Foi
só o primeiro jogo. Assim como o próprio Atlético-MG já conseguiu virar outras
partidas após sair perdendo por 2 x 0, o título ainda está em aberto. Porém
nestes primeiros 90 minutos, o Galo foi mais eficiente nas finalizações e
conseguiu ditar o ritmo por quase todo o jogo. Conquista merecida. Para esta
vitória, o Atlético-MG e o Cruzeiro começaram nos seguintes 4-2-3-1’s:
Atlético-MG
e Cruzeiro no 4-2-3-1.
Início
de jogo no Horto, início do abafa alvinegro. O Atlético-MG começou alterando a
altura da sua marcação entre médio e alto, Luan e Carlos realizando longas
diagonais, Tardelli e Dátolo se alternando na armação e falso 9, Marcos Rocha e
Douglas Santos atacando alternadamente e, por fim, com os dois volantes
apoiando o ataque do Galo. Com a pressão dos jogadores em campo e da torcida
fora dele, o Atlético-MG conseguiu o seu primeiro gol, aos 8 do primeiro tempo.
Início
de jogo e o Atlético-MG alternava o bloco da marcação em médio e alto. No
flagrante acima, nota-se Luan fazendo o bloco subir enquanto que Tardelli,
Dátolo e Carlos subiram juntos e encostaram-se nos passes curtos para frente de
Bruno Rodrigo. Com isto, o zagueiro do Cruzeiro saiu no chutão/ lançamento
(Reprodução: ESPN Brasil).
Para
se defender deste abafa alvinegro, o Cruzeiro se posicionava no 4-2-3-1
defensivamente, com Éverton Ribeiro e Willian só marcando os laterais
adversários, com o time realizando médias perseguições, com a linha defensiva e
a do meio-de-campo próximas, com alta intensidade defensiva e realizando rápida
troca de ação de jogo.
Na
imagem acima, percebe-se a linha defensiva e a do meio-de-campo do Cruzeiro
próximas e sem o balanço defensivo de Willian. Já que este só passava a fazer
parte do sistema defensivo quando o lateral adversário mais próximo, no caso
Marcos Rocha, avançasse. Ainda na mesma imagem, nota-se o Atlético-MG atacando
com alternância dos laterais, Carlos e Luan já tendo realizado as diagonais e
Tardelli e Dátolo próximos para realizarem passes curtos (Reprodução: ESPN
Brasil).
Com
a desvantagem no placar, a Raposa passou a atacar com os laterais
simultaneamente, tendo em Éverton Ribeiro o jogador para armar a equipe, com
Willian e Ricardo Goulart se projetando à frente precocemente e Marcelo Moreno
como 9 móvel. Porém o Cruzeiro não conseguia criar tantas oportunidades de
perigo, pois o sistema defensivo do Galo estava organizado para neutralizar as
principais saídas de bola do adversário.
Através
do mapa de calor acima de Éverton Ribeiro, nota-se o quanto que este jogador
saiu do lado direito ofensivo para atuar no terço central do campo. Este
movimento era para suprir a falta de saída de bola através de Lucas Silva e
Henrique que o Galo fez com o seu sistema defensivo (Fonte: Footstats).
Como
o Atlético-MG passou a marcar no 4-4-2 entre intermediárias, em curta
compactação, com Luan e Carlos só marcando os laterais adversários e como
Tardelli e Dátolo sempre se posicionavam marcando Henrique e Lucas Silva, a
Raposa não conseguia sair do seu campo defensivo com passes curtos. Com isto a
linha defensiva azul-celeste saiu jogando através de diversos chutões/ lançamentos.
E como normalmente o Cruzeiro não costuma fazer este tipo de saída de jogo, a
equipe errou vários lançamentos. Os destaques neste quesito foram Bruno Rodrigo
com seis e Samudio com sete erros.
O
4-4-2 do Atlético-MG compactado em curto espaço e com Luan só marcando Samudio,
em vez de balançar defensivamente para o lado da bola (Reprodução: ESPN
Brasil).
Com
Henrique e Lucas Silva não sendo opções de passes de seus zagueiros, Bruno
Rodrigo e Léo arriscaram diversos lançamentos/ chutões. O erro era provável não
só porque normalmente a Raposa não faz este tipo de saída, mas também porque o
Atlético-MG concentrava seis jogadores contra quatro do Cruzeiro.
Após
os lançamentos errados dos seus zagueiros e o Atlético-MG ter retomado a bola,
a troca rápida de ação de jogo do Cruzeiro aparecia novamente. A alta
intensidade defensiva do quarteto ofensivo e de Henrique e Lucas Silva em campo
ofensivo era rápida e eficiente. Diversas vezes, a Raposa conseguia recuperar a
bola ainda em campo ofensivo e, assim, retomava o seu ataque já mais próximo do
gol de Victor. Porém o modo como o Galo saía para o ataque às vezes atrapalhava
esta retomada azul-celeste.
O
Atlético-MG priorizou o passe curto em todas as ações de jogo ofensivas. Tanto
em ação ofensiva quanto na transição defesa-ataque. Nesta transição, quando o
Galo conseguia sair da rápida troca de ação de jogo do Cruzeiro, o time
alvinegro armava contra-ataques perigosos para a meta de Fábio. Muitas destas
transições ofensivas aconteceram pela faixa central do campo, onde o
Atlético-MG criava superioridade numérica no setor.
