. Tamanha facilidade em atacar um sistema defensivo posicionado desta maneira que Thiago Mendes e David foram dois dos três jogadores que mais acertaram passes na partida, com 54 e 48 passes certos respectivamente (Reprodução: Sportv).

Mesmo alterando ofensivamente, a dificuldade em atacar do Atlético-PR era tamanha que, na partida inteira, o time realizou 24 cruzamentos (com 6 certos e 18 errados), ficou com 43,5% da posse da bola, fez 59 lançamentos (28 certos e 31 errados), finalizou 10 vezes (uma certa e 9 erradas) e concretizou somente três viradas de jogo corretas.

Enquanto que o Goiás  fez 11 cruzamentos (3 certas e 8 errados), ficou com 56,50% da posse da bola, fez 52 lançamentos (26 certos e 26 errados, e assim justificando a quantidade de enfiadas de bola longas que o time achava durante a sua ação ofensiva), finalizou 15 vezes (8 certas e 7 erradas) e concretizou 8 viradas de jogo corretas. Enfim, o Esmeraldino jogou.

Com as substituições do segundo tempo, os times pouco alteraram taticamente e, assim, o Atlético-PR manteve o 4-2-3-1 com a entrada de Douglas Coutinho e o Goiás manteve o 4-2-3-1 do início ao fim da partida:

Atlético-PR e Goiás no 4-2-3-1, após as substituições da segunda etapa.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)