Para
sair tocando desde o seu campo defensivo, o Atlético-MG aproximava os
jogadores. Nesta aproximação, a faixa central foi muitas vezes procurada para
realizar o contra-ataque alvinegro. Já que neste setor, assim como está no
exemplo do flagrante acima, Lucas Silva, Henrique e Ricardo Goulart geralmente
não davam conta das aproximações de Dátolo e Tardelli aos volantes alvinegros. Além
destes dois jogadores do Galo, Luan, assim como mostra no frame, também se
aproximava e, assim, em vez do 4 x 3 no setor, gerava-se um 5 x 3 (Reprodução:
ESPN Brasil).
Vendo
que a sua equipe não conseguia sair jogando, no intervalo, Marcelo Oliveira
colocou Nilton no lugar de Lucas Silva. Este novo jogador, na saída de bola
azul-celeste, abria para um dos lados, normalmente para o esquerdo, quando um
dos meias do Cruzeiro recuava para sair jogando. Estas movimentações somadas com as constantes
trocas de posição do quarteto ofensivo da Raposa fizeram o time melhorar no
começo do segundo tempo.
Quando
um dos meias recuava, Nilton abria para um dos lados. Esta movimentação fazia
com que ou Tardelli ou Dátolo não soubesse quem marcasse e, assim, o Cruzeiro
saia jogando com o jogador que estivesse sem marcação. A saída melhorou, mas a
eficiência e a intensidade da Raposa iam diminuindo com o passar do tempo.
Com
o segundo gol do Galo feito aos 13 da segunda etapa, o Cruzeiro partiu para o
ataque menos tático do que estava. Já que a partir deste momento, a Raposa
passou a ter Júlio Baptista e Dagoberto nos lugares de Éverton Ribeiro e
Ricardo Goulart, a rápida troca de ação de jogo foi menos eficiente, o
distanciamento dos setores do time passou a existir em todas as ações do jogo
e, por fim, o sistema ofensivo do Atlético-MG começou a ter mais espaços.
Com
dois gols de desvantagem, o Cruzeiro passou a defender em um 4-2-3-1 ainda mais
espaçado, assim como mostra o próximo flagrante. Porém vale aqui um alento:
como a composição defensiva dos wingers da Raposa era condicionada ao avanço
dos laterais do Galo e como estes laterais passaram a não mais atacar, o time
azul celeste sofreu em campo a consequência da sua marcação pelos lados. Deste
modo, quem passou a aparecer ainda mais neste momento do jogo foram Diego
Tardelli e Jesus Dátolo. Já que após a
retomada de bola do Galo, estes dois jogadores se projetavam próximos para um
dos lados –espaço onde nenhum dos volantes do Cruzeiro estavam posicionados
inicialmente- e partiam frequentemente para cima do lateral da Raposa mais
próximo. Como havia ou Carlos ou Marion –que entrou no lugar de Luan- abertos e
atraindo a atenção de Mayke ou Samudio, estes empurraram os laterais para atrás
e, aos poucos, iam entrando na diagonal. Com este movimento, Carlos e Marion
abriram diversos espaços para Dátolo e Tardelli jogarem.
Sem
Willian e Dagoberto fazendo a composição defensiva pelo lado –já que Marcos
Rocha e Douglas Santos não atacavam mais-, Dátolo e Tardelli aproveitaram
constantemente estes lados do campo, após a retomada de bola do Galo. A
movimentação de Carlos e Marion na diagonal contribuiu ainda mais para estes
jogadores alvinegros terem ainda mais espaços (Reprodução: ESPN Brasil).
Diego
Tardelli aproveitou por diversas vezes este espaço entre um lateral, um volante
e o winger do Cruzeiro –assim como mostra o flagrante acima. Nesta imagem,
Tardelli recebeu a bola após ter se movimentado para este espaço, nenhum
zagueiro da Raposa tendo o acompanhado e porque também Samudio estava
preocupado com Luan e Nilton com Leandro Donizete. Só depois de Tardelli ter
recebido a bola que Nilton e Éverton Ribeiro partiram para combatê-lo (Reprodução:
ESPN Brasil).
O
heatmap de Diego Tardelli evidencia ainda mais a procura deste espaço por este
jogador. Com Dátolo muitas vezes próximo a ele e como o camisa 23 alvinegro
acertou muitos passes (Dátolo com 48 passes certos foi, junto com Douglas
Santos, o jogador que mais acertou passes pelo Galo) e assim dando continuidade
para quase todas as jogadas ofensivas, o Atlético-MG continuava a ditar o ritmo
da partida (Fonte: Footstats).
Porém
como o Galo costumeiramente não ataca sem os seus laterais, a sua transição
defensiva passou a ficar pouco desajustada em campo. Após o quarteto de frente
perder a bola, a linha defensiva e a dos volantes do Atlético-MG não sabiam
como bloquear rapidamente o contra-ataque do Cruzeiro. Mas como o time
alvinegro passou a ter muitos jogadores sem atacar, a retomada da bola
acontecia antes mesmo da finalização na meta de Victor. Era domínio alvinegro.
Na
transição ataque-defesa, o Atlético-MG se perdeu um pouco sem os avanços dos
seus laterais –assim como mostra o flagrante acima. No frame, nota-se Nilton
completamente livre e conduzindo a bola e o quarteto ofensivo do Galo ainda
transitando defensivamente. Mesmo cedendo o início do contra-ataque, a equipe
alvinegra retomava a bola antes mesmo de sofrer uma finalização (Reprodução:
ESPN Brasil).
Com
o controle do jogo pelo lado do Atlético-MG, o placar se manteve 2 x 0, e, assim, o Galo iniciou com vantagem a
final da Copa do Brasil de 2014.
Fim de partida:
Cruzeiro e Atlético-MG no 4-2-3-1.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